Quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um dever! I write the verse and I find the rhyme I listen to the rhythm but the heartbeat`s mine. Por trás de uma grande fortuna está um grande crime-Honoré de Balzac. Este blog é a continuação de www.franciscotrindade.com que foi criado em 11/2000.35000 posts em 10 anos. Contacto: franciscotrindade4@gmail.com ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS
terça-feira, março 31, 2009
APAF dará novas identidades a árbitros que cometam erros graves
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Alma Portuguesa - São Ferreira Torres
Após um longo período de obscurantismo, a verdade venceu. Aquele que sempre pareceu um vigarista, um escroque, é afinal um Santo que nunca fez nada que não fosse o bem.
A Justiça dos homens fez o que parecia reservado para o divino, santificou-o em vida.
Podemos confiar.
Amen!
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Colapso económico: A "inundação de dólares" financia o crescimento militar global dos EUA
Os media dos EUA estão silenciosos acerca dos tópicos mais importantes que os decisores políticos discutem aqui (e suspeito que na Ásia também): como proteger os seus países de três dinâmicas inter-relacionadas: (1) o excesso de dólares que está a ser despejado no resto do mundo para ainda mais especulação financeira e takeovers corporativos; (2) o facto de os bancos centrais serem obrigados a reciclar estes influxos de dólares com a compra títulos do Tesouro dos EUA e assim financiar o défice do orçamento federal dos EUA; e, ainda mais importante (mas suprimido nos media dos EUA), (3) o carácter militar do défice de pagamentos dos EUA e do défice orçamental federal interno.
Por estranho que possa parecer e irracional como seria num sistema de diplomacia mundial que fosse mais lógico, a "inundação de dólares" é o que financia o crescimento militar global da América. Ela força bancos centrais estrangeiros a arcarem com os custos da expansão militar do império americano, uma efectiva "tributação sem representação". Manter reservas internacionais em "dólares" significa reciclar seus influxos de dólares na compra de títulos dos Tesouro dos EUA, emitidos pelo governo dos EUA em grande medida para financiar o sector militar.
Até à data, os países têm sido impotentes para se defenderem contra o facto de este financiamento compulsório dos gastos militares dos EUA estar embutido dentro do sistema financeiro global. Economistas neoliberais aplaudem isto como "equilíbrio", como se fosse parte da natureza económica e dos "mercados livres" ao invés de diplomacia claramente exercida com crescente agressividade por responsáveis dos EUA. Os mass media intrometem-se, pretendendo que reciclar a inundação de dólares para financiar os gastos militares estado-unidenses é "mostrar a sua fé na fortaleza económica dos EUA" com o envio dos "seus" dólares aqui para "investir". É como se houvesse nisto uma opção, não compulsão financeira e diplomática para simplesmente optar entre o "Sim" (da China, relutantemente), o "Sim, por favor" (do Japão e da União Europeia) e o "Sim, obrigado" (da Grã-Bretanha, Geórgia e Austrália).
Não é "a fé estrangeira na economia dos EUA" que leva os de fora a "colocarem o seu dinheiro aqui". Isto é um tolo quadro antropomórfico de uma dinâmica mais sinistra. Os "estrangeiros" em causa não são consumidores a comprar exportações dos EUA, nem são "investidores" do sector privado a comprar acções e títulos dos EUA. As maiores e mais importantes entidades estrangeiras que colocam o "seu dinheiro" aqui são bancos centrais, e não é os "seu dinheiro" de modo algum. Eles estão a remeter de volta os dólares que exportadores estrangeiros e outros receptores entregam aos seus bancos centrais em troca de divisas internas.
Quando o défice de pagamentos dos EUA enche de dólares economias estrangeiras, estes bancos têm pouca opção além de comprar títulos do Tesouro dos EUA os quais são gastos por este no financiamento de um crescimento militar enorme e hostil destinado a cercar os principais recicladores de dólares, China, Japão e produtores de petróleo árabes da OPEP. Mas estes governos são forçados a reciclar influxos de um modo que financia políticas militares dos EUA a cuja formulação eles são alheios e que os ameaça cada vez mais beligerantemente. Foi por isso que a China e a Rússia tomaram a iniciativa de formar a Organização de Cooperação de Shangai (SCO) uns poucos anos atrás.
Aqui na Europa há uma consciência clara de que o défice de pagamentos dos EUA é muito maior do que o défice comercial. Basta simplesmente olhar a Tabela 5 dos dados da balança de pagamentos dos EUA compilados pelo Bureau of Economic Analysis (BEA) e publicados pelo Departamento do Comércio no seu Survey of Current Business para ver que o défice não se deve simplesmente ao facto de consumidores comprarem mais importações do que os Estados Unidos exportam quando o sector financeiro desindustrializa a sua economia. As importações dos EUA estão agora a afundar quando a sua economia se contrai e os consumidores estão agora a descobrir que são obrigados a pagar as dívidas que assumiram.
O Congresso disse aos investidores estrangeiros do maior possuidor de dólares, a China, para não comprar nada excepto talvez lojas de automóveis usados e talvez mais pacotes de hipotecas e acções da Fannie Mae, o equivalente de investidores japoneses a serem pilotados para o gasto de US$1 mil milhões no Rockefeller Center, nos quais a seguir tiveram uma perda de 100%, e ao investimento saudita no Citigroup. Esta é a espécie de "equilíbrio internacional" que os responsáveis dos EUA gostam de ver. "CNOOK [NT] go home" é a palavra-de-ordem quando há tentativas sérias de governos estrangeiros e seus fundos de riqueza soberana (departamentos de bancos centrais a tentarem imaginar o que fazer com a sua inundação de dólares) de fazerem investimentos directos na indústria americana.
De modo que somos confrontados com a extensão em que o défice de pagamentos dos EUA tem origem nos gastos militares. O problema não é só a guerra no Iraque, agora a ser estendida ao Afeganistão e ao Paquistão. É o dispendioso crescimento de bases militares dos EUA na Ásia, Europa, países pós-soviéticos e do Terceiro Mundo. A administração Obama prometeu tornar o montante real destes gastos militares mais transparente. Isto presumivelmente significa publicar um conjunto revisto dos números da balança de pagamentos bem como estatísticas do orçamento federal interno.
A sobrecarga militar é como uma sobrecarga de dívida, extracção de receita da economia. Neste caso é para pagar o complexo militar-industrial, não simplesmente os bancos da Wall Street e outras instituições financeiras. O défice do orçamento federal interno não brota só do "estímulo" de distribuir enormes somas para criar uma nova oligarquia financeira. Ele contém um enorme componente militar em crescimento rápido.
De modo que europeus e asiáticos vêm companhias dos EUA a despejarem cada vez mais dólares para dentro das suas economias, não só para comprarem as suas exportações sem lhes proporcionar bens e serviços em retorno, e não só para comprarem as suas companhias e "postos de comando" de empresas públicas privatizadas sem lhes dar o direito recíproco de comprar companhias importantes nos EUA (recordar que os EUA rejeitaram a tentativa da China de comprar negócios de distribuição de petróleo nos EUA), e não só para comprar acções, títulos e imobiliário estrangeiro. Os media dos EUA de certa forma esquecem de mencionar que o governo estado-unidense está a gastar centenas de milhares de milhões de dólares no exterior não só no Médio Oriente no combate directo, mas também para construir enormes bases militares a fim de cercar o resto do mundo, para instalar sistemas de radar, sistemas de mísseis guiados e outras formas de coerção militar, incluindo as "revoluções coloridas" que tem sido financiadas e ainda o são em torno da antiga União Soviética. Paletes de notas de US$100 envolvidas em plástico, cada uma das quais soma dezenas de milhões de dólares, tornaram-se imagens familiares em algumas emissões de TV, mas não se faz a ligação com os gastos militares e diplomáticos dos EUA e com os haveres em dólares de bancos centrais estrangeiros, os quais são relatados simplesmente como a "maravilhosa fé da recuperação económica dos EUA" e presumivelmente na "mágica monetária" que está a ser montada no Tesouro por Tim Geithner da Wall Street e pelo Helicóptero Ben Bernake no Federal Reserve.
