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segunda-feira, maio 16, 2011

Seis por cento

No início desta semana, um senhor engravatado anunciou solenemente os juros que o «resgate» português irá custar ao País: «entre 5,5 e seis por cento, mas nunca atingindo os seis por cento», informou ele em nome da Europa que por aqui manda e num tom que sugeria estarmos a ser alvo de grande favor.

Ainda bem que o sugeriu, porque não se percebe onde raio está o «favor» de arrochar um país sob uns juros de 6%, quando a prática corrente dos empréstimos estatais anda pelo 1% de juros, tal como é do conhecimento de qualquer merceeiro que juros acima dos 2% inviabilizam a recuperação da economia mais pintada.

Entretanto, 6% aplicados a 78 mil milhões de euros dá um lucro brutal aos emprestadores (35 mil milhões de euros, a pagar em sete anos), que além disso reservam antecipada e expressamente cerca de um terço dessa gigantesca verba para os «bancos locais» (e sem juros), pelo que se impõe perguntar para que serve, afinal, este empréstimo leonino.

Serve, de certeza, os bancos e banqueiros envolvidos na operação, a começar nos que emprestam e desembocando nos que recebem os empréstimos.

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