domingo, dezembro 14, 2014

Os primos são uma chatice mas são a nossa família

Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi, colher de prata no nascimento, primos direitos, dez anos de diferença, ambos administradores das casas da família, entretiveram o país com uma quezília para dentro da qual, por uma vez, o povo conseguiu espreitar – e como se deliciou. Coisas de primos.
Queiroz Pereira veio logo acrescentar com bonomia o picante dos bolos daquelas tias, labutando noite fora, “para restaurantes”. Ele conhece bem a família. O avô, Carlos Pereira foi o principal accionista do Banco Comercial de Lisboa, de cuja fusão com o BES, em 1937, resulta o BESCL, mais tarde de novo BES, e o seu filho Manuel Queiroz Pereira, primo por afinidade de Marcello Caetano, continuou a aliança. Pedro Queiroz Pereira, o herdeiro, viria a desfazê-la em 2013, porque Salgado se tentou aliar com as suas irmãs para lhe ficar com a empresa, a Semapa. Coisas de primos por carteira.
Foi sempre assim, a história do século XX e XXI é uma história de primos havidos e desavindos nas melhores casas. A começar pelos capitães da indústria: Alfredo da Silva tinha uma única filha, Amélia, e casou-a com Manuel de Mello, filho de uma Lima Mayer e de Jorge de Mello, conde do Cartaxo. De seguida, veio António Champalimaud casar-se com a filha de Amélia e Manuel, mas depois os Mello e os Champalimaud zangaram-se. Os filhos de uns e outros são os primos Mello e Mello Champalimaud. Coisas da família.