Isto das comissões de inquérito ao caso BES é como entrar no quarto, apanhar a mulher na cama com outro e perguntar: “o que é que se passa aqui?”. É evidente o que é que se passa ali. Como também é evidente que todos podem explicar tudo e nunca é nada do que nós estamos a pensar.
No caso das comissões parlamentares de inquérito o caso é ainda mais ridículo, pois o poder político também andava metido debaixo dos lençóis. Portanto, estamos perante um ménage em que uma das partes levanta-se e pergunta “o que é que se passa aqui?”, como se tivesse perdido a memória na sequência de uma joelhada.
O povo, nesta história, é a governanta, que entretanto também entra no quarto, apanha mais um choque, “ai, que pouca vergonha”, e volta a sair, porque não precisa de ver mais nada.
Então o que é que se pode esperar de mais uma comissão parlamentar de inquérito a um escândalo financeiro? Basicamente, é que os escândalos financeiros continuem a ocorrer alegremente como se não tivesse existido uma única comissão parlamentar de inquérito.
