A obra da poetisa será estudada somente até ao 9º
ano, desparecendo a sua poesia dos programas de português do 10º e 11º anos
O corpo de Sophia de Mello Breyner Andresen está desde a passada
quarta-feira no Panteão Nacional. A honra, concedida a poucas figuras da
história nacional e aprovada por unanimidade pela Assembleia da República, vem,
no entanto, acompanhada da saída da sua obra dos programas curriculares de
português do ensino secundário, para o ano lectivo de 2015/2016.
A situação que já tinha sido lamentada pelos filhos da escritora,
foi confirmada esta quinta-feira à TSF, pela Associação dos Professores daquela
disciplina.
Segundo a presidente da associação, Edviges Ferreira, a obra da
poetisa será estudada somente até ao 9º ano, desparecendo a sua poesia dos
programas de português do 10º e 11º anos.
Miguel Sousa Tavares chegou a sublinhar à margem da cerimónia de
trasladação do corpo de Sophia de Mello Breyner, que decorreu no passado dia 2
de Julho, que para a homenagem ser completa, a obra da sua mãe devia ser
estudada nas escolas.
«A grande homenagem agora seria que os professores de Português
dessem a obra da minha mãe nas escolas, para que as crianças vejam o que é um
português bonito, bem falado, em ‘desacordo’ ortográfico e um português que as
pessoas entendem que formou gerações a ler», afirmou aos jornalistas.
Mesmo antes da cerimónia a irmã do jornalista Maria Andresen tinha
manifestado a sua insatisfação por ver parte da obra da escritora de fora do
ensino do Português. "Retiraram a poesia da minha mãe dos currículos
escolares para lá colocarem poetas menores, considero mesmo que há uma
tentativa subterrânea para a obliterarem. Ainda recentemente um poeta português
foi galardoado com o prémio Rainha Sofia e não houve por parte dos media uma
única referência ao facto de a minha mãe ter sido a primeira portuguesa e a
primeira mulher a recebê-lo...", afirmou, em declarações ao “Diário de
Notícias”.