Cerca de 20 países participam amanhã, em Lisboa, na XIX Conferência Ibero-Americana de Educação, dedicada à Inovação, cuja abertura será feita pela ministra portuguesa, Maria de Lurdes Rodrigues.
A conferência vai preparar uma cimeira a realizar no final do ano, onde serão vinculadas decisões sobre metas a alcançar até 2021, desde o ensino pré-escolar à formação de adultos, avançou a ministra portuguesa. "Há um conjunto de metas, desde a cobertura da educação na infância, ao envolvimento de adultos em formação ao longo da vida, até à percentagem de jovens que concluem o Ensino Secundário que vamos procurar discutir e estabilizar para o conjunto dos países ibero-americanos", disse Maria de Lurdes Rodrigues.
A ministra sublinhou que este tema já não é novo para Portugal e Espanha no quadro da União Europeia, que tem estabelecido metas na área da Educação para os Estados-membros cumprirem. "Agora trata-se, no fundo, do alargamento desta estratégia aos países ibero-americanos, estabelecendo metas para cada um e para o conjunto dos Estados-membros da Organização dos Estados Ibero-americanos", explicou.
As metas passam pelo aumento da oferta da Educação Pré-Escolar dos três aos cinco anos: "Vai ser necessário que entre nós seja definido um indicador que nos dê uma meta para a percentagem de crianças que os países procurarão alcançar neste período de tempo", exemplificou. Há também objectivos para o número de jovens que concluem o Ensino Secundário, para o conjunto que acede a Formação Profissional e ao Ensino Superior, bem como metas para envolver adultos na aprendizagem ao longo da vida.
"Educação e Inovação"
A sessão de abertura conta também com intervenções do secretário-geral da Organização de Estados Ibero-Americanos, Álvaro Marcheis, e da directora da Divisão de Assuntos Sociais da Secretaria-Geral Ibero-Americana, Angeles Yanez.
Sob o lema "Educação e Inovação", vão reunir-se responsáveis de Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Uruguai, Venezuela e Porto Rico, este com estatuto de observador.
Por Portugal, além da ministra, falarão aos participantes o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, e o director do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação e coordenador do Plano Tecnológico nesta área, João Trocado da Mata. O ex-ministro da Educação Roberto Carneiro apresentará uma comunicação dedicada ao tema "Educação e Inovação num mundo pós-crise", em que sugere aos países ibero-americanos o lançamento de um programa alternativo de avaliação do estado das políticas educativas em três vertentes: inclusão, cidadania e parcerias.
Inspirado no PISA, um programa internacional para avaliação do desempenho dos estudantes, o professor da Universidade Católica considera que um instrumento semelhante orientado para a avaliação da maturidade dos sistemas educativos em matéria de desenvolvimento de valores da inclusão, de cidadania e de parcerias "poderia constituir-se num serviço de inestimável e superlativo valor à comunidade internacional de educadores".
“Aprender fazendo e fazer aprendendo”
"Num tempo de incerteza e de interrogação à escala planetária, uma iniciativa política conjunta - tomada por consenso ao mais alto nível decisório (...) - dirigida à construção de métricas de educação cívica para uma melhor gestão democrática da polis daria, por si só, um inequívoco sinal de esperança na reorientação das sociedades e das economias para uma sustentabilidade responsável", defende.
Depois de analisar as causas da actual crise mundial, Roberto Carneiro sustenta que "aprender fazendo e fazer aprendendo encerra uma importante chave de solução para enfrentar a crescente incerteza do mundo e a natureza mutante do trabalho". Roberto Carneiro afirma que nunca nas últimas décadas o sentimento de crise e de preocupação "atingiu proporções planetárias tão elevadas".
Segundo o ex-ministro, as causas da crise encontram-se associadas ao abandono de padrões éticos na condução dos negócios, ao colapso generalizado dos códigos de conduta e a uma recusa da "mão invisível dos valores como único regulador definitivo e sustentável dos mercados". "Embora não faltem os optimistas que prenunciam ventos de recuperação ainda na segunda metade do corrente ano de 2009, a verdade é que as nuvens continuam a adensar-se e os horizontes de retoma afiguram-se ainda algo distanciados", adverte.
Cerca de dois mil milhões de pessoas (dois terços da força de trabalho no mundo) opera hoje no sector informal em empregos precários, "com tendência a acentuar-se essa proporção, dada a diminuição acelerada dos empregos formais nas economias desenvolvidas", segundo os dados que utiliza para ilustrar a situação.
Do público
Comentário: Se os professores deste país fossem de uma outra fibra, deveriam estar lá em peso para sabotar o início dos trabalhos da conferência e para mostrar ao mundo o que os professores pensam da tutela e da política (des)educativa deste governo...Mas isso não vai acontecer porque os "ditos cujos" preferem ficar no seu canto a lamber as feridas e a lamentarem-se para toda a eternidade...amem!
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