quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Lisboa, uma cidade que é uma zona piloto

A Câmara de Lisboa aprovou hoje uma proposta que permite às motas circularem na faixa BUS. Numa situação normal, as motas passariam a circular na faixa BUS, mas ao que parece, com a aprovação de hoje, inicia-se apenas um estudo de viabilidade do projecto, para o qual será criada numa primeira fase uma zona piloto.
Os norte-americanos foram mais rápidos a pôr um indivíduo na Lua. Uma pessoa pensa que se aprovou uma coisa de jeito, mas afinal parece que se aprovou apenas uma coisa sujeita a estudo prévio de viabilidade. E vá lá que a zona piloto é numa rua de Lisboa, pois tanta ciência poderia fazer crer que iam estudar a solução para um parque fechado no interior do país, com a presença dos maiores especialistas internacionais em circulação de motas pelos corredores BUS.
E por falar em especialistas internacionais, a primeira coisa que ocorre ao darmos conta deste verdadeiro quebra-cabeça para Lisboa que é pôr as motas no BUS, é que já haverá cidades no mundo que adoptaram esta medida, pelo que qualquer estudo prévio estaria mais do que feito. Bom, lendo o Observador, constato que nem é preciso sair do país. Basta ir ao Porto para ver motociclos no corredor BUS.
Então, resumindo, a Câmara Municipal de Lisboa, para adoptar uma medida muito simples e já amplamente estudada e experimentada, aprovou hoje uma proposta que irá permitir a abertura de um longo estudo de viabilidade, durante o qual se fará uma experiência através de uma zona piloto, para então depois, se correr tudo bem, se aplicar a medida a toda a cidade. Não sem antes – cuidadinho – obter os doutos pareceres das autoridades todas, nomeadamente a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e o Instituto da Mobilidade e dos Transportes – que pelos vistos já não é Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres é só dos Transportes e qualquer dia será só Instituto da Mobilidade e entretanto gasta-se em cartões de visita mais do dobro do que se devolveu agora ao FMI.
Mas enfim, só então, e se não houver mais nenhuma autoridade para dar pareceres, se estiver tudo certinho, se nenhum motociclista tiver sido entalado entre dois autocarros e se as entidades não levantarem questões pertinentes que obriguem à extensão do estudo de viabilidade, só então é que as motas vão poder circular no BUS.
A verdade é que já é um milagre a câmara de Lisboa não estar ainda a concluir estudos de viabilidade da circulação de naus pela margem esquerda do Tejo. Pelo menos já estão a trabalhar em veículos contemporâneos.