segunda-feira, março 16, 2015

Da série "gosto muito de os ouvir falar"

O mundo nunca mais foi o mesmo depois de Cavaco Silva ter incluído no perfil do Presidente da República ideal um domínio dos assuntos de política externa pelo menos igual ao seu. Depois do bailado dos últimos dias interpretado em bicos de pés por Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Santana Lopes, temos hoje mais um recital de alguém que, embora não sendo candidato, demonstra ter tais atributos. Trata-se do jovem Comissário Europeu Carlos moedas que, em entrevista à TSF, diz que os gregos têm de aprender que, nos processos negociais na Europa, «é melhor fazer do que falar, e quanto mais se fala, menos se consegue, e quanto menos falamos e mais trabalhamos, melhor nos portamos»; aquilo que conta na Europa, prossegue Moedas, «é o que fazemos, e não aquilo que falamos, ou as entrevistas que damos, ou o quanto nos queixamos». Temos homem. Não vale a pena comentar o que Portugal tem conseguido ao fazer como diz, não há palavras que consigam contrariar a destruição do país em todos os aspectos que vem retratado nas estatísticas, mas confesso que gostei particularmente daquela parte em que o entrevistado se refere à inutilidade das "entrevistas que damos", um gesto cheio de humildade e de humor. É que parece que os especialistas do serviço científico do Parlamento alemão acabam de pronunciar-se sobre o direito da Grécia vir a ser ressarcida pela destruição do país durante a ocupação nazi na segunda guerra mundial. E deram razão à coragem do novo Governo grego, não à subserviência premiada que vai proporcionando carreiras fulgurantes aos Moedas desta vida. E não, eles não são mais alemães que os próprios alemães. Os videirinhos têm em ambição o que lhes falta em escrúpulos e em vergonha.

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