Tem havido muitos debates em e desde o indymedia [Holanda] sobre como lidar com a iminente proibição de okupar [imóveis no país]. Parece haver muita diversidade entre as pessoas que vêem a okupação como uma simples questão de habitação e a que a vê como uma forma de luta política.
Nós, como coletivo anarquista, temos a seguinte opinião.
Este texto está em inglês [agora traduzido para o português] porque nós, como anarquistas, somos internacionalistas sem fronteiras (e, para que desta forma as gigantes, violentas hordas de bárbaros okupas italianos e poloneses dos quais os meios de comunicação continuam a falar possam também lê-lo!)
Primeiro, achamos muito preocupante que os editores do indymedia tenham apagado um post de um certo auto-proclamado Michael Bakunin. Mesmo que você não concorde com suas opiniões, indymedia deveria ser um lugar onde a liberdade de expressão não esteja comprometida por propagandistas conservadores como GeenStijl, que tenta ganhar dinheiro com isso.
Em segundo lugar, nos preocupa a falta de análise sobre a questão da okupação desde uma perspectiva anarquista. Temos visto já muitos posts conformistas por parte daqueles que vêem a okupação como uma solução para o problema da habitação. Proclamam que os maravilhosos anos oitenta tudo foi bom e que desde então a cena okupa está em bancarrota devido aos chamados elementos sujos ou violentos que estão dentro da cena okupa. Isto deveria ser muito simples para que as pessoas respondessem, mas, com muito poucas exceções, há uma grande falta de feedback.
Trataremos de dá-la.
Gostemos ou não, a cena okupa é uma subcultural nos olhos dos meios de comunicação e do público em geral. A enorme diversidade da cena okupa é geralmente tomada como um todo. Nós discordamos com essa visão de homogeneização, mas é importante destacar que okupar é uma forma alternativa de viver. Não é uma terceira opção como comprar ou alugar uma casa. É totalmente o oposto. E em 90% dos casos da cena okupa surge de uma variedade de grupos contraculturais que não se encontraria facilmente em qualquer outro lugar na sociedade. Punk, techno, espaços para os artistas, anticapitalistas, antifascistas, grupos de apoio a refugiados, ativistas antipsiquiátricos e muitos outros grupos e indivíduos subversivos têm raízes na cena okupa. Sem okupas muitas das iniciativas mencionadas acima não poderiam ter sido realizadas.
Nós pensamos que o problema atual é que um grande grupo da cena okupa não está politicamente ativo e/ou com consciência. Vêem a okupação como um modo de vida legalmente aprovado pelo Estado e ficam muito chateados porque agora serão chamados oficialmente de delinqüentes. Parece que culpam por isto a parte politicamente ativa da okupação.
Nos países vizinhos, sempre tem sido ilegal okupar e sempre foi dominada em grande parte pela luta anarquista contra o capitalismo e o Estado. Desde um ponto de vista anarquista é ridículo querer a aprovação do Estado para se viver do jeito que você quiser. Esse medo do ilegal contra o legal é risível. Quando o Estado e a sociedade midiática consideraram as okupaões como uma parte normal da sociedade? Podres, fedorentos, sujos, violentos, preguiçosos, estrangeiros (porque isto era mau?), parasitas da sociedade cheios de pulgas. Nos últimos 15 anos, a cena okupa tentou uma e outra vez sair bem na mídia. Para provar à sociedade que "nós" somos pessoas normais com problemas e necessidades normais, mas que queremos viver de forma alternativa. Houve sempre okupas que denunciaram publicamente "o outro" por arruinar a imagem da cena okupa por que lutavam contra os despejos encapuzados e de negros. Seus piores inimigos eram os seus vizinhos.
A razão pela qual há uma proibição da okupação hoje não é pelos raros momentos dos okupas lutando contra as expulsões nos últimos 15 anos. Os sagrados anos oitenta foram muito mais violentos. A razão pela qual a okupação é ilegal é porque os partidos políticos como o CDA e o VVD finalmente acreditam que tem a maioria política no país, juntamente com o PVV, para se livrar dos elementos inconformistas da sociedade. Refugiados, ilegais, okupas e muitos outros são hoje alvo da sociedade conservadora branca. Partidos como o PvdA e o Groenlinks não tem mais políticas esquerdistas, já que eles desejam ganhar mais e mais votos ao serem centristas.
Como anarquistas, nunca tivemos qualquer fé no Estado ou na democracia representativa. É o capitalismo e a hierarquia de poder, que dirigem o Estado. A única razão que há é combater o Estado por todos os meios possíveis. Inclusive se amanhã eles fizerem uma lei que legalize a okupação novamente isto não lhes impedirá (como nunca foi) de seguir nos desalojando ou nos atacando nas manifestações. O Estado é, e sempre foi o inimigo.
