
Há um vício de alguns órgãos de comunicação social de quererem, perante problemas que em boa verdade são incontroversos, levantar a controvérsia dando igual espaço às pessoas "prós" e aos "contras". Criam um dilema, que parece ter dois lados em paridade, quando em rigor ele não existe. Aconteceu mais uma vez com a "Visão" desta semana, em que a revista se interroga na capa: "Homeopatia: cura ou fraude?" e dá espaço substancial aos "dois lados", num artigo de Luís Ribeiro. Não sei o que está fazer a interrogação no final. Sabe-se há muito que a homeopatia é uma completa fraude. Se algumas pessoas que tomam produtos homeopáticos vêm a curar-se por uma ou outra razão, não será seguramente devido à acção directa desses produtos.
Veja-se apenas a explicação pseudo-científica da homeopatia dada na revista por um seu defensor (Francisco Patrício, presidente da Sociedade Homeopática de Portugal):
"A homeopatia baseia-se na energia, na radiação. A informação passa através de fotões. Da mesma forma que acontece com as pessoas: os olhos vêem e o cérebro regista essas imagens".
Quando o jornalista responde que a água não tem olhos e nem cérebro, o homeopata não se fica:
"Sim, mas o princípio é o mesmo. No caso da água, as vibrações da substância que por lá passou vinculam a informação, através de um efeito químico".
Estas frases não fazem sentido nenhum. Não há nenhum efeito físico, nem sequer químico. Porque não usar o Ano Internacional da Química para desmascarar as virtudes desta alquimia moderna que usa fraseologia aparentemente científica para veicular os maiores dislates?
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