quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Quatro números que mostram tudo

1 - 70 mil pessoas perderam o emprego em Janeiro deste ano. Números do IEFP.
70 mil famílias que entram em recessão.
Mais de 200 mil pessoas passam a viver em aflição. Para além do outro milhão e meio (455 mil desempregados) que já viviam.
Se o ritmo continua - e tudo indica que sim - antes das eleições este país entra em colapso total.

2 - 1300 processos para cada juiz nos tribunais tributários.
Quem consegue cobrar os 13 MIL milhões em causa? Ninguém.

3 - 609 cafés fechados em 2 meses. 1300 empregados perdem o emprego neste ramo.
Parece-me exagerado a número de cafés que existe.
Dá-me ideia que neste país quem não sabe fazer nada abre um café. Ou mete-se na política. E, se bem que o tuga adore passar horas por dia no café (e não na biblioteca) a verdade é que há demasiados cafés e demasiada falta de dinheiro para lá deixar. E agora?

4 - 60 casas assaltadas por dia em Portugal - 60.
Números conhecidos. Fora outros tantos, ou se calhar o dobro deles, em que os proprietários não fazem queixa por acharem ser inútil.

O que nos transporta para o problema da criminalidade. E da tentativa da sua ocultação.
Só há uma entidade a quem interessa ocultar o crime: é à classe política instalada, em cada momento, no poder.
A todos os demais essa ocultação é prejudicial.
Aqui em Seia os jornais não reflectem, há anos, a criminalidade existente.
Ignoram-na. O mesmo é dizer: escondem-na.
2 carrinhas roubadas, um carro roubado e atirado para um rio, um restaurante assaltado 4 vezes, uma tentativa de assalto numa ourivesaria e isto só no último mês...
Mas não se passa nada nos jornais de Seia.
Nada, com a dimensão que de facto, tem.
Isso é um péssimo serviço prestado aos cidadãos. Ocultar o crime é ajudar à sua proliferação.

Recordo os episódios repetidos passados há meses de roubos por esticão, na rua do Funchal, todos cuidadosamente silenciados, e em que foi preciso assaltarem a mãe do director de um jornal para que uma pequena referência se fizesse nesse jornal.
Caricato e ridículo.

Queixas?
Nenhumas.
«Era um cigano, não vale a pena...» ouvia-se dizer.
Mas não vale a pena porque a justiça não funciona, ou porque os assaltados têm medo de represálias?

Isso é que era preciso saber...

Foi preciso um presidente da junta vir a público reclamar da falta de policiamento na sua freguesia para que se soubesse que a respectiva junta era repetidamente assaltada.
Foi preciso relatar o episódio caricato da forma como a carrinha do conservatório foi localizada na Guarda por um professor do conservatório e como a policia lhe perdeu novamente o rasto, para se saber que uma carrinha tinha sido roubada no centro de Seia, à porta da Casa Municipal das Artes.
E sobre a carrinha da CM que foi roubada da porta do motorista no largo da Fisel?
Nem uma palavra!...

A função de um órgão de informação é informar e denunciar os crimes perpetrados contra a sociedade. Não é oculta-los. Isso é a função da propaganda.
Com a denúncia e a publicação dos números, a tutela vê-se obrigada a reforçar a vigilância policial e a polícia sente-se compelida a melhorar a sua prestação.
É preciso denunciar os crimes para que a sociedade exija das forças de segurança o cumprimento da sua obrigação.
Repito: esconder um crime é tornar-se dele cúmplice e ajudar à sua proliferação.
http://joaotilly.weblog.com.pt/

Sem comentários: