segunda-feira, fevereiro 28, 2011

A palavra que não ousamos pronunciar por trás da revolta árabe

Logo após a invasão do Iraque em 2003 entrevistei Ray McGovern, um dos membros de um grupo de elite de responsáveis da CIA que preparavam o resumo diário de inteligência do presidente. McGovern estava no cume do monolito da "segurança nacional" que é o poder americano e havia-se aposentado com aplausos presidenciais. Na véspera da invasão, ele e 45 outros responsáveis sénior da CIA e de outras agências de inteligência escreveram ao presidente George W. Bush que os "tambores da guerra" não eram baseados em inteligência e sim em mentiras.

"Era farsa em 95 por cento", disse-me McGovern.

"Como é que eles conseguiram escapar sem punição?"

"A imprensa permitiu aos loucos escaparem sem punição".

"Quem são os loucos?"

"As pessoas que dirigem a administração [Bush] têm um conjunto de crenças, um bocado como aquelas expressas no Mein Kampf... elas eram mencionadas nos círculos em que me movia, no topo, como 'os loucos'."

Disse eu: "Norman Mailer disse acreditar que a América entrou num estado pré-fascista. Qual é a sua visão disso?"

"Bem... espero que ele esteja certo, porque há outros a dizerem que nós já estamos num modo fascista".

Em 22 de Janeiro, Ray McGovern enviou-me um email exprimindo o seu desgosto com o bárbaro tratamento da administração Obama para com o alegado denunciante Bradley Manning e a sua perseguição do fundador da WikiLeaks, Julian Assange. "Muito tempo atrás George e Tony decidiram que podia ser divertido atacar o Iraque", escreveu, "Eu disse com efeito que o fascismo já havia principiado aqui. Tenho de admitir que não pensei que isto ficaria tão mau assim rapidamente".

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