terça-feira, junho 09, 2015

O último acto da Europa?

Este texto de Joseph E. Stiglitz, muito crítico em relação ao futuro provável da União Europeia e do euro, ganha uma acuidade especial no início desta nova semana, na qual se esperam mais desenvolvimentos, talvez graves, do caso grego.
Os líderes da União Europeia mantêm um jogo de diplomacia arriscada com o governo grego. A Grécia acedeu a mais de metade dos pedidos dos seus credores, mas, apesar disso, a Alemanha e outros continuam a exigir que adira a um programa que já provou ser um fracasso e que poucos economistas acreditaram alguma vez que pudesse, viesse, ou devesse ser implementado.
A mudança na situação fiscal da Grécia, que partiu de um grande défice primário e chegou a um excedente, quase não teve precedentes, mas a exigência de o país alcançar um excedente primário de 4,5% do PIB foi injusto. Infelizmente, na altura em que a troika (Comissão Europeia , Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) incluiu pela primeira vez este pedido irresponsável no programa financeiro internacional para a Grécia, as autoridades do país não tiveram outra hipótese que não fosse aceitá-lo.
A loucura de prosseguir neste programa é particularmente grave agora, dado o declínio de 25% no PIB, que a Grécia sofreu desde o início da crise. A troika avaliou mal os efeitos macroeconómicos do programa que impôs: de acordo com as previsões publicadas, acreditou que, cortando salários e aceitando outras medidas de austeridade, as exportações gregas aumentariam e a economia regressaria rapidamente ao crescimento; acreditou também que a primeira reestruturação da dívida levaria à sustentabilidade da mesma.

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