sábado, fevereiro 14, 2015

Toma lá 1.800.000

O que esperar de uma governação PS, continuação. Se um perdão de 1,8 milhões em taxas devidas pelo Benfica à Câmara Municipal de Lisboa é indecorosa, e indecorosa não pelo tal "momento que o país atravessa", antes pela arbitrariedade que encerra, a justificação não o é menos. Diz o autor da proposta que ela faz sentido porque estão "permanentemente a aprovar subsídios para instituições que fazem o que o Benfica faz”, referindo-se às modalidades amadoras e ao papel social relevante da Fundação Benfica, e isto dito depois de ter sido obrigado a retirar da proposta inicial idêntica isenção ao negócio imobiliário do Benfica ,  de não ter feito o mesmo à isenção que será concedida ao negócio da Benfica TV e de ter concedido a privados a exploração de várias infra-estruturas desportivas por alegadas insuficiências financeiras.
Se a vereação PS entendesse por bem subsidiar as modalidades amadoras do Benfica e as actividades da sua fundação através de critérios objectivos e nos mesmos moldes em que o faz com colectividades e fundações congéneres, e se não o faz passa por saberem que o valor dos subsídios assim concedidos não chegaria nem a um quinto dos 1,8 milhões desta borla, seria uma opção política, criticável como todas, mas que se entenderia perfeitamente. Fazendo como o fez, esqueçam lá esses 1,8 milhões de euros porque vocês são o Benfica, é fazer exactamente o mesmo que os últimos governos PSD e PS têm feito com os perdões fiscais concedidos aos amigos Salgado que põem o seu a salvo do fisco em paraísos fiscais e com as isenções, primeiro total e depois a 50%, que concederam aos fundos imobiliários da banca do pagamento de IMI que cobram aos cidadãos até ao último cêntimo de uma exorbitância cada vez maior.
Do Costa autarca que perdoa 1,8 milhões ao amigo Luís Filipe Vieira e fecha a principal artéria da cidade para proporcionar um "piquenicão" de três dias ao amigo Belmiro apenas se pode esperar que faça bastantes mais amizades caso lhe dêem asas para ser Primeiro-ministro. O poder tem o condão de revelar vícios desconhecidos, não o de regenerar vícios conhecidos. Os do Costa e os do PS conhecemo-los bem, não fazem segredo. A folga é tanta que Nem se dão ao trabalho de disfarçar.