sábado, novembro 15, 2014

CELEUMA DAS TAXAS E TAXINHAS

Vamos lá ser honestos: É um euro por dormida que vai fazer o viajante pensar duas vezes antes de decidir visitar Lisboa? Não, não é. Um euro não é nada, sobretudo para esses ricalhaços desses estrangeiros. Sim, porque nós com um euro casávamo-nos.
Sucede que o problema não está no euro, mas nesta maneira de pensar (ler como o ministro da Economia)… nesta maneira de pensar… que consiste nomeadamente em aproveitar este crescimento do turismo… para ir ao bolso do turista, para ir ao bolso do turista.
Em teoria, também nada contra, pois se o turismo cresce, os preços devem acompanhar a subida. É a lei da oferta e da procura na sua mais perfeita demonstração. Acontece porém, que se a malta abusa e começa tudo a pôr o seu “euro” no preço, não tarda estamos outra vez a pedir turistas a Nossa Senhora.
O presidente da Câmara de Lisboa lembra-se de pôr um euro nas dormidas. O presidente da Carris lembra-se de pôr dois euros no eléctrico. O senhor do café lembra-se de pôr cinco euros na garrafa de água. Quando vamos ver, visitar Lisboa é tão caro quanto visitar Paris.
É claro que manda o patriotismo dizer que vale mais a pena visitar Lisboa do que Paris, mas a vida é como é e se forem as duas ao mesmo preço, o presidente da Câmara de Lisboa vai ter de passar a oferecer dez euros por dormida em vez de cobrar um.
É simples. Se os Audis custassem tanto como os Bugattis, andava tudo de Bugatti, até mesmo famílias numerosas.
Isto sem prejuízo – repito mais uma vez – da nossa amada pátria ser a coisa mais bela que existe, mas é preciso é convencer o turismo internacional disso e só agora se está a conseguir graças a três coisas: oferta, preço e segurança.
A segurança, em princípio, vai manter-se. Não se espera que alguém bombardeie isto, a menos que um piloto russo – desses que nos sobrevoam – se engane e abra a mala das bombas em vez da chauffage.
A oferta também deve continuar a aumentar, sobretudo ao nível dos tuk tuk. Longe vai o tempo em que o problema de Lisboa eram os pombos. Agora são os tuk tuk. Felizmente também se resolve com picos.
Relativamente ao preço é que a coisa pode vir a complicar-se, pois já está tudo em filinha para pôr o seu “euro” na conta. Um euro não chateia ninguém, dizem, mas um euro aqui, um euro ali e o turista acaba com os olhos em bico. Talvez a ideia seja mesmo essa: promover os vistos Gold. A verdade é que para ter o visto só precisa que a pessoa que o atribui não esteja na prisão e de adquirir um imóvel de valor superior a 500 mil euros, ou seja, o mesmo que dentro de muito pouco tempo deve estar-se a pagar por uma semana em Lisboa, só em taxas e taxinhas. Compensa, portanto, pedir logo o visto. Tipo forfait.