quinta-feira, março 19, 2015

Dêem-me uma guerra e faço crescer o PIB

Há um grupo actual não tão minoritário de proletários – os que só têm a sua força de trabalho para vender, 90% da população portuguesa porque não têm outras formas de sustento, rendas, juros ou lucro – que nem assalariado em más condições é. Foi antes expulso da produção, sem bilhete de retorno. Colocados ora no assistencialismo, ou sobrevivência limite com baixas reformas, ou a vegetar de forma desumana sem conseguir sair de casa, ou mesmo na mendicidade. Caso dos operários muito pouco qualificados – construção civil. Caso também dos trabalhadores com mais de 45 anos com menos do 6º ano de escolaridade – o grande movimento de saída do mercado de trabalho tem sido este, saída dos menos qualificados que tinham direitos para que entrem no seu lugar licenciados precários. E ainda um sector, por quantificar, de licenciados que entra com pouca regularidade no mercado de trabalho e vai perdendo qualificações, porque se desmoraliza, ou vai perdendo capacidade produtiva – conhecimento – face aos que lá se mantêm mais tempo. Caso também ainda de pequenos produtores ou donos de empresas familiares arruinadas. São todos eles excluídos. Que dizer de um governo de um país que opta por uma economia que assim exclui milhares de pessoas do direito à sobrevivência, e que no fim apresenta-se como estando a “sair da crise” porque o PIB teria crescido? Dêem-me uma guerra e faço crescer o PIB, disse alguém por aí um dia.

DAQUI