quarta-feira, novembro 25, 2009

O NEGRO E O VERMELHO

A Justiça revolucionária e o direito da força

Hoje o trabalho está à mercê do capital... A Relução diz-vos para mudar esta ordem. (Toast à Révol.)
O trabalhador cria com a Revolução: Justiça... A gente idosa responde: Fatalidade...
Qual será a saída para o debate? Quanto a mim, ela não tem qualquer dúvida: credo in revolucionem. (Justice, Le Travail.) Como na sociedade as ideias são os interesses, e como os interesses são os homens, é difícil que os homens que reinaram pelos seus interesses... consintam em eclipsar-se. É preciso vencê-los, eles só cederão à força. (Créat. de l’O., n.º 539.)
Existe um direito real, positivo, incontestável, o da força; este direito é o mais antigo, reconhecido na história, o mais vivamente sentido pelas massas... Sem o direito da força, a história inteira é inexplicável, absurda, os tratados, nulos, a civilização, tragicomédia... Direito e força nao são idênticos... Mas a força faz parte do ser humano, contribui para a sua dignidade... Ela tem também o seu direito, que não é todo o direito... mas que não podemos desconhecer...
A força é, como todas as nossas outras faculdades: sujeito e objecto, princípio e matéria de direito... parte constituinte da pessoa humana... pode tornar-se, em certos casos, justiceira ... Será o mais baixo grau da justiça...
A força não é somente coisa física e muscular; sobretudo coisa moral... O que concorre para a vitória é, mais que a força material, a energia moral... A matéria é uma força, tal como o espírito... De todas as forças a maior, tanto de ordem espiritua como de ordem moral, é a associação.... encarnação da Justiça...
O que provoca a agitação permanente da sociedade - e a sua ameaçadora divisão em burguesia proletariado - senão o facto de o direito da força nunca ter sido reconhecido, como devia, às massas? A força popular, colocada à parte, não foi reconhecida. O povo é sempre o monstro que se amordaça que se sangra pela colonização e pela guerra, que se reprime o mais que se pode, fora do direito e da política... (La Guerre et la Paix, liv. II, cap. VII.)
Se alguma vez a guerra se reaeender entre a burguesia e o proletariado e que este seja o senhor, porque não haveria o proletário de usar também da vitória em presença do burguês?... (Idem, liv. IV, cap. X.)
A guerra... não parece... poder ser doravante outra coisa senão uma guerra pela exploração e propriedade... uma guerra social. O direito da força está longe de ter dito a sua última palavra, quer seja por uma batalha ou por uma constituição consentida... O povo mudará a relação entre o trabalho e o capital... (La Guerre et la Paix, liv. II, cap. IX.)
Defender que um derrubamento pode, sozinho, trazer a reforma, é... procurar a verdade no desconhecido. (2.e Mémoire.)
A questão resume-se em acelerar o movimento... em fazer a sociedade viver velozmente, durante um lapso de tempo, e em obrigá-la a realizar, num século, o trabalho de vários séculos. A ordem social cria-se através duma série de transformações, em que a primeira contém os rudimentos das outras, ainda que, essencialmente, ela difira das outras... A sociedade só se reforma crescendo e desenvolvendo-se sempre. (2.e Mémoire.)
O que constitui a prática revolucionária, é que ela já não se conduz por pormenores e por diversidades, ou por uma transição imperceptível, mas por simplificações e transposições. Ela transpõe, em extensas equações esses meios termos que propõe o espírito de rotina..., o egoísmo dos felizes ou a inércia dos governantes... Essas grandes equações de princípios, essas transições gigantescas nos costumes, têm também as suas leis: nada de menos arbitrário, de menos abandonado ao acaso que a prática das revoluções...
O poder revolucionário, o poder de conservação e de progresso... está dentro do povo. O povo sozinho, operando sobre si próprio, sem intermediário, pode completar a revolução económica... o povo sozinho pode salvar a civilização e fazer avançar a humanidade. (Toast à la Révol.) Uma revolução é coisa orgânica, coisa de criação, e o poder é coisa mecânica ou de execução. Entendo por orgânico aquilo que faz a constituiáção íntima da sociedade... ; cabe a um desenvolvimento espontâneo... modificar o que pode ser modificado... ; uma revolução é uma explosão da força orgânica, uma evolução da sociedade do interior para o exterior; ela é legítima tanto quanto é espontânea. (Conf. d'un Révol., cap. IV.)
O povo,... é a natureza humana na sua espontaneidade. (Carnets, 1.º de Outubro de 1845.)
Uma revolução verdadeiramente orgânica, produto da obra universal, ainda que tenha os seus executores, não é verdadeiramente obra de ninguém... Ela só subsistirá pela justiça..., a justiça fórmula própria da sociedade ... É a justiça que a democracia operária, na sua intuição inteiramente espontânea, invoea hoje... (Cap., liv. II, cap. V.)

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