sábado, novembro 27, 2010

Entrevista a Juan Torres López sobre a iniciativa de Eric Cantona

«É normal que as pessoas decentes se proponham tirar o seu dinheiro dos bancos que o utilizam para afundar as economias e extorquir os governos»

O conhecido futebolista Eric Cantona convocou em França um movimento popular para retirar o dinheiro dos bancos no próximo dia 7 de Dezembro (www.bankrun2010.com). Para conhecer os possíveis efeitos desta iniciativa, entrevistámos Juan Torres López, Catedrático de Economia, membro do Comité Científico da ATTAC Espanha e autor dos livros Desiguales. Mujeres y hombres en la crisis financiera (Icaria), com Lina Gálvez, e La crisis de las hipotecas basura. ¿Por qué se cayó todo y no se ha hundido nada? (Sequitur), com a colaboração de Alberto Garzón.

– Que efeitos teria uma medida como esta que propõe Cantona?

Logicamente, depende do seu seguimento. Se se fizesse massivamente, os bancos não teriam liquidez suficiente para devolver os depósitos aos seus clientes porque a banca ocidental opera com um sistema chamado de reservas fraccionárias. Isto significa que, de todo o dinheiro que um cliente ingressa, só conserva uma pequena parte (actualmente, cerca de 2%, mais algumas percentagens adicionais dependendo da regulação de cada país). O resto, utiliza-o para dar créditos. Portanto, o dinheiro dos depósitos “não está” no banco a não ser na forma de anotações, pelo que na sua totalidade não se poderia retirar.

– Isso quer dizer que os bancos não “conservam” o dinheiro dos seus clientes, antes o usam para criar mais dinheiro?

Efectivamente. O negócio da banca é esse: criar meios de pagamento mediante a geração de dívida. A cada vez que dão um crédito com essa parte do depósito que não reservam, criam dinheiro. Não dinheiro legal (moedas e notas), mas dinheiro bancário.

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