Nem que seja uma tragédia, há sempre que descobrir o lado positivo das coisas, diz aquele clichet da moda introduzido para domesticar as massas não alimentícias. A pobreza também tem os seus. O de poder fazer bem à saúde acaba de ser descoberto. E quem o descobriu? A sagacidade da ministra da Saúde. Por alguma razão é Ministra. Ana Jorge apelou às famílias portuguesas para fazerem “sopa em casa” em vez de gastarem em “fast food”, aproveitando a necessidade de contenção económica e como forma de combater a obesidade. E quais serão as sopas mais indicadas? Caldo à BPN, sopa à off-shore, caldo de parceria público-privada, creme à SUCH, gaspacho à EPE? São um perigo. Engordam muito. Falha imperdoável, fui ao site do Ministério da Saúde e (ainda) não estão lá as receitas da avózinha. Já agora, quer para comungar da onda positiva, quer porque são fundamentais para fazer qualquer caldinho, deixo uma sugestão a incluir no cardápio: repensem os critérios de atribuição dos tachos que continuam a ser distribuídos pelo Governo. Farão falta se este novo desenvolvimento sopeiro da política pegar tão bem como o “temos que ser positivos”. Aliás, pelo que se sabe, apesar da falta de talento de muitos dos agraciados, quem os ocupa ganha direito a uma vida felicíssima. Os ditos, sejam eles tachos, panelinhas ou panelões, estão carregados com cargas positivas com uma potência tal que nenhum Governo que queira chamar-se "responsável" pode dar-se ao luxo de não as valorizar.
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