domingo, novembro 29, 2009

O NEGRO E O VERMELHO

A SUA REJEIÇÃO NAS CIÊNCIAS HUMANAS

Não nego o absoluto enquanto concepção da razão, servindo x para marcar o líquido inacessível que sustenta o fenómeno; nego-o enquanto que objecto da ciência e, como tal, não podendo servir de ponto de partida para qualquer conhecimento legítimo... rejeito pois a qualificação de ateu... Admito o absoluto em metafísica, admito consequentemente Deus, mas em metafísica também, na condição de que não se saia do absoluto, illa se jacet in aula Aeolus; nego-o noutra parte qualquer da ciência experimental, racional, na física, na psicologia, na ética... (Justice, Les ldées.)
Não estabeleço controvérsia sobre o dogma. Deixo de lado o dogma, e nada critico dos artigos de fé. É possível que tudo o que se conta da essência de Deus e do mundo sobrenatural seja verdade: que posso eu saber ao certo disso? Nada. Com que fundamento posso eu negá-lo? Nenhum. É possível que no fundo do meu coração palpite um desejo secreto de sobrevivência, testemunho dum destino ulterior: não me darei ao trabalho de o verificar nem de o combater. Instalo-me ao lado da crença e deixo-lhe, até nova ordem, todas as suas fantasias. A minha crítica recusa-se a entrar nas regiões do Absoluto. (Justice, Philos. Popul.)
Só porque a visão dos fenômenos nos faz necessariamente conceber o absoluto, resultará que tenhamos o direito de raciocinar sobre o próprio absoluto, como sobre uma coisa acontecido no nosso empirismo e na nossa razão prática? Não, mil vezes não...
Um metafísico positivista constata que a razão humana forma naturalmente o conceito de Deus, e pára aí. Que pode ele dizer ou saber além disso?...
O absoluto é apresentado como postulado em todo o conhecimento, mas não resulta que ele próprio se possa tornar objecto do conhecimento... (Justice, Philos., Popul.)
O método científico consiste... não em negar o em si das coisas, mas em afastar esse em si do aspecto transcendental... para se interessar exclusivamente pela fenomenalidade, pelas relações...
A ciência das leis da inteligência chamar-se-á, se quereis, a lógica; a ciência das leis ou dos direitos e deveres da consciência será a Justiça, ou, ainda mais geralmente, a moral. Para uma e para a outra, assim como para todas as ciências sem excepção, a primeira condição do saber será precaver-se, com o maior cuidado, contra toda a ingerência do absoluto. (Justice, Les Idées.)

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