sexta-feira, março 27, 2009

Acabou julgamento que durou quase um ano

Avelino Ferreira Torres foi absolvido em tribunal de todas as acusações
Avelino Ferreira Torres acaba de ouvir o acórdão que o absolveu de seis crimes (corrupção, peculato de uso, abuso de poder e extorsão) que lhe eram imputados. “Esta decisão fundamenta-se na prova produzida nesta sala e não no que se diz lá fora e no inquérito”, afirmou a juíza presidente Teresa Silva.

No acórdão dos três juízes ressalta a pouca ou nula credibilidade dada ao depoimento da principal testemunha de acusação José Faria. Esta testemunha que chegou a atentar contra a própria vida e correu riscos de morte no Brasil não levou ao tribunal factos susceptíveis de sustentar a acusação do Ministério Público. Segundo a juíza presidente, Faria exprimiu várias versões e a perícia psiquiátrica a que foi sujeito conclui que ele estava em condições de depor mas não validava o que ele dissesse.

Ferreira Torres: "Começo a acreditar na justiça dos tribunais"
"Só acreditava na justiça Divina e na justiça de Fafe [agressão]. Agora começo a acreditar na justiça dos tribunais", declarou Avelino Ferreira Torres, à porta do Tribunal do Marco, após ter sido absolvido. Ali, esperavam-no alguns populares que gritaram: "Vitória!".
Antes disso, porém, aos gritos, não resistiu a descarregar a sua ira sobre os jornalistas: "Há muitos anos que fui condenado. Há 20 anos que sou vilipendiado pela comunicação social".
A seguir, disse-se "perseguido há vários anos pelo Ministério Público", apontando o dedo ao procurador Joaquim Remísio Melhorado, insistindo ter sido, há alguns anos, candidato à Câmara de Vila Nova de Foz Côa.
Sobre o seu ex-homem de confiança e principal testemunha de acusação, José Faria, disse já lhe ter "perdoado". "Mas não volto a falar com ele", frisou, falando em "três milhões de contos" e sublinhando que José é uma "marioneta" do irmão, Joaquim Faria.
Sem surpresa pela absolvição de Avelino mostrou-se Gil Mendes, professor no Marco e denunciante que deu origem à investigação da PJ.
"Já não esperava outra coisa, perante a passividade do tribunal após eu ter denunciado contactos e diligências tendo em vista várias testemunhas alterarem os seus depoimentos. O tempo que durou o julgamento permitiu tudo isto. Houve testemunhas que mentiram e eu tinha avisado antes. Pelos vistos, parece nem haver processos por falsas declarações", afirmou, ao JN.
O denunciante criticou, ainda, a resistência em punir várias atitudes de desrespeito em tribunal para com os magistrados. "Assim, é evidente que agora não iriam ter coragem para o condenar", argumentou.

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