domingo, outubro 12, 2014

Reflexão - Vírus Ébola

A economia política do ébola, por Leigh Phillips.
  • Se as pessoas infetadas pelo virus do ébola fossem brancas, o problema já estaria resolvido. 
  • Quando em 2009 ocorreu um acidente num laboratório de investigação alemão, os canadianos acudiram prontamente com uma vacina contra o ébola. Por que motivo não se fez o mesmo em relação à África ocidental? O ébola é um problema que não está a ser resolvido porque há poucas hipóteses de fazer dinheiro com a sua cura. É uma doença que não dá lucro.
  • Cerca de 3.400 pessoas morreram desde que o ébola foi identificado pela primeira vez em 1976. As grandes farmacêuticas sabem que o mercado para combater o ébola é pequeno e os custos para desenvolver o tratamento ainda são enormes. Por isso, há muita gente a dizer para não dedicarmos tanta atenção a esta doença que mata muito menos do que, por exemplo, a malária (300 mil desde o início deste surto do ébola) ou a tuberculose (600 mil).
  • O National Institute of Allergy and Infectious Diseases desenvolveu uma vacina contra o ébola mas nunca conseguiu financiamento para o lançar no mercado. As grandes farmacêuticas foram, como sempre, forretas, porque sabem que teriam que investir muito para um produto que só é aplicado de 30 em 30 ou de 40 em 40 anos quando há surtos e não morre muita gente nesses surtos e, por isso, as grandes farmacêuticas não iriam ganhar muito com o produto. “Isto é a bancarrota moral do capitalismo perante a ausência de uma base ética e social”, disse, a propósito, John Ashton, presidente da Faculdade de Saúde Pública do Reino Unido.
  • A grande indústria farmacêutica não está disposta a investir centenas de milhões de dólares num produto que poucas pessoas vão tomar meia dúzia de vezes. Preferem investir em produtos altamente lucrativos destinados a serem tomados para tratar doenças crónicas como diabetes, asma e cancro e que obrigam os pacientes a consumi-los diariamente até ao fim das suas vidas.

Entretanto, já há, pelo menos, 5 empresas, a faturar à grande neste ambiente de pânico generalizado.
Outra começou a trabalhar a contra-relógio para produzir uma droga que possa ainda vir a ser testada durante este período de alarmismo. Tudo com o apoio da Bill and Melinda Gates Foundation, segundo o insuspeitíssimo Wall Street Journal.