Já toda a gente conhece as brilhantes declaração do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho.
Mas vale a pena recordá-las:
“Na gíria popular o futebol português funciona como aquele fenómeno fisiológico conhecido como ânus, onde temos duas nádegas que se enfrentam uma frente à outra, imponentes, não saindo de lá, dizendo uma à outra eu estou aqui e sou melhor que tu.”
Para o líder leonino, “o problema é que entre algo fisiológico conhecido na gíria popular como um ânus, funciona, no passado no presente e no futuro, ou sai vento mal cheiroso ou trampa”.
“E é disso que o futebol português infelizmente está cheio. Por dentro e por fora é trampa”, acrescentou.
Na passada semana ficámos a saber que Jorge Jesus não é Eça de Queiroz (imaginem Os Maias escritos pelo treinador do Benfica!) – agora foi a vez do presidente do Sporting nos ofertar estas frases de fino recorte literário e pejadas de figuras de estilo.
Ele é a metáfora das duas nádegas que se enfrentam, ele é a comparação entre o futebol e o ânus, é o eufemismo do ânus, o disfemismo, a hipálage, a hipérbole, a ironia, a metonímia.
E o sarcasmo, claro.
Carvalho sabe muito bem que o ânus não é propriamente um fenómeno fisiológico e que, na gíria popular, a referida parte do corpo humano chama-se tudo menos ânus – mas quis suavizar o discurso, evitando ser desagradável e dizer, por exemplo, cu ou mesmo peida.
Daí o fino recorte literário, também presente no termo “trampa”, em vez de merda, que seria mais rude.
Os sócios e adeptos do Sporting devem, pois, estar orgulhosos do seu novo presidente.
Entretanto, ontem Bruno de Carvalho veio esclarecer melhor aquela enigmática imagem literária.
Segundo disse, existe no futebol português uma aliança escondida entre o Benfica e o Porto.
Só então percebemos que essa aliança deve estar escondida entre as tais duas nádegas imponentes!
Ó Bruno, és mesmo do Carvalho!