quarta-feira, abril 22, 2015

Terceirização, a impossível saída para crise

“Nos Estados Unidos apenas três em cada dez trabalhadores são necessários para produzir e disponibilizar os bens que consumimos. Tudo o que extraímos, cultivamos, projetamos, construímos, elaboramos, fabricamos e transportamos - da preparação de uma xícara de café na cozinha de um restaurante a levá-la à mesa do cliente - é realizado por cerca de 30% da força de trabalho do país.  

Os demais 70% de nós passamos nosso tempo planejando o que fazer, decidindo onde instalar as coisas que produzimos, realizando serviços pessoais, conversando uns com os outros e mantendo controle sobre o que está sendo feito, para que saibamos qual é o passo seguinte. E, no entanto, apesar de nossa evidente capacidade para produzir muito mais do que precisamos, não parecemos ser abençoados com superabundância. Um dos grandes paradoxos de nosso tempo é que trabalhadores e famílias de classe média continuam a viver em dificuldades numa época de abundância sem paralelos. (J. Bradford DeLong, professor de Economia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e pesquisador associado do Birô Nacional de Pesquisa Econômica)”.

O que primeiro salta aos olhos nesta constatação é a relação entre trabalho produtivo e improdutivo. Quando o autor afirma que só 30% dos trabalhadores americano produzem o que é consumido no País, desde a extração da matéria prima até o produto final, inclusive o transporte e os serviços relacionados com o consumo desses produtos, não sabe, no entanto constata o que Marx chamava de trabalho produtivo, relacionado com a geração de mais-valia na produção de mercadorias enquanto valor. Podemos dizer que os demais 70% dos trabalhadores a que se refere, estão gastando suas energias em trabalho improdutivo, necessário ao funcionamento do modo de produção capitalista – uma empresa perderia o controle de sua produção e finanças, e provavelmente ira à falência se não contabilizasse entradas e saídas -, mas que não gera mais-valia, ao contrário é um “estorvo” à acumulação de capital.