Nós, como um grupo, acreditamos que se o Estado ilegaliza a okupação novamente fará para se livrar dos elementos parasitários que contaminou a cena okupa.
Como aqueles que têm nos imobilizado durante anos com seus apelos para a não-violência e políticas conformistas. Eles nunca respeitaram a forma anarquista de lidar com o Estado e a polícia de maneira não-conformista. Muitas ações okupas e despejos foram esterilizados por aqueles que não desejam molestar o Estado e seus poderes. Eles temem por suas posições na sociedade e "a forma como a sociedade nos olha!" São eles que arruinaram a cena okupa com suas tentativas de serem amigos de um Estado que nunca quis ser nosso amigo. Sempre houve um desequilíbrio entre eles e nós. Para ser uma força reconhecida tem que se ter uma postura. Especialmente porque com os conformistas e os lobistas temos perdido toda atitude. Caracas, até convidamos a Wijkagent para ir em nosso lugar para ver se uma casa está realmente vazia! Desde o primeiro momento deixamos que o Estado decida se o que estamos fazendo está bem!
Os outros parasitas são os que usam a okupa apenas como um meio de viver livres e fazer festas e mais festas sem se meter em política. Usam quantidades excessivas de drogas e álcool, tratam o seu cão pior do que muita gente da sociedade “normal", não têm opinião política sobre o sexismo (sendo comum estupros e assédios na cena techno e punk) e converteram a cena okupa num espaço fechado somente para aqueles que pertencem à cena crust festeira. Tem visual muito alternativo, e agem superficialmente, não são mais que uma outra subcultura da sociedade normal. Fazem festas e tomam drogas como muitas outras pessoas "normais" nos finais de semana, a única diferença é que se vestem de outra forma. Eles não têm nada de revolucionário. Só são vistos nas manifestações que não têm nada a ver com as okupações e são totalmente ausentes quando se trata de lutas reais como contra o racismo, o sexismo, etc. Provavelmente nunca leram na agenda do indymedia, ou só lêem quando será a próxima festa techno.
Não queremos que estas subculturas desapareçam. A escolha é sua. Mas o que nós, como anarquistas, temos de perceber é que eles não estão aí para nos ajudar, mas sim, estão no nosso caminho. Devemos evitá-los e não ouvir as suas lamúrias.
É hora para nós anarquistas percebemos que a cena global okupa está politicamente ativa e motivada. Eles lutam por suas casas, usam suas okupas como lugares para fazer política. São cenários preparatórios de manifestações e ações.
Nós não vemos nenhuma razão para ir a cidade de Haia em 1º de junho. Nós não nos importamos com o que o Estado vai decidir. Se vamos para Haia deve ser para gritar contra o governo por todos os motivos pelos quais deveríamos gritar, não por uma só de suas leis.
Deveríamos okupar mais casas e barricá-las. Devíamos mostrar o que realmente significa okupar ilegalmente. Nenhuma bonita chamada a Wijkagent para que possa contar os metros de nossas okupações. Nem esperar um ano para que um prédio esteja vazio, nem mais acordos com os proprietários se não tem planos melhores para a construção, não mais esperas pacientes para ser desalojados. Não mais lassidão. O Estado tem nos declarado inimigos. Bom. Nós podemos viver com isso tudo. Sempre temos visto o Estado como nosso inimigo, por isso é bom que finalmente eles digam abertamente isso também.
A situação será muito mais incerta. Okupar será mais do que uma simples forma de viver, porque o Estado poderia estar em nossa porta a qualquer momento. Como não podemos usar os seus tribunais e suas leis. Não temos vergonha do fato de que já usamos antes. Por todos os meios necessários significa por todos os meios necessários. Mas, como estão tomando todos os meios devemos nos adaptar. Esta sempre foi à força do anarquismo. Nos adaptamos. Os dogmas são para os conservadores e capitalistas, os comunistas e os socialistas.
Não deixemos que o Estado decida pelo nosso modo de vida. Temos de mostrar que nós, como na Grécia, podemos levar a anarquia para as ruas. Não da mesma maneira como na Grécia porque não temos o mesmo número de pessoas com a gente. Mas, como uma sociedade global de anarquistas, somos um monstro de muitas cabeças que pode morder o Estado e o capitalismo. Nós não somos poucos nem poucas! Olhe para a Grécia, Ungdomhuset, os motins em Berlim e Hamburgo, a cúpula da Otan em Estrasburgo, as cúpulas do G8, os Acampamentos Sem Fronteiras etc. Somos mais que uma pulga.
