quinta-feira, maio 21, 2015

As mulheres não precisam de quotas

O PS levantou hoje mais um bocadinho do véu sobre suas propostas. Uma delas passa por estabelecer uma quota de 33% de mulheres na administração de empresas cotadas em Bolsa. Nestas coisas, a esquerda é sempre muito fofa.
Na verdade, esta proposta e propostas deste tipo são um escândalo. Um escândalo a vários níveis.
Desde logo, trata-se do Estado a dizer como devem ser os administradores das empresas, quando essa escolha deve pertencer única e exclusivamente aos donos das empresas. O Estado só tem de ver se não são bandidos, pois compete-lhe metê-los na cadeia. Mas o Estado não deve escolher administradores, nem sequer o seu sexo, sendo que pouco faltará para opinarem também sobre com quem têm sexo, altura em que se decretarão quotas para homossexuais na administração das empresas.
Porém, este ponto de vista do empresário ainda é o menor dos problemas. O grande escândalo, na minha opinião, é a enorme vergonha que estas propostas são para as mulheres. Não falta mérito às mulheres para alcançarem os mais altos cargos, seja no Estado, seja na economia. Uma imposição de quotas retira-lhes por decreto esse valor que foi alcançado por mérito próprio, sem quotas, sem cunhas, sem compaixão política.
Num regime de quotas, é legítimo perguntarmo-nos, perante uma mulher no poder, se não chegou lá pelas quotas. Ora, isso é terrivelmente injusto e horrorosamente machista. O homem alcança sempre o poder por mérito. Já a mulher pode ser por uma quota. Ficará sempre essa dúvida, na melhor das hipóteses, pois haverá casos em que nem existe qualquer dúvida. O que nos permite questionar: Qual será o papel de uma mulher num conselho de administração, quando os seus pares – os homens – bem sabem que ela está lá para preencher a quota, ou seja, cumprir a lei?
Uma vergonha para as mulheres, repito. Hoje as mulheres comandam e lideram nas mais diversas áreas. Na Ciência, na Medicina, na Educação, na Economia, no Direito, na Justiça. Se a presença delas na administração das empresas cotadas em bolsa não é tão forte como deveria ser, é uma pena para a administração das empresas cotadas em bolsa, que provavelmente seriam mais bem servidas, mas esse é um problema dos seus accionistas.
Não deverá ser seguramente pelas opções machistas de colégios de monos, que vão continuar a olhar para as mulheres como sempre olharam, independentemente de serem obrigados a sentá-las ao seu lado, que a sociedade vai retirar o mérito, injusta e transversalmente, a todas as mulheres, particularmente às que se recusam a preencher quotas.