Não há casa ou divisão onde passamos ter a certeza de estarmos sós ou apenas com quem escolhemos estar. Mesmo que estejamos na nossa casa e que a vida que levamos seja banal, não podemos ter a certeza de não termos sido já ouvidos ou vistos de fora, de o estarmos a ser neste momento ou de o virmos a ser algum dia.
Há muito que sabemos isso (aqui e aqui, por exemplo), mas o que, agora, deve sobrecarregar a nossa preocupação é o facto de, criado um clima de insegurança, tender-se a aceitar toda e qualquer invasão da privacidade, dispensando-se a ordem judicial. Sendo os equipamentos, capazes de fazer essa observação, acessíveis e portáteis, a decisão de os usar pode depender apenas da polícia. Quando um tal poder fica nas mãos de uma só entidade são os pilsres da democracia que desabam.
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