Aqui está o problema: A companhia Coca-Cola recentemente tentou comprar o maior produtor e distribuidor de sumo de frutas da China. A China já possui aproximadamente US$2 milhões de milhões (trillion) em títulos dos EUA a mais do que precisa ou pode utilizar, visto que o Governo dos Estados Unidos recusa-se a deixá-la que compre companhias significativas nos EUA. Se a compra estado-unidense tivesse sido permitida, isto teria confrontado a China com um dilema: A Opção 1 seria deixar a venda consumar-se e aceitar pagamento em dólares, reinvestindo-os no que o Tesouro dos EUA lhes diz, em títulos do Tesouro que rendem cerca de 1%. A China assumiria uma perda capital sobre isto quando as taxas de juros dos EUA ascendessem ou quando o dólar declinasse pois os Estados Unidos estão insistindo isoladamente em políticas expansionistas keynesianas numa tentativa de permitir às companhias dos EUA que arquem com o seu fardo de dívidas.
A Opção 2 é não reciclar os influxos de dólares. Isto levaria o renminbi a subir em relação ao dólar, desgastando dessa forma a competitividade das exportações chinesas nos mercados mundiais. Assim, a China optou por um terceiro caminho, o qual provocou protestos dos EUA. Ela descartou a venda da sua companhia tangível por simples dólares "de papel" os quais combinavam-se com a "opção" de mais uma vez financiar o cerco militar dos EUA aos países da Organização de Cooperação de Shangai (SCO). As únicas pessoas que parecem não estar a perceber isto são os mass media americanos e portanto o público. Posso assegurar a partir de experiência pessoal que isto é percebido aqui na Europa. (Eis uma boa questão diplomática a discutir: Qual será o primeiro país europeu além da Rússia a aderir ao SCO?)
Os manuais académicos nada têm a dizer acerca de como o "equilíbrio" em movimentos de capital especulativo estrangeiro bem como em investimento directo é infinito só até ao ponto em que a economia dos EUA é afectada. A economia dos EUA pode criar dólares livremente, agora que eles já não são convertíveis em ouro ou mesmo em compras de companhias dos EUA, na medida em que a América permanece a economia mais protegida do mundo. Isto só é permitido para proteger a sua agricultura mediante quotas de importação, tendo aberto esta excepção ("grandfathered") nas regras do comércio mundial meio século atrás. O Congresso recusa-se a deixar fundos de "riqueza soberana" investirem em importantes sectores dos EUA.
Assim, somos confrontados com o facto de que o Tesouro dos EUA prefere que bancos centrais estrangeiros se mantenham a financiar o seu défice orçamental interno, o que significa financiar o custo da guerra da América no Médio Oriente e o cerco de países estrangeiros com um cordão de bases militares. Quanto mais "saídas de capital" os investidores gastarem para comprar os sectores mais lucrativos de economias estrangeiras, onde os novos proprietários estado-unidenses podem extrair as mais altas rendas de monopólio, mais fundos acabam em bancos centrais estrangeiros para suportar o crescimento militar global da América. Nenhum manual de teoria política ou relações internacionais sugeriu axiomas para explicar porque os países actuam de um modo tão adverso aos seus próprios interesses políticos, militares e económicos. Mas isto é exactamente o que tem estado a acontecer durante a última geração.
Assim, a questão final acaba por ser o que podem os países fazer para conter este ataque financeiro. Um sindicato de trabalhadores basco perguntou-me se eu pensava que o controle de movimentos de capital especulativo asseguraria que o sistema financeiro actuasse no interesse público. Ou seria necessária a nacionalização sem rodeios para melhor desenvolver a economia real?
Não é simplesmente um problema de "regulação" ou de "controle de movimentos de capital especulativo". A questão é como nações podem actuar como nações reais, no seu próprio interesse, ao invés de serem amarradas ao serviço do quer que seja que diplomatas dos EUA decidam ser do interesse da América.
Qualquer país que tentasse fazer o que os Estados Unidos tem feito durante os últimos 150 anos seria acusado de ser "socialista" e isto pela mais anti-socialista economia do mundo, excepto quando recorre a salvamentos para os seus bancos, "socialismo para o ricos", também conhecidos como oligarquia financeira. Esta retórica quase não deixa alternativa senão a nacionalização completa do crédito como um serviço público básico.
