domingo, janeiro 18, 2015

CONFUSÕES DA CRISE

Nos dois anos após a morte de Robert Kurz, a crise do capital mundial por ele analisada e prognosticada há já 28 anos (1) agudizou-se ainda mais, sendo assim percebida por um público mais amplo, embora por regra de maneira equivocada, ignorando as verdadeiras causas. Isso aconteceu em particular no ano de 2014, não só pela lembrança dos desastres, 100 anos após a eclosão da I Guerra Mundial, 75 anos após a eclosão da II Guerra Mundial e 25 anos após o colapso do bloco de leste e o fim da chamada concorrência entre sistemas.

No seu artigo de fundo sobre a passagem de ano, a redacção da SPIEGEL (2) mostra preocupação com o facto de 2014 poder vir a revelar-se retrospectivamente – como aconteceu com o ano de 1989, apenas de modo completamente diferente do que então se pensava – como um "ano charneira" da história mundial, nomeadamente em que se terá iniciado o fim "do Ocidente" e do seu "projecto normativo de democracia, Estado de direito, direitos humanos e liberdade". O Ocidente, em 2014, terá sido posto na defensiva: "Este ano as democracias foram tão desafiadas como há muito não acontecia, por pensamentos e acções autoritários e intolerantes, tanto externa como internamente."