sexta-feira, dezembro 31, 2010

Rumores de recuperação e tabus políticos

O fim de 2010 trouxe uma retórica renovada da parte de Washington, de alardes do media e também de declarações académicas acerca da "recuperação" da economia estado-unidense. Nós já as ouvimos antes, desde que fomos atingidos pela crise em 2007. E elas sempre se demonstraram erradas. Mas os rumores acerca de uma recuperação são úteis para alguns. Os republicanos afirmam que o governo deveria fazer menos uma vez que a recuperação está a caminho (para eles, naturalmente, a acção do governo é sempre contraproducente). Da mesma forma, republicanos e muitos democratas centristas afirmam que não são mais necessárias políticas de distribuição do rendimento porque recuperação significa crescimento, o qual faz com que todos obtenham uma fatia maior de um bolo em expansão económica. O alarde acerca de uma recuperação também ajuda a administração Obama a dizer que as suas políticas estão a ter êxito.

Mas isto é mais fantasia do que realidade. Afinal de contas, cerca de 20% da força de trabalho dos EUA que ficou desempregada ou sub-empregada em 2009 permanece assim quando entramos em 2011. Não há recuperação aí. Pior ainda, um quarto daqueles que encontraram trabalho desde que a crise começou obtém apenas empregos temporários sem benefícios. Em segundo lugar, as acções de arrestos por parte dos bancos – incluindo aqueles bancos que obtiveram a maior parte dos salvamentos do governo – continuam a expulsar milhões das suas casas. Nenhuma recuperação aqui, tão pouco (excepto para os maiores bancos). Em terceiro lugar, considere porque o Federal Reserve no mês passado decidiu criar mais US$600 mil milhões de dinheiro novo e o Congresso e o presidente acordaram este mês num estímulo fiscal adicional (estendendo os cortes fiscais de Bush, reduzindo retenções da segurança social em 2011, etc). Eles dão esses passos porque todos os salvamentos anteriores, facilidades monetárias, isenções fiscais e estímulos fiscais do governo fracassaram em finalizar esta crise. Estão imunes ao reconhecimento de que mais das mesmas políticas que fracassaram antes podem fracassar outra vez.

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