O seleccionador nacional treina os jogadores. E quem é que treina o seleccionador nacional? Não é por nada, mas ele fala nas conferências de imprensa como se estivesse a comer caracóis. E atenção que eu não tenho nada contra comer caracóis. Mas então ponham-lhe um prato à frente e uma cerveja.
E anuncie-se não uma conferência de imprensa, mas uma caracolada. “Caracolada da selecção portuguesa às 18 horas” e pronto, assim já ninguém vai ao engano. Já estou a imaginar a equipa da Skysports a correr com os tarecos pelos corredores do hotel para não perder nada da caracolada.
O caso é tão grave que, durante as conferências, quando o seleccionador pára um bocado para pensar, chega a pensar-se que ele vai pedir o picante.
Dirá o leitor menos comichoso que é um bocado indiferente a postura do seleccionador nacional, é preciso é que ele meta os jogadores a jogar. Bom, desde logo, não é “jogadores”. É gajos. E parece que se não jogarem, então usam um pau, que também serve.
“Isso são figuras de estilo”, continuarão os leitores menos comichosos. Pois claro. E há umas semanas, no Algarve, o autocarro da Arménia ter demorado 40 minutos a fazer um percurso de 10 e mesmo assim ter ido parar a um descampado, também deve ter sido uma figura de estilo.
Enfim, creio que se podia arranjar um treinador para o seleccionador nacional, porque a imagem da equipa também conta. Uma equipa com ar profissional já entra a ganhar. Uma equipa com ar tosco já entra a envergonhar. Depois é a Lei de Murphy.
