Neste sábado, 1º de Maio, o Ateneu Libertário de Villaverde festeja seu aniversário de 30 anos; e se prepara para receber as "Sextas Jornadas Libertárias", que acontecerá de 1 a 29 de maio. Como não é todo dia que um projeto anarquista comemora tantos anos de caminhada, sem subvenções do Estado, sem líderes, liberados ou parasitas, reproduzimos abaixo a programação deste encontro político e cultural, e um pouco da história do Ateneu, marcada pela autogestão, solidariedade e criatividade. Parabéns!
[1º de Maio]
12h. Manifestação da CNT: Cuatro Caminos a Valdeacederas.
21h. Jornada Lúdico-Festiva: Comemoração do 30º Aniversário do Ateneu Libertário de Villaverde
• Poupées Electriques (Apresentando o seu novo trabalho "CNT 1910-2010 Viva a Utopia!").
• Sessão de DJ´s - A Plataforma (Audiovisuais anticapitalistas).
[Sexta-feira, 7]
19h30. Palestra: “Anarcosindicalismo no Século XXI”. A cargo de Gonzalo Palomo, ex-diretor do jornal “CNT” e membro da Comissão do Centenário.
[Sábado, 8]
19h30. Palestra: “Vida e luta na prisão”. A cargo de Amadeu Casellas, ex-preso anarquista e militante da CNT e Joseph, militante da CNT-Catalunha.
[Domingo, 9]
19h30. Palestra: “Soberania alimentar. Experiências agroecológicas de autoconsumo”. A cargo do grupo de trabalho “Surco a Surco” e Nando, cooperativista.
[Sexta-feira, 14]
19h30. Palestra: “Resistência do povo saharaui”. A cargo de Eluali Dah, do Coletivo Ujsario.
22h. Concerto: Danças do Mundo
Exposição fotográfica. A cargo de Santiago, “Latido de Liberdade”.
[Sábado, 15]
20h. Concerto Hardcore – Punk: Opa Hostil (Córdoba) – Martillazo (Villaverde) – Wild Dogs (Madri Sul).
[Domingo, 16]
19h. Oficina: “Linus, Alternativas aos Copyrights do Windows”. A cargo de Fernando, Secretário Geral da CNT – Villaverde. Filosofia do Software Livre, vantagens e inconvenientes do Sistema Operativo Linux, exemplo de instalação, conselhos básicos e funcionamento.
[Sexta-feira, 21]
19h. Palestra: “Repressão, imigração e resposta popular”. A cargo das Brigadas Vicinais de Observação dos Direitos Humanos (vigiando o vigilante) e ODS – Carabanchel.
[Sábado, 22]
10h. Excursão: Rota histórica pelas trincheiras antifascistas. Local CNT de Villaverde - Alto de los Leones - La Pedrota (Segovia).
19h30. Apresentação do livro: “O Catecismo de Klero Borroka”. A cargo de Rafael Iglesias, imaginário protestante.
[Domingo, 23]
18h. Teatro: Teatro do Útero
[Sexta-feira, 28]
19h30. Palestra: “A igreja católica contra a liberdade de expressão”. A cargo de Julio Reyero, militante da CNT e do Grupo Albatroz (FAI).
[Sábado 29]
20h. Concerto de encerramento das Sextas Jornadas Libertárias, com Mariachi Guerrilla (Valladolid) e grupo por confirmar.
Exposição permanente: “Gráfica e Guerrilha”, de Rafael Iglesias.
Todas as atividades acontecerão no Ateneu Libertário de Villaverde – CNT. Pº Alberto Palacios, 2. Madri.
Um pouco de história desta experiência autogestionária...
No 1° de Maio de 1980, após uma manifestação realizada em Madri, cerca de uma centena de cenetistas ocuparam um local quase destruído, em Villaverde Alto, um bairro localizado ao sul da cidade, cercado por indústrias metalúrgicas, e que tinha sido um pequeno povoado agrícola.
Foi uma das muitas ocupações realizadas pela CNT para reivindicar a devolução de seu patrimônio histórico, roubado pelo franquismo no fim da chamada Guerra Civil espanhola. Durante semanas, dezenas de militantes limparam o interior do espaço que parecia uma fotografia tirada da Berlim de 1945 e que, de fato, tinha-se submetido a dois incêndios parciais e era um depósito de lixo para ratos e psicos há um par de anos.
Na realidade, a construção era relativamente nova, 1960, e quem a fez foi o sindicato vertical franquista sobre os terrenos de uma fábrica de pão autogestionada por trabalhadores cenetistas, que se chamava "O Pão do Trabalhador". Com o fim desta organização fascista, o espaço foi usado por sindicatos e trabalhadores de empresas da região para fazer reuniões e assembléias (nesse tempo eram diárias), dado a falta de locais sindicais, até que, em 1977/78, caiu em desuso. Logo começaram os roubos (até as máquinas de escrever tinham sido levadas) e furtos (não ficaram nem os condutores da luz, sanitários de água, calefação e até as paredes laterais - eram de ferro e cristal - foram desmontadas).
O primeiro ato público, acompanhado por uma quantidade grande de vizinhos e de cenetistas emocionados, foi a demolição dos símbolos fascistas que figuravam na fachada principal do prédio. Caíram desde a parte mais elevada, com um grande barulho.
As atividades culturais começaram quase que imediatamente, mesmo tardando em tirar uma quantidade grande de escombros. Cayetano Morales - cantor e militante do Sindicato de Construção da CNT – foi um dos primeiros convidados, e que não pararam até hoje. Rock, blues, punk, música clássica, eletrônica ou folk... E, naturalmente, tampouco a música foi a única atividade cultural: palestras-colóquios aconteceram por dúzias, teatro, cinema, exposições ou apresentações de livros.
Ali está, também, a escola infantil "Pequen@ Companheiro@". Foi um dos primeiros projetos propostos com a ocupação. O grupo de Mulheres Livres de Madri, a redação do periódico “Terra e Liberdade”, o Comedor Vegano, com cursos e oficinas feitos pelos próprios cozinheiros/as. Lá por muitos anos funcionou a Fundação de Estudos Libertários (FAL). Foi espaço de importantes Jornadas e Congressos de estudo e debates do anarquismo.
Lá também funciona a sede do sindicato da Comarca Sul da CNT. E, naturalmente, local onde são organizadas manifestações, concentrações ou piquetes para reivindicar ou denunciar situações como as dos presos e presas reprimidos pelo Estado, os antimilitaristas, os imigrantes ou os trabalhadores explorados, sancionados ou demitidos pelo capitalismo selvagem e cruel.
Enfim, a história continua, a luta também... lá e acolá!
agência de notícias anarquistas-ana
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