É
um estudo promovido pela Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a
Fome em parceria com a Universidade Católica. Divulgado hoje, mostra o que já é
notório no dia-a-dia das instituições de solidariedade social: que os mais
pobres vivem cada vez pior e que a crise os atinge na satisfação das suas mais
básicas necessidades.
Num inquérito dirigido a 3880
pessoas carenciadas e realizado entre Setembro de 2012 e Janeiro de 2013,
os investigadores tentaram fazer uma comparação das condições de vida da
população pobre apoiada por instituições sociais, em comparação com idêntico
estudo realizado em 2010.
Os níveis de pobreza aumentaram nos
últimos dois anos. Isto, apesar de os baixos rendimentos auferidos pelos
agregados mais pobres se terem mantido mais ou menos estáveis. 52% dos
agregados familiares inquiridos auferem, por mês, menos do que um salário
mínimo nacional, sendo que perto de um quarto dos agregados receberem menos de
250 euros mensalmente. Rendimentos, porém, que resultam em 32% dos casos de rendimentos
de trabalho, isto é, são famílias que, apesar da crise, conseguem ter um
emprego.
82% acham que, hoje,
estão mais pobres do que eram.
Um dado perturbador diz respeito ao facto de mais de um quarto dos inquiridos
(26%) afirmar ter tido falta de alimentos ou sentido fome alguns dias por
semana, nos seis meses prévios ao inquérito, 14% dos quais pelo menos um dia
por semana. No inquérito feito dois anos antes, 'apenas' tinham sido 16% a
responder afirmativamente a esta questão. Mais ainda: 39% dos inquiridos
afirmou ter passado um dia sem comer expressamente por "falta de
dinheiro".
As dificuldades económicas surgem a
par com problemas de isolamento. Se é verdade que 82% dos inquiridos afirma
sentir-se hoje como pobre (mais 10% do que no último inquérito),
72% afirma ainda sentir-se só "muitas vezes ou às vezes" e é na
família que se encontra a principal - ou quase única -fonte de apoio.
E, quanto à percepção das causas
que levam os inquiridos a considerar-se - ou a viver em situação de pobreza - desenganem-se
os que pensam que tal se deve ao facto de o desemprego ter atingido aquele
agregado familiar. De facto, esta é apenas a segunda razão apontada por 20% dos
inquiridos. Já 21% consideram viver mal "porque a família sempre foi
pobre", uma espécie de fatalismo do destino que torna a miséria
uma inevitabilidade. Em terceiro lugar, com 19% vem outra razão bem mais
plausível: o facto de se ganhar pouco ou de auferir uma pensão de valor bem
abaixo das necessidades