Naturalmente, a palavra "nacionalização" tornou-se um sinónimo para o salvamento dos bancos maiores e mais temerários dos seus maus empréstimos, e para salvar hedge funds e contrapartes não bancárias por perdas no "capitalismo de casino", jogando com derivativos que a AIG e outras seguradoras ou actores no lado perdedor destes jogos são incapazes de pagar. Tais salvamentos não são nacionalização no sentido tradicional do termo, de devolver a criação de crédito e outras funções financeiras básicas ao domínio público. Trata-se do oposto. Ela imprime novos títulos governamentais para submetê-los, juntamente com poder auto-regulatório, ao sector financeiro, bloqueando a cidadania de assumir estas funções.
Enquadrando a questão como uma escolha entre democracia e oligarquia traz a questão de quem irá controlar o governo que faz a regulação e "nacionalização". Se for feita por um governo cujo banco central e os principais comité do Congresso que tratam de finanças são dirigidos pela Wall Street, isto não ajudará a dirigir o crédito para usos produtivos. Isto meramente continuará a era de Greenspan-Paulson-Geithner de mais e mais amplos almoços gratuitos para os seus clientes financeiros.
A ideia de "regulação" da oligarquia financeira é garantir que os desreguladores sejam instalados em posições chave e que se lhes dê um quadro de pessoal reduzido e pouco financiamento. Apesar do anúncio do sr. Greenspan de que tinha chegado a ver a luz e percebera que auto-regulação não funcionava, o Tesouro ainda é dirigido por um responsável da Wall Street e o Fed é dirigido por um lobbyista para a Wall Street. Para os lobbyistas, a preocupação real não é a ideologia como tal e sim o auto-interesse dos seus clientes. Eles podem procurar patetas com boas intenções, conduzidos como são pelos seguidores de Milton Friedman na Universidade de Chicago. Tais indivíduos são colocados no lugar como "porteiros" das principais publicações académicas a fim de impedir a entrada de ideias que não sirvam adequadamente os lobbyistas financeiros.
O pretexto para excluir o governo da regulação significativa é que as finanças são tão técnicas que só alguém da "indústria" financeira é capaz de regulá-la. Para aumentar ainda mais a infâmia, é feita a afirmação adicional e contra-intuitiva de que uma marca da democracia é tornar o banco central "independente" do governo eleito. Na realidade, naturalmente, isso é exactamente o oposto de democracia. As finanças são o centro do sistema económico. Se não forem reguladas democraticamente no interesse público, então estão "livres" para serem dominadas pelos interesses especiais. Assim, isto torna-se a definição oligárquica de "liberdade de mercado".
O perigo é que os governos deixem o sector financeiro determinar como serão aplicadas as "regulações". Os interesses especiais procuram ganhar dinheiro a partir da economia e o sector financeiro faz isto de um modo extractivo. Aqui está o seu plano de marketing. Financiar hoje é actuar de um modo que desindustrialize economias, não que as construa. O "plano" é austeridade para o trabalho, a indústria e todos os sectores fora das finanças, como nos programas do FMI impostos sobre infelizes países devedores do Terceiro Mundo. A experiência da Islândia, Letónia e outras economias "financiarizadas" deveria ser examinada como lições objectivas, mesmo porque eles estão no topo da classificação dos países feita pelo Banco Mundial quanto à "facilidade para fazer negócio".
A única regulação significativa só pode vir de fora do sector financeiro. De outra forma, os países sofrerão o que os japoneses chamam "a descida do céu": os reguladores são seleccionados entre as fileiras dos banqueiros e dos seus "idiotas úteis". Ao saírem do governo eles retornam ao sector financeiro com empregos lucrativos, convites para conferências bem pagas e pagamentos afins. Sabendo disto, regulam em favor dos interesses financeiros especiais, não o do público em geral.
