«(...) Depois de ser despedida, sem meios para viver, Sophia voltou a ir viver para a casa dos pais, ambos com 85 anos e “felizmente, bem de saúde”. “Temos sorte porque eles têm a sua própria casa. Se não, não sei como seria.” Há muitas mulheres aqui com filhos e com netos, muitas famílias presas por uma fina corda do rendimento de um familiar; um ordenado de um filho, a reforma de um pai. (...) “O nosso caso é mesmo muito injusto”, diz Sophia. O ministério despediu-as para cumprir a quota de despedimentos no sector público e contratou, em vez delas, uma empresa privada. “Quem ganha com isto é a empresa privada, que cobra mais do que o ministério gastaria connosco e emprega imigrantes muito mais baratas, a um euro à hora ou algo do género.”» (artigo completo aqui)
«(...) Eleni Papaglorgiou, 23 anos, até tem sorte, diz com um encolher de ombros. Trabalha num esquema público, financiado pela União Europeia, para minorar o problema do desemprego jovem, um programa chamado "Vouchers". Vai ganhar 400 euros por mês, mas apenas receberá a quantia no final dos seis meses que dura o programa. Eleni explica como funciona: o candidato inscreve-se num centro que faz a ligação entre quem procura trabalho e quem procura empregados. O centro envia alguns candidatos para os potenciais empregadores para entrevistas e estes escolhem o que acham mais adequado. O beneficiário recebe uma formação no centro antes de ir trabalhar para o empregador correspondente.
«(...) Eleni Papaglorgiou, 23 anos, até tem sorte, diz com um encolher de ombros. Trabalha num esquema público, financiado pela União Europeia, para minorar o problema do desemprego jovem, um programa chamado "Vouchers". Vai ganhar 400 euros por mês, mas apenas receberá a quantia no final dos seis meses que dura o programa. Eleni explica como funciona: o candidato inscreve-se num centro que faz a ligação entre quem procura trabalho e quem procura empregados. O centro envia alguns candidatos para os potenciais empregadores para entrevistas e estes escolhem o que acham mais adequado. O beneficiário recebe uma formação no centro antes de ir trabalhar para o empregador correspondente.
Só nesta frase há três problemas. Um, o beneficiário. “Somos beneficiários, não trabalhadores”, explica. Não há direitos como têm os trabalhadores em geral, como baixa por doença, nem é pago seguro de saúde (na Grécia, normalmente é o empregador que paga o seguro de saúde do empregado). Dois, a formação. “É inútil”, sublinha. “No meu caso, sou professora, foi para isso que estudei, e fui colocada numa escola. Não preciso de estar a ouvir formação de coisas que não têm nada a ver, como gestão de crises.” Terceiro, onde se trabalha: “No meu caso, encontrei trabalho na minha área. Mas conheço professores que estão a trabalhar em farmácias ou como empregados de café.”
Eleni faz parte de um grupo chamado “V for Voucherades”. Querem chamar a atenção para alguns problemas deste programa. “O centro ganha mais pela formação que me dá, e da qual eu não preciso, do que o que eu ganho com o trabalho que faço”, diz Eleni. Se é preferível estar a trabalhar com o sistema de vouchers do que não trabalhar, os activistas da V for Voucherades dizem que cada vez mais os empregadores preferem beneficiários dos vouchers do que empregados, o que, a longo prazo, ainda vai piorar mais as perspectivas de emprego dos jovens.
(...) O optimismo individual não se traduz em optimismo quanto à situação do país. Querem que ganhe o Syriza, mas, mesmo que o partido seja capaz de formar governo, mostram algum cepticismo. Por outro lado, é “o mal menor”. Os dois falam sobre isso num pequeno grupo no café. Stathis tem uma máxima. “As coisas não podem ficar piores.” Faz uma pausa, olha para os amigos. “Bom, já disse isto em 2009, em 2012… E ficaram sempre pior.” Toda a gente se ri. “Mas desta vez não me engano”, garante. Fica tudo calado. “Bom, espero mesmo não me enganar…” - Artigo completo aqui.
«(...) “Eu não sabia que a Grécia estava assim”, disse-me Omid. “Eu pensava: Grécia é Europa. Vai ser bom. Aqui não há vida para nós. Não é só pelo desemprego. As pessoas não gostam de nós…” A ascensão da extrema-direita era só o lado mais visível do medo pelo “outro”, pelo que vem de fora. Naqueles quatro andares, em 20 quartos, moravam mais de 70 pessoas, 30 das quais crianças, a maior parte afegãs, algumas palestinianas, curdas, sírias, somalis. Os inúmeros sapatos, de diferentes tamanhos, arrumados dois a dois, em frente a cada porta, sinalizavam muito aperto. (...)» (artigo completo aqui)
«(...) Aqui passam pessoas que não têm seguro de saúde ou segurança social - na Grécia há um sistema misto entre o serviço de saúde público e seguros privados (normalmente pagos pelo empregador), quem está desempregado deixa de ter serviço nacional de saúde após três meses (com um taxa de desemprego de 25% e de desemprego jovem de 50%, isso é um problema). Vêm para consultas ou para buscar medicamentos. Às vezes é possível que a policlínica ajude – há até um consultório de dentista. Há médicos especialistas que recebem algumas pessoas por indicação da policlínica nos seus consultórios. Mas demasiadas vezes não é possível fazer o que precisam. Cirurgias, não é possível. Exames de laboratório, também não. (...)» (artigo completo aqui)