Assim, o 1º de junho não tem nada de especial. Devemos fazer o que sempre fizemos, isto é, okupar e lutar contra o Estado.
Coletivo A
agência de notícias anarquistas-ana
Nós, como coletivo anarquista, temos a seguinte opinião.
Este texto está em inglês [agora traduzido para o português] porque nós, como anarquistas, somos internacionalistas sem fronteiras (e, para que desta forma as gigantes, violentas hordas de bárbaros okupas italianos e poloneses dos quais os meios de comunicação continuam a falar possam também lê-lo!)
Primeiro, achamos muito preocupante que os editores do indymedia tenham apagado um post de um certo auto-proclamado Michael Bakunin. Mesmo que você não concorde com suas opiniões, indymedia deveria ser um lugar onde a liberdade de expressão não esteja comprometida por propagandistas conservadores como GeenStijl, que tenta ganhar dinheiro com isso.
Em segundo lugar, nos preocupa a falta de análise sobre a questão da okupação desde uma perspectiva anarquista. Temos visto já muitos posts conformistas por parte daqueles que vêem a okupação como uma solução para o problema da habitação. Proclamam que os maravilhosos anos oitenta tudo foi bom e que desde então a cena okupa está em bancarrota devido aos chamados elementos sujos ou violentos que estão dentro da cena okupa. Isto deveria ser muito simples para que as pessoas respondessem, mas, com muito poucas exceções, há uma grande falta de feedback.
Trataremos de dá-la.
Gostemos ou não, a cena okupa é uma subcultural nos olhos dos meios de comunicação e do público em geral. A enorme diversidade da cena okupa é geralmente tomada como um todo. Nós discordamos com essa visão de homogeneização, mas é importante destacar que okupar é uma forma alternativa de viver. Não é uma terceira opção como comprar ou alugar uma casa. É totalmente o oposto. E em 90% dos casos da cena okupa surge de uma variedade de grupos contraculturais que não se encontraria facilmente em qualquer outro lugar na sociedade. Punk, techno, espaços para os artistas, anticapitalistas, antifascistas, grupos de apoio a refugiados, ativistas antipsiquiátricos e muitos outros grupos e indivíduos subversivos têm raízes na cena okupa. Sem okupas muitas das iniciativas mencionadas acima não poderiam ter sido realizadas.
Nós pensamos que o problema atual é que um grande grupo da cena okupa não está politicamente ativo e/ou com consciência. Vêem a okupação como um modo de vida legalmente aprovado pelo Estado e ficam muito chateados porque agora serão chamados oficialmente de delinqüentes. Parece que culpam por isto a parte politicamente ativa da okupação.
Nos países vizinhos, sempre tem sido ilegal okupar e sempre foi dominada em grande parte pela luta anarquista contra o capitalismo e o Estado. Desde um ponto de vista anarquista é ridículo querer a aprovação do Estado para se viver do jeito que você quiser. Esse medo do ilegal contra o legal é risível. Quando o Estado e a sociedade midiática consideraram as okupaões como uma parte normal da sociedade? Podres, fedorentos, sujos, violentos, preguiçosos, estrangeiros (porque isto era mau?), parasitas da sociedade cheios de pulgas. Nos últimos 15 anos, a cena okupa tentou uma e outra vez sair bem na mídia. Para provar à sociedade que "nós" somos pessoas normais com problemas e necessidades normais, mas que queremos viver de forma alternativa. Houve sempre okupas que denunciaram publicamente "o outro" por arruinar a imagem da cena okupa por que lutavam contra os despejos encapuzados e de negros. Seus piores inimigos eram os seus vizinhos.
A razão pela qual há uma proibição da okupação hoje não é pelos raros momentos dos okupas lutando contra as expulsões nos últimos 15 anos. Os sagrados anos oitenta foram muito mais violentos. A razão pela qual a okupação é ilegal é porque os partidos políticos como o CDA e o VVD finalmente acreditam que tem a maioria política no país, juntamente com o PVV, para se livrar dos elementos inconformistas da sociedade. Refugiados, ilegais, okupas e muitos outros são hoje alvo da sociedade conservadora branca. Partidos como o PvdA e o Groenlinks não tem mais políticas esquerdistas, já que eles desejam ganhar mais e mais votos ao serem centristas.
Como anarquistas, nunca tivemos qualquer fé no Estado ou na democracia representativa. É o capitalismo e a hierarquia de poder, que dirigem o Estado. A única razão que há é combater o Estado por todos os meios possíveis. Inclusive se amanhã eles fizerem uma lei que legalize a okupação novamente isto não lhes impedirá (como nunca foi) de seguir nos desalojando ou nos atacando nas manifestações. O Estado é, e sempre foi o inimigo.