O problema dos movimentos do capital especulativo vai além da formulação de um conjunto de regulações específicas. Refere-se ao âmbito do poder do governo nacional. Os artigos do Acordo do Fundo Monetário Internacional impedem os países de restaurar os sistemas de "taxas de câmbio duplas" que muitos adoptaram ao longo da década de 1950 e mesmo nos anos 60. Era prática generalizada de muitos países haver uma taxa de câmbio para bens e serviços (por vezes várias taxas de câmbio para diferentes categorias de importação e exportação) e uma outra para "movimentos de capital". Sob pressão americana, o FMI impingiu a ficção de que há uma taxa de "equilíbrio" que acontece ser a mesma tanto para bens e serviços como para movimentos de capital. Os governos que não adoptaram esta ideologia foram excluídos da condição de membros do FMI e do Banco Mundial ou foram derrubados.
A implicação hoje é que o único meio com que um país pode bloquear movimentos de capital é retirando-se do FMI, do Banco Mundial e da Organização Mundial de Comércio (OMC). Pela primeira vez desde a década de 1950, isto parece uma possibilidade real, graças à tomada de consciência à escala mundial de como a economia dos EUA está a inundar a economia global com um excesso de dólares "de papel" e à intransigência estado-unidense em travar este seu benefício gratuito. Na perspectiva privilegiada dos EUA, isto é nada menos do que uma tentativa de restringir o seu programa militar internacional.
Michael Hudson
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Os cinco judeus mais...
Moisés, quando disse: " A Lei é tudo !"
Jesus, quando disse: "O amor é tudo !"
Marx, quando disse: "O capital é tudo !"
Freud, quando disse: "O sexo é tudo !"
Depois veio Einstein e mandou TUDO à merda quando disse:
"TUDO é relativo."
Taça da Liga - ULTIMA HORA DECISÃO DO TRIBUNAL
À semelhança do caso "Esmeralda", o Tribunal decidiu que o Sporting
pode visitar a Taça:
ÀS Segundas, Quartas e Sextas, tendo ainda um Fim de Semana de 15 em 15 dias.
Sobre as sociedades de controlo ( texto de Gilles Deleuze)
1.HISTÓRICOFoucault situou as sociedades disciplinares nos séculos XVIII e XIX; atingem seu apogeu no início do século XX. Elas procedem à organização dos grandes meios de confinamento. O indivíduo não cessa de passar de um espaço fechado a outro, cada um com suas leis: primeiro a família, depois a escola (”você não está mais na sua família”), depois a caserna (”você não está mais na escola”), depois a fábrica, de vez em quando o hospital, eventualmente a prisão, que é o meio de confinamento por excelência. É a prisão que serve de modelo analógico: a heroína de Europa 51, de Rosselini, pode exclamar, ao ver operários, “pensei estar vendo condenados…”.Foucault analisou muito bem o projeto ideal dos meios de confinamento, visível especialmente na fábrica: concentrar; distribuir no espaço; ordenar no tempo; compor no espaço-tempo uma força produtiva cujo efeito deve ser superior à soma das forças elementares. Mas o que Foucault também sabia era da brevidade deste modelo: ele sucedia às sociedades de soberania, cujo objetivo e funções eram completamente diferentes (taxar mais do que organizar a produção, decidir sobre a morte mais do que gerir a vida); a transição foi feita progressivamente, e Napoleão parece ter operado a grande conversão de uma sociedade à outra. Mas as disciplinas, por sua vez, também conheceriam uma crise, em favor de novas forças que se instalavam lentamente e que se precipitariam depois da Segunda Guerra mundial: sociedades disciplinares é o que já não éramos mais, o que deixávamos de ser.Encontramo-nos numa crise generalizada de todos os meios de confinamento, prisão, hospital, fábrica, escola, família. A família é um “interior “, em crise como qualquer outro interior, escolar, profissional, etc. Os ministros competentes não param de anunciar reformas supostamente necessárias. Reformar a escola, reformar a indústria, o hospital, o exército, a prisão; mas todos sabem que essas instituições estão condenadas, num prazo mais ou menos longo. Trata-se apenas de gerir sua agonia e ocupar as pessoas, até a instalação das novas forças que se anunciam. São as sociedades de controle que estão substituindo as sociedades disciplinares. “Controle” é