quinta-feira, abril 23, 2009

Dona Guilhermina e o Estado Português

Próximo dia 26 será canonizado Nuno Álvares Pereira, general medieval famoso por vencer os castelhanos em Aljubarrota e que, ao fim de vários séculos sem dizer nada como de resto é habitual das pessoas que morrem, resolveu interceder por uma paisaníssima Dona Guilhermina, que a fritar peixe salpicou o olho de óleo a ferver. Talvez a pressa ou a devoção prévia ao soldado fez com que a pobre Dona Guilhermina pedisse auxílio a esse e não outro defunto, já que não se lhe conheciam habilidades médicas. Não sei se foi o aroma dos jaquinzinhos ou o apetite pelos filetes, o que é certo é que o Vaticano diz que o mesmo militar vitorioso há 624 anos acudiu a pobre senhora e lhe salvou o olho esquerdo.Como é que os mortos exercem oftalmologia de além-túmulo, fica por saber. Como é que o Vaticano sabe que foi aquele e não outro o operador da façanha, também. Mas explicações com pés e cabeça não abundam no Vaticano e é justamente para lá que vai o nosso Presidente da República acompanhado de outros dignatários do Estado e membros do clero, para celebrar a promoção que a Igreja resolveu conceder-lhe a título póstumo. Póstumo digo eu, que acho que o cavaleiro de Aljubarrota se finou entretanto. Digo isto porque talvez a Igreja discorde da minha opinião.A respeito do alegado milagre e da pantomina de Estado lembrei-me de recomendar alguns artigos: no Que Treta! e no Diário Ateísta.De resto, desejos de um Bom Borrego: não para todos, mas só para quem gosta ou não se importa de engolir.

http://banqueiroanarquista.blogspot.com/

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