sábado, setembro 30, 2006

Rússia e aliados da Ásia Central efectuam jogos de guerra em resposta às ameaças americanas

Mal conhecidos pelos media ocidentais, os exercícios militares organizados pela Rússia, Casaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão sob Collective Security Treaty Organisation, (CSTO) foram lançados em 24 de Agosto. Estes jogos de guerra, oficialmente etiquetados como parte de um programa de contra-terrorismo, são uma resposta directa às ameaças militares americanas na região, incluindo os planeados ataques contra o Irão. O exercício Rubezh-2006 está programado para 24-29 de Agosto próximo à cidade portuária de Aktau, no Casaquistão.
"Será o primeiro exercício militar conjunto empreendido pelos países do CSTO, e envolverá 2500 membros retirados dos vários serviços armados dos estados membros, com a Rússia, o Casaquistão, o Quirguistão e o Tadjquistão como participantes principais. O Uzbequistão, que recentemente retornou ao CSTO, enviará observadores, ao passo que dois outros países membros do pacto, a Bielorússia e a Arménia, não tomarão parte (IPWR News Briefing Central Asia )
Os relatos da imprensa da região descrevem estes jogos de guerra como uma resposta à presença militar americana e às suas ambições na Ásia Central.
"A militarização crescente é ligada à desconfiança mútua entre países na região, afirmam analistas. Os media iranianos especularam que os Estados Unidos estão a utilizar o Azerbaijão para criar um contrapeso militar ao Irão no Cáspio. É possível que o exercício conduzido pelo CSTO — no qual a Rússia é dominante — representa uma resposta a preocupações acerca do envolvimento dos Estados Unidos no desenvolvimento da Marinha do Casaquistão. Observadores dizem que a Rússia está a inclinar-se cada vez mais para a visão iraniana de que países de fora deveriam ser banidos de ter forças armadas no Mar Cáspio". Peritos dizem que os EUA estão a tentar aumentar a pressão sobre o Irão, bem como defender o seus próprios investimentos no Azerbaijão e no Casaquistão. Também estão a tentar garantir a segurança do oleoduto estrategicamente vital Baku-Tbilisi-Ceyhan. Uma presença militar no Cáspio daria aos Estados Unidos uma oportunidade para pelo menos parcialmente compensar sua influência a enfraquecer na Ásia Central, como se viu no encerramento da base aérea no Uzbequistão, no aumento da renda que tem de pagar pela base de Manas no Quirguistão, e pelo escândalo diplomático que resultou na expulsão de dois americanos do Quirguistão. Segundo analistas, a segurança genuína na região só pode ser alcançada se os interesses militares de todos os cinco países do Cáspio forem coordenados. Numa conferência internacional em Astrakan, em Julho de 2005, a Rússia propôs a formação de um grupo de coordenação naval do Cáspio, mas até à data a iniciativa não obteve resposta. (ibid)
Toda a região parece estar em pé de guerra. Estes jogos de guerra do CSTO deveriam ser vistos em relação àqueles conduzidos há apenas uma semana pelo Irão , em resposta às contínuas ameaças militares americanas. Apesar de o Irão não ser membro do CSTO, ele tem o estatuto de observador na Organização de Cooperação de Shangai (SCO), da qual a China é membro. A SCO tem um relacionamento estreito com o CSTO. A estrutura das alianças militares é crucial. No caso de um ataque ao Irão, a Rússia e os seus aliados do CSTO não permanecerão neutros. Em Abril último o Irão foi convidado a tornar-se membro pleno do Acordo de Cooperação de Shangai. Até então nenhum calendário concreto para o acesso do Irão ao SCO foi estabelecido. Esta ampliação do Acordo de Cooperação de Shangai, o qual também inclui a Índia, o Paquistão e a Mongólia com o estatuto de observadores, contrapõe-se aos objectivos militares e estratégicos americanos na região. A realização dos jogos de guerra do CSTO deve ser vista como um sinal para Washington de que um ataque ao Irão poderia conduzir a um conflito militar muito mais vasto no qual a Rússia e os estados membros do CSTO poderiam potencialmente ser envolvidos, tomando partido pelo Irão e pela Síria. Também é significativa a estrutura dos acordos de cooperação militar bilaterias. A Rússia e a China são os principais fornecedores de sistemas de armas avançadas ao Irão e à Síria. A Rússia está a contemplar a instalação de uma base naval na Síria, na costa leste mediterrânica . Por sua vez, os EUA e Israel têm acordos de cooperação militar com o Azerbaijão e a Geórgia.
Michel Chossudovsky

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