segunda-feira, agosto 30, 2010

O FIM DA ECONOMIA DA POTÊNCIA MUNDIAL

Na Alemanha festeja-se o "conto de fadas de verão" de um forte crescimento trimestral, impulsionado principalmente pelo sucesso das exportações da indústria automóvel (o mercado doméstico caiu entretanto 30 por cento) e da construção de máquinas. A crise é considerada superada, embora o nível anterior do produto interno bruto nem de longe tenha voltado a ser alcançado, nem seja previsível um novo boom da economia mundial. O actual factor de incerteza é constituído pelos Estados Unidos, a maior economia do mundo. Há aí um clima deteriorado. Isso deve-se principalmente a uma mudança de fase da economia, pois os Estados Unidos foram os primeiros a aplicar os programas de estímulo económico os quais, portanto, também aí acabam mais cedo. Agora se evidencia que a suposta "retoma” ameaça rodar em falso. Economistas influentes falam de um iminente double dip [mergulho duplo], uma recaída possivelmente ainda mais profunda na recessão.

O problema principal, além do endividamento público, é o sobre-endividamento maciço das famílias americanas, cujo consumo representa 70 por cento do PIB. No auge da conjuntura económica de deficit, em 2007, o rendimento médio real foi menor que o de 1970. O poder de consumo vinha apenas dos cartões de crédito e de créditos garantidos por hipotecas que na sua maioria não têm qualquer valor. O desemprego oficial duplicou para os 10 por cento, sendo o desemprego real estimado em 17 por cento. Mesmo para manter este precário status quo é necessário um crescimento anual de 3 por cento; uma redução durável da taxa de inactividade somente seria viável com um crescimento de 6 a 9 por cento. Isso está fora de questão no longo prazo, especialmente porque a classe média está a ser corroída a um ritmo de tirar o fôlego. Para recuperarem o poder de compra, as famílias teriam de amortizar dívidas de mais de seis biliões de dólares ou reduzir os seus encargos durante 10 anos. Isso seria lançar a economia ainda mais no abismo. A continuação das subvenções públicas, por sua vez, põe em questão o crédito dos E.U.A. e, não em último lugar, o seu poder militar mundial. Os custos das operações no Afeganistão, no Iraque e em outros países têm aumentado desde 2002 várias centenas por cento, e, após o estouro de bolhas financeiras, deixaram de poder ser pagos com os fundos da caixa para pequenas despesas.

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