segunda-feira, maio 31, 2010

O mundo aparente é a mentira

A melhor metáfora da crise está no derrame de petróleo no Golfo do México. Nas profundidades do mar deslocam-se gigantescos rios submarinos de crude, ameaça invisível que tarde ou cedo, tal como os activos tóxicos, chegará à superfície. A British Petroleum, a companhia que se gabava de estar na vanguarda da tecnologia de perfuração submarina, é como a Goldman Sachs, a firma de Wall Street que esteve sempre na fronteira da inovação financeira. Ambas mentiram, ocultaram e especularam com uma confiança pré-fabricada artificialmente entre o público.

Os derivados postos em circulação pela Goldman Sachs colocaram os activos sucata nas folhas de balanço de instituições financeiras em todo o mundo. O derrame da BP não tem fronteiras. E os acidentes industriais nas suas instalações configuram uma longa lista. Inclui a explosão na refinaria em Texas City em 2005 (15 mortes). Tal como o sector financeiro, a BP e as grandes corporações petrolíferas têm estado a trabalhar ao amparo da desregulação aplicada pela dupla Bush-Cheney: nós sabemos o que estamos a fazer.

O derrame de BP contamina ecossistemas do Golfo do México e cedo entrará na corrente do golfo. Tal como os activos tóxicos, acabará por chegar às costas da Europa.

Tanto a Goldman Sachs como a BP mentiram uma e outra vez sobre os efeitos negativos dos seus actos. A Goldman Sachs ajudou a disfarçar o montante da dívida grega e no fundo do mar de números dos mercados financeiros jaz oculta a ameaça de mais activos tóxicos. Por sua vez, a British Petroleum procurou enganar a opinião pública sobre o volume de crude que escapa sem controle desde que explodiu a plataforma Deepwater Horizon.

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