sexta-feira, maio 15, 2015

Portugal for sale: uma colónia do mundo

Demoraram os sacrifícios de várias gerações a construir. Já foram não apenas os maiores, também os melhores empregadores do país. Até que foram privatizadas, apesar de operarem em mercados que correspondem  a monopólios naturais onde a ausência de concorrência produz rendas garantidas e não lucros, uma confusão conveniente para transformar a intolerância ao parasitismo em aplausos a uma eficiência alegadamente de mercado feita de reciprocidades com dois mais um partidos  que se revezam no poder, de tarifários que figuram no top de todos os rankings europeus, de precariedade laboral e de salários de fome. As maiores empresas do nosso PSI-20 vive dessa “eficiência”. Há dias, destaquei aqui o destino dado por este parasitismo aos muitos milhões que resultaram da redução da tributação em IRC que o seu braço político lhe ofereceu com o argumento de que tal generosidade iria fazer aumentar o investimento e o emprego. Em vez de investimento e de emprego, o parasitismo teve mais dinheiro para distribuir em dividendos, que aumentaram quase 10% em ano de redução de lucros. Há quem defenda que primeiro há concentração de riqueza e que só depois é que aparece o tal investimento que cria emprego. Mas hoje soubemos que um em cada 3 euros daquela riqueza que deixou de ser redistribuída via impostos para ser distribuída em dividendos é “exportada” da colónia Portugal para metrópoles como a China, os Estados Unidos e Angola. A riqueza foge para longe. E há mais metrópoles na fila. O Grupo Barraqueiro, participada da multinacional Arriva, detida a 100% pela alemã Deutsche Bahn, prepara o assalto à Metro de Lisboa – no do Porto também já lá estão – e à Carris. E o Governo já assumiu que quer vender a TAP pelo preço que seja a quem seja em nome do interesse nacional. Falta privatizar a água e pouco mais. Depois não há mais luvas para ninguém. Pelo menos no que toca a vendas. Um dia haveremos de saber quem e quanto enriqueceu à pressa na pressa de tantos negócios. Mas já será tarde. Já é. Quer dizer... Os partidos que venderam Portugal ao desbarato somam e seguem destacados na liderança das intenções de voto dos portugueses. Uma paz social quase absoluta reina nesta colónia do mundo.

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