sábado, outubro 18, 2014

Da longa série "o meu favor de hoje é o teu favor de amanhã"

A empresa de Rui Rio não venceu em Julho um concurso limitado lançado para encontrar uma entidade que seleccionasse futuros gestores para parte significativa dos fundos europeus (2014/2020). Mas uma decisão do governo voltou a trazê-la a jogo. Dias depois de ter sido conhecida a decisão do júri, foram modificadas as regras do concurso, e o serviço não só foi adjudicado à empresa que apresentou a proposta mais vantajosa, para não variar, uma empresa do grupo Ongoing, como também à de Rui Rio. São 12 mil milhões. é muito dinheiro. Dá para todos.

Pormenor interessante de mais esta história deste regime de empreendedores, a indicação de alterar o que fora inicialmente solicitado foi transmitida à Agência para o Desenvolvimento e Coesão (ADC), responsável por lançar os concursos, pelo Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, que mantém desde há alguns anos relações políticas com o ex-autarca do Porto. Em 2005, por exemplo, foi indicado por Rui Rio, então presidente da Junta Metropolitana do Porto, para ocupar o cargo de vice-presidente daquela junta. O favor de ontem é a retribuição de hoje. E o favor de hoje será a retribuição de amanhã. Os homens indicados por Rio e pela Ongoing para distribuírem 12 dos 25 mil milhões de fundos comunitários que Portugal receberá entre 2014 e 2020 ficam a dever uma. Pelo menos.