A política tem esta coisa profundamente acientífica de nunca se admitir um erro, mas sim de o tentar esconder o mais possível. Um exemplo português recente é-nos oferecido pelas declarações produzidas ontem pelo primeiro-ministro José Sócrates na Conferência do Diário Económico sobre o Orçamento de Estado:
"Decidimos aumentar o nosso défice não por descontrolo, mas para ajudar a economia, as empresas e as famílias", "O défice orçamental português aumentou por uma boa razão, para responder à crise" (...) "O facto de o Estado português ter decidido aumentar o seu défice foi para resolver os problemas e numa dimensão em linha com as outras economias. Não se elevou demasiado, mas sim em linha com a média dos países evoluídos e numa proporção aceitável".
Em contraste, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos disse quase na mesma altura na Assembleia da República, na discussão do mesmo Orçamento do Estado:
“As previsões falharam redondamente em todo o lado e não foi porque houvesse intenção de enganar” (...) "Eu engano-me mas não engano” (...) "Não tenho pejo em reconhecer a minha quota parte de responsabilidade no perfil de estagnação e de crescente endividamento."
Um deles está simplesmente a ser mais político do que o outro.
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