Medo do escuro (I)

Existem vários medos que uma pessoa pode ter. Muitos desses medos estão relacionados com o desconhecido. Iluminar a escuridão da noite pode muito bem ter sido, para além de manter o precioso fogo aceso, uma forma de afugentar predadores desenvolvida pelos nossos antepassados. Não se sabe o que o escuro pode esconder ou, na perspectiva dos nossos antigos predadores, que refeição espera por nós, cega pela noite.Portanto a ausência de luz e a ignorância associada suscitam medos nos seres humanos. Curiosamente, este tipo de medos pode levar a que as pessoas tenham medo da própria luz, sem o saberem.A luz é um fenómeno electromagnético. São perturbações eléctricas e magnéticas que se propagam no espaço sob a forma de ondas, um pouco como as ondas na superfície de um charco e um pouco como o som, apesar de terem várias diferenças. No caso do som, são perturbações na pressão atmosférica que fazem o ar mover-se para a frente e para trás. É isso que acontece quando se toca um tambor - a pele move-se aumentando e diminuindo a pressão à sua frente. Se atirarmos uma pedra para um lago, vemos a superfície da água oscilar para cima e para baixo. As folhas à superfície não saiem do sítio e limitam-se a subir e descer com a mesma frequência das ondas. Enquanto não há deslocamento da folha, ou seja, transporte de matéria, a onda propaga-se. Durante uma oscilação da folha a onda percorre uma distância a que se dá o nome de comprimento de onda. Como a frequência da onda está relacionada com o tempo que passa entre essas duas oscilações, é assim possível conhecer a velocidade da onda.Com as ondas electromagnéticas acontece algo de semelhante. Têm também uma frequência e um comprimento de onda. No vácuo, a velocidade de todas as ondas electromagnéticas é a mesma: 299792 km/s. O que significa que a uma dada frequência corresponde um só comprimento de onda. O olho humano consegue detectar alguns desses comprimentos de onda - a chamada luz visível - mas a maior parte do espectro luminoso é invisível aos seres humanos.Um pouco com acontece com os sons, existem cores mais encarnadas (como os sons mais graves) e as cores mais azuladas (como os sons mais agudos). O maior comprimento de onda visível é de 780 nm (encarnado). O menor, de 380 nm (violeta). Fora dessa banda há apenas escuridão para os nossos olhos - abaixo do encarnado está o infravermelho (IV) e acima do azul, o ultravioleta (UV). Toda a experiência visual do ser humano está portanto limitada a este estreitíssimo intervalo de cores entre o infravermelho e o ultravioleta.
Francisco Burnay
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