terça-feira, novembro 11, 2014

Mas qual prisão, pá!

Estavam todos entusiasmadíssimos, com os bolsos a rebentar de notas e as propriedades cheias de casas e de hotéis, sentados à frente do tabuleiro do monopólio. O Zézito jogava de rosa, o Pedrito de laranja, o Ricardo de verde, o Paulo de azul submarino, o José Manuel de azul às estrelinhas amarelas, o Santanita de cor de euromilhões mesclado de lotaria, o Carlos de cor de regulador quando calha. Nisto, o Ricardo lança os dados e sai-lhe a fatídica carta: “Vá para a prisão. Vá directamente para a prisão sem passar pela casa da partida”. A notícia, entretanto, chegou aos jornais: “Uma auditoria encomendada pelo Banco de Portugal mostra que, já depois de receberem ordem de saída da Administração do BES,  "Ricardo Salgado e a sua equipa fizeram gigantescas transferências de dinheiro para fora do banco através de quatro sociedades offshore” com sede nas ilhas britânicas do Canal da Mancha”. O Ricardo levanta-se e diz: “mas qual prisão, pá, qual prisão?” Entreolharam-se todos, em pânico. Sabiam-no bem. O Ricardo tinha-os a todos na mão, era o dono do jogo. Se o Ricardo fosse para a prisão, iriam TODOS para a prisão. Bastar-lhe-ia pôr a boca no trombone e a brincadeira acabaria nesse preciso momento. Puseram-se de acordo em fazer batota. O Ricardo não foi para a prisão. Ninguém foi para a prisão. E lá continuaram a jogar, sossegadinhos, os nossos ricos meninos.

DAQUI