A era aberta dos grandes impérios deu lugar à era da hegemonia imperial dissimulada, mas agora o edifício está a desmoronar-se.
Pelo menos abertamente não houve referência de Washington ou de Telavive – os governos com mais a perder com o desenrolar da revolução egípcia – a uma intervenção militar. Tal restrição é mais expressiva de sanidade geopolítica do que de moralidade pós-colonial, mas ainda assim permite que ocorra um certo grau de mudança capaz de desestabilizar, pelo menos temporariamente, a ordem política estabelecida.
E contudo, por meios visíveis e invisíveis, os actores externos, particularmente os Estados Unidos, com uma genuína mescla americana de presumidas prerrogativas paternais e imperiais, estão a procurar moldar e limitar o resultado deste levantamento extraordinário do povo egípcio, preso há muito num cativeiro subsidiado pela cruel e corrupta ditadura de Mubarak. O que constitui a característica mais definidora desta diplomacia a partir do exterior liderada pelos Estados Unidos é a aparente propriedade de controlar o tumulto, para que o regime sobreviva e os manifestantes voltem ao que está a ser perversamente chamado de “normalidade”.
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