o nome que Burroughs propõe para designar o novo monstro, e que Foucault reconhece como nosso futuro próximo. Paul Virillo também analisa sem parar as formas ultra-rápidas de controle ao ar livre, que substituem as antigas disciplinas que operavam na duração de um sistema fechado. Não cabe invocar produções farmacêuticas extraordinárias, formações nucleares, manipulações genéticas, ainda que elas sejam destinadas a intervir no novo processo. Não se deve perguntar qual é o regime mais duro, ou o mais tolerável, pois é em cada um deles que se enfrentam as liberações e as sujeições. Por exemplo, na crise do hospital como meio de confinamento, a setorização, os hospitais-dia, o atendimento a domicílio puderam marcar de início novas liberdades, mas também passaram a integrar mecanismos de controle que rivalizam com os mais duros confinamentos. Não cabe temer ou esperar, mas buscar novas armas.II. LÓGICAOs diferentes internatos ou meios de confinamento pelos quais passa o indivíduo são variáveis independentes: supõe-se que a cada vez ele recomece do zero, e a linguagem comum a todos esses meios existe, mas é analógica. Ao passo que os diferentes modos de controle, os controlatos, são variações inseparáveis, formando um sistema de geometria variável cuja linguagem é numérica (o que não quer dizer necessariamente binária). Os confinamentos são moldes, distintas moldagens, mas os controles são uma modulação, como uma moldagem auto-deformante que mudasse continuamente, a cada instante, ou como uma peneira cujas malhas mudassem de um ponto a outro.Isto se vê claramente na questão dos salários: a fábrica era um corpo que levava suas forças internas a um ponto de equilíbrio, o mais alto possível para a produção, o mais baixo possível para os salários; mas numa sociedade de controle a empresa substituiu a fábrica, e a empresa é uma alma, um gás. Sem dúvida a fábrica já conhecia o sistema de prêmios mas a empresa se esforça mais profundamente em impor uma modulação para cada salário, num estado de perpétua metaestabilidade, que passa por desafios, concursos e colóquios extremamente cômicos. Se os jogos de televisão mais idiotas têm tanto sucesso é porque exprimem adequadamente a situação de empresa. A fábrica constituía os indivíduos em um só corpo, para a dupla vantagem do patronato que vigiava cada elemento na massa, e dos sindicatos que mobilizavam uma massa de resistência; mas a empresa introduz o tempo todo uma rivalidade inexpiável como sã emulação, excelente motivação que contrapõe os indivíduos entre si e atravessa cada um, dividindo-o em si mesmo. O princípio modulador do “salário por mérito” tenta a própria educação nacional: com efeito, assim como a empresa substitui a fábrica, a formação permanente tende a substituir a escola, e o controle contínuo substitui o exame. Este é o meio mais garantido de entregar a escola à empresa.Nas sociedades de disciplina não se parava de recomeçar (da escola à caserna, da caserna à fábrica), enquanto nas sociedades de controle nunca se termina nada, a empresa, a formação, o serviço sendo os estados metaestáveis e coexistentes de uma mesma modulação, como que de um deformador universal. Kafka, que já se instalava no cruzamento dos dois tipos de sociedade, descreveu em O processo as formas jurídicas mais temíveis: a quitação aparente das sociedades disciplinares (entre dois confinamentos), a moratória ilimitada das sociedades de controle (em variação contínua) são dois modos de vida jurídicos muito diferentes, e se nosso direito, ele mesmo em crise, hesita entre ambos, é porque saímos de um para entrar no outro. As sociedades disciplinares têm dois pólos: a assinatura que indica o indivíduo, e o número de matrícula que indica sua posição numa massa. É que as disciplinas nunca viram incompatibilidade entre os dois, e é ao mesmo tempo que o poder é massificante e individuante, isto é, constitui num corpo único aqueles sobre os quais se exerce, e molda a individualidade de cada membro do corpo (Foucault via a origem desse duplo cuidado no poder pastoral do sacerdote - o rebanho e cada um dos animais - mas o poder civil, por sua vez, iria converter-se em “pastor” laico por outros meios). Nas sociedades de controle, ao contrário, o essencial não é mais uma