quinta-feira, dezembro 11, 2014

Era uma vez mais um banco

A família troika encontrou-se ontem com a família Espírito Santo no Parlamento e o espectáculo não foi muito diferente do habitual. De quem foi a culpa? Para não variar, a culpa foi do outro ramo da família. Não faltou sequer aquele “mais tempo e mais dinheiro” que esta malta que vive do dinheiro dos outros tanto gosta de chutar para o ar para dar vida ao morto que lhes garante poder e fortuna. E a culpa dos milhares de milhão que desapareceram para bolso oficialmente incerto acabou por voltar a não ser de ninguém. Não foi do Governo que nacionalizou mais um buraco escavado impunemente pela ganância da delinquência banqueira. Não foi de um regulador que voltou a mostrar que apenas gere aparências e não regula porcaria nenhuma. Não foi da cleptocracia angolana, com quem a família troika e as famílias banqueiras mantêm subserviências que há que manter custe o que custar porque apenas envergonham quem não enriquece à sua sombra. Não foi de nenhum dos ramos da família Espírito Santo porque ambos os ramos da família troika não estão mesmo nada interessados em revelar as proveitosas relações submarinas que durante três décadas mantiveram com a primeira: se vocês revelarem as nossas, nós revelamos as vossas. E o povo é quem mais ordena. Não aconteceu nada de tão grave assim ao ponto de fazer o ex-dono disto tudo perder aquela pose de soberano com a fortuna a salvo numa ilha com palmeiras e com tranquilidade suficiente para dizer que o dono disto tudo é o povo português. Bem vistas as coisas, um povo que não consegue organizar-se para usar a democracia de forma a retirar o poder à família troika, um povo que já pagou dois bancos mas que aceita pacificamente que o sector financeiro não seja nacionalizado e continue em mãos de outras famílias ilustres, um povo que nem sequer exige que seja vedada à banca comercial a transacção de lixos financeiros é um povo que apenas manda aquilo que o mandarem mandar. Um leopardo quando morre deixa a sua pele, um banqueiro quando cai deixa o seu calote, um Governo quando parte deixa lugar para outro igual. O soberano sabe que a oligarquia pode continuar a dormir descansada.

DAQUI