Nós, como um grupo, acreditamos que se o Estado ilegaliza a okupação novamente fará para se livrar dos elementos parasitários que contaminou a cena okupa.
Como aqueles que têm nos imobilizado durante anos com seus apelos para a não-violência e políticas conformistas. Eles nunca respeitaram a forma anarquista de lidar com o Estado e a polícia de maneira não-conformista. Muitas ações okupas e despejos foram esterilizados por aqueles que não desejam molestar o Estado e seus poderes. Eles temem por suas posições na sociedade e "a forma como a sociedade nos olha!" São eles que arruinaram a cena okupa com suas tentativas de serem amigos de um Estado que nunca quis ser nosso amigo. Sempre houve um desequilíbrio entre eles e nós. Para ser uma força reconhecida tem que se ter uma postura. Especialmente porque com os conformistas e os lobistas temos perdido toda atitude. Caracas, até convidamos a Wijkagent para ir em nosso lugar para ver se uma casa está realmente vazia! Desde o primeiro momento deixamos que o Estado decida se o que estamos fazendo está bem!
Os outros parasitas são os que usam a okupa apenas como um meio de viver livres e fazer festas e mais festas sem se meter em política. Usam quantidades excessivas de drogas e álcool, tratam o seu cão pior do que muita gente da sociedade “normal", não têm opinião política sobre o sexismo (sendo comum estupros e assédios na cena techno e punk) e converteram a cena okupa num espaço fechado somente para aqueles que pertencem à cena crust festeira. Tem visual muito alternativo, e agem superficialmente, não são mais que uma outra subcultura da sociedade normal. Fazem festas e tomam drogas como muitas outras pessoas "normais" nos finais de semana, a única diferença é que se vestem de outra forma. Eles não têm nada de revolucionário. Só são vistos nas manifestações que não têm nada a ver com as okupações e são totalmente ausentes quando se trata de lutas reais como contra o racismo, o sexismo, etc. Provavelmente nunca leram na agenda do indymedia, ou só lêem quando será a próxima festa techno.
Não queremos que estas subculturas desapareçam. A escolha é sua. Mas o que nós, como anarquistas, temos de perceber é que eles não estão aí para nos ajudar, mas sim, estão no nosso caminho. Devemos evitá-los e não ouvir as suas lamúrias.
É hora para nós anarquistas percebemos que a cena global okupa está politicamente ativa e motivada. Eles lutam por suas casas, usam suas okupas como lugares para fazer política. São cenários preparatórios de manifestações e ações.
Nós não vemos nenhuma razão para ir a cidade de Haia em 1º de junho. Nós não nos importamos com o que o Estado vai decidir. Se vamos para Haia deve ser para gritar contra o governo por todos os motivos pelos quais deveríamos gritar, não por uma só de suas leis.
Deveríamos okupar mais casas e barricá-las. Devíamos mostrar o que realmente significa okupar ilegalmente. Nenhuma bonita chamada a Wijkagent para que possa contar os metros de nossas okupações. Nem esperar um ano para que um prédio esteja vazio, nem mais acordos com os proprietários se não tem planos melhores para a construção, não mais esperas pacientes para ser desalojados. Não mais lassidão. O Estado tem nos declarado inimigos. Bom. Nós podemos viver com isso tudo. Sempre temos visto o Estado como nosso inimigo, por isso é bom que finalmente eles digam abertamente isso também.
A situação será muito mais incerta. Okupar será mais do que uma simples forma de viver, porque o Estado poderia estar em nossa porta a qualquer momento. Como não podemos usar os seus tribunais e suas leis. Não temos vergonha do fato de que já usamos antes. Por todos os meios necessários significa por todos os meios necessários. Mas, como estão tomando todos os meios devemos nos adaptar. Esta sempre foi à força do anarquismo. Nos adaptamos. Os dogmas são para os conservadores e capitalistas, os comunistas e os socialistas.
Não deixemos que o Estado decida pelo nosso modo de vida. Temos de mostrar que nós, como na Grécia, podemos levar a anarquia para as ruas. Não da mesma maneira como na Grécia porque não temos o mesmo número de pessoas com a gente. Mas, como uma sociedade global de anarquistas, somos um monstro de muitas cabeças que pode morder o Estado e o capitalismo. Nós não somos poucos nem poucas! Olhe para a Grécia, Ungdomhuset, os motins em Berlim e Hamburgo, a cúpula da Otan em Estrasburgo, as cúpulas do G8, os Acampamentos Sem Fronteiras etc. Somos mais que uma pulga.
Assim, o 1º de junho não tem nada de especial. Devemos fazer o que sempre fizemos, isto é, okupar e lutar contra o Estado.
Coletivo A
agência de notícias anarquistas-ana
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