domingo, novembro 09, 2014

Para memória futura: a instabilidade da "estabilidade política"

A instabilidade da "estabilidade política", uma lei eleitoral que fixa o calendário eleitoral e um Presidente que nela se refugia travestido de legalista empedernido para se demitir do seu dever constitucional de garante do regular funcionamento das instituições democráticas. Cavaco acaba de garantir a sétima vida a um Governo com o prazo de validade largamente excedido. As próximas eleições legislativas serão "na data fixada na lei eleitoral", ou seja, "entre 14 de Setembro e 14 de Outubro. Ponto final." A "estabilidade política" tem destas coisas. Um dia haveríamos de ter um Governo e um Presidente que arrasassem o mito milhares e milhares de vezes buzinado segundo o qual não há nada pior do que instabilidade política. As maiorias absolutas são mesmo perigosas. A nossa democracia necessita de um mecanismo que conceda aos cidadãos a possibilidade de, entre eleições, retirar a confiança política e abreviar o mandato a quem, como Cavaco, como Passos e como Sócrates, tanto façam por desbaratá-la. A caça ao voto não pode continuar a ser o modo de vida dos mais refinados aldrabões.

DAQUI

P.S. A grande questão que o autor do texto não quer de todo "ver" é que esta democracia não admite nem nunca irá admitir esse tal mecanismo...Só com outra democracia exercida de modo directo e não pela claque política ou como diz o autor do texto e correctamente por "refinados aldrabões"!