sexta-feira, maio 29, 2015

Uma escola para os MEUS filhos

Um senhor muito rico, empresário com formação em economia e física, e com invenções e negócios admiráveis na área das tecnologias (onde se incluem os jogos de computador), declarou em entrevista recente que não gostava da escola onde os seus cinco filhos andavam. Então, à semelhança de várias outras pessoas com poder, criou uma escola especialmente para eles e para filhos de empregados de uma das suas empresas.

Essa escola:
- Tem um nome latino, sendo de inferir que a formação clássica estará presente, isto quando vários países, como a França, a afastam da escola pública;
- Não tem página de internet nem ligações a redes sociais, isto quando a escola pública é pressionada para se publicitar.

Além disso, essa escola dá corpo a ancestrais sonhos pedagógicos (não adianta nada de novo):
- Não constitui classes;
- Dá primazia aos gostos individuais dos alunos;
- Aposta na exploração do real pelos alunos e, à medida que isso acontece, vão sendo guiados na sua aprendizagem.

Desta notícia retiro duas tristíssimas ilações:

1) Quem pode, em vez de procurar fazer qualquer coisa (de modo altruísta, sem esperar qualquer contrapartida) pela escola pública, a que é para os filhos de toda a gente, cria uma escola para os seus próprios filhos;
2) Esta escola, como várias outras com semelhante origem, integra o que se apregoa como desadequado para os filhos dos outros - a formação clássica - e retira o que se apregoa bom para esses mesmos filhos - a pesquisa pelo espaço cibernaútico e a exposição pública.

Só mais uma nota: esta escola tem menos de duas dúzias de alunos, por isso, sim, pode concretizar os referidos sonhos pedagógicos, que não se podem, naturalmente, transpor para uma escola de centenas de alunos, daquelas que o tal senhor não gosta.


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