sábado, dezembro 28, 2013

À boleia do Grande Ditador

Chile, 27 de Dezembro de 2013

Em Setembro de 1939, seis dias após o Reino Unido ter declarado guerra à Alemanha, Charlie Chaplin começou a rodar o que viria a ser um dos seus filmes mais épicos de sempre... e o primeiro filme sonoro da estrela do cinema mudo.

Tratava-se de um projecto corajoso - o "Grande Ditador" satirizava directamente Adolf Hitler.

No final do filme, Chaplin enfrentou a câmara e fez um discurso sobre princípios intemporais - a paz, o respeito mútuo, a liberdade de nos defendermos de homens perversos que aspiram a liderar nações.

Isto fez com que Chaplin não tivesse ganho amigos em Washington onde se ansiava pela manutenção da neutralidade oficial.

E pagou bem caro por isso - o Grande Ditador marcou o início de toda uma década de turbulentos problemas entre Chaplin e o governo dos EUA.

O director do FBI, J. Edgar Hoover, abriu um dossier sobre Chaplin e lançou uma campanha de difamação para manchar a sua imagem pública. Os principais meios de comunicação rapidamente ajudaram à "festa", ao acusarem Chaplin de ser um simpatizante comunista.

Acabariam por encontrar numa lei obscura um pretexto para o levar a tribunal e à prisão.

Chaplin ganhou o caso em julgamento... por pouco... mas acabou arrastado na  anti-comunista caça às bruxas do senador Joseph McCarthy.

Na sua autobiografia, Chaplin resume os seus problemas com o governo dos EUA: 

"O meu prodigioso pecado foi, e ainda é, ser um não-conformista. Embora eu não seja um comunista, recusei-me a enfileirar-me nos que os odiavam... Em segundo lugar, opus-me à Comissão das Actividades Anti-Americanas - uma designação desonesta desde logo, suficientemente elástica para envolver o pescoço e estrangular a voz de qualquer cidadão americano cuja opinião honesta fosse minoritária."
Chaplin atingiu o ponto de ruptura quando, enquanto cidadão britânico, percebeu que seria de facto expulso da Terra dos Livres. Como ele escreveu,
"A minha reentrada naquele infeliz país teve pouca importância para mim. Gostaria de lhes ter dito que quanto mais cedo me livrasse daquela atmosfera sitiada de ódio , melhor, que eu estava farto dos insultos e da pomposicade moral da América e que todo o assunto foi terrivelmente entediante."
Ele levou a sua família para a Suíça e viveu o resto dos seus dias num cenário idílico, perto de Genebra.

Havia apenas um problema. A totalidade da substancial riqueza de Chaplin estava nos EUA. E ele esperou demasiado tempo - até ser exilado do país - para sequer pensar em colocar no estrangeiro algum capital.


O seu empolgante discurso no final do Grande Ditador apela a um mundo livre de violência, de intimidação e de controlo estatal. Infelizmente, nós não vivemos num mundo desses.

Vivemos num mundo onde homens ambiciosos estão dispostos a fazer o que quer que seja para assumir o poder absoluto... onde possam regular cada aspecto das nossas vidas, desde o que pomos nos nossos corpos até à possibilidade de podermos ou não captar a água da chuva.

Eles confiscam os nossos salários, duramente obtidos, sob a ameaça das armas. Eles desvalorizam as nossas economias. Eles espiam absolutamente toda a gente, incansável e descaradamente. Eles travam guerras desprovidas de sentido em terras estrangeiras. Eles desperdiçam. Eles frustram. Eles destroem.

Esta é a nossa realidade. O mundo é maravilhoso. A vida é maravilhosa. Mas os líderes da humanidade tornam por vezes muito difícil que a consigamos apreciar.

É por isso que faz muito sentido que cada um de nós tenha um pouquinho de segurança - certificando-nos que não estamos a cometer o mesmo erro que Chaplin ao mantermos a totalidade das nossas poupanças e meios de subsistência no mesmo país em que vivemos e... e um que está claramente numa tendência descendente.

Este é o nosso foco no Sovereign Man. E a cada dia que passa, as razões tornam-se mais evidentes. Não iremos poder escapar ao inferno em 2014.

E agora, sem mais delongas, por favor desfrute do discurso final de Chaplin no Grande Ditador:




Simon Black