assinatura e nem um número, mas uma cifra: a cifra é uma senha, ao passo que as sociedades disciplinares são reguladas por palavras de ordem (tanto do ponto de vista da integração quanto da resistência). A linguagem numérica do controle é feita de cifras, que marcam o acesso à informação, ou a rejeição. Não se está mais diante do par massa-indivíduo. Os indivíduos tornaram-se “dividuais”, divisíveis, e as massas tornaram-se amostras, dados, mercados ou “bancos”. É o dinheiro que talvez melhor exprima a distinção entre as duas sociedades, visto que a disciplina sempre se referiu a moedas cunhadas em ouro - que servia de medida padrão -, ao passo que o controle remete a trocas flutuantes, modulações que fazem intervir como cifra uma percentagem de diferentes amostras de moeda. A velha toupeira monetária é o animal dos meios de confinamento, mas a serpente o é das sociedades de controle. Passamos de um animal a outro, da toupeira à serpente, no regime em que vivemos, mas também na nossa maneira de viver e nas nossas relações com outrem. O homem da disciplina era um produtor descontínuo de energia, mas o homem do controle é antes ondulatório, funcionando em órbita, num feixe contínuo. Por toda parte o surf já substituiu os antigos esportes.É fácil fazer corresponder a cada sociedade certos tipos de máquina, não porque as máquinas sejam determinantes, mas porque elas exprimem as formas sociais capazes de lhes darem nascimento e utilizá-las. As antigas sociedades de soberania manejavam máquinas simples, alavancas, roldanas, relógios; mas as sociedades disciplinares recentes tinham por equipamento máquinas energéticas, com o perigo passivo da entropia e o perigo ativo da sabotagem; as sociedades de controle operam por máquinas de uma terceira espécie, máquinas de informática e computadores, cujo perigo passivo é a interferência, e o ativo a pirataria e a introdução de vírus. Não é uma evolução tecnológica sem ser, mais profundamente, uma mutação do capitalismo. É uma mutação já bem conhecida que pode ser resumida assim: o capitalismo do século XIX é de concentração, para a produção, e de propriedade. Por conseguinte, erige a fábrica como meio de confinamento, o capitalista sendo o proprietário dos meios de produção, mas também eventualmente proprietário de outros espaços concebidos por analogia (a casa familiar do operário, a escola). Quanto ao mercado, é conquistado ora por especialização, ora por colonização, ora por redução dos custos de produção. Mas atualmente o capitalismo não é mais dirigido para a produção, relegada com frequência à periferia do Terceiro Mundo, mesmo sob as formas complexas do têxtil, da metalurgia ou do petróleo. É um capitalismo de sobre-produção. Não compra mais matéria-prima e já não vende produtos acabados: compra produtos acabados, ou monta peças destacadas. O que ele quer vender são serviços, e o que quer comprar são ações. Já não é um capitalismo dirigido para a produção, mas para o produto, isto é, para a venda ou para o mercado. Por isso ele é essencialmente dispersivo, e a fábrica cedeu lugar à empresa. A família, a escola, o exército, a fábrica não são mais espaços analógicos distintos que convergem para um proprietário, Estado ou potência privada, mas são agora figuras cifradas, deformáveis e transformáveis, de uma mesma empresa que só tem gerentes. Até a arte abandonou os espaços fechados para entrar nos circuitos abertos do banco. As conquistas de mercado se fazem por tomada de controle e não mais por formação de disciplina, por fixação de cotações mais do que por redução de custos, por transformação do produto mais do que por especialização da produção. A corrupção ganha aí uma nova potência. O serviço de vendas tornou-se o centro ou a “alma” da empresa. Informam-nos que as empresas têm uma alma, o que é efetivamente a notícia mais terrificante do mundo. O marketing é agora o instrumento de controle social, e forma a raça impudente dos nossos senhores. O controle é de curto prazo e de rotação rápida, mas também contínuo e ilimitado, ao passo que a disciplina era de longa duração, infinita e descontínua. O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado. É verdade que o capitalismo manteve como constante a extrema miséria de três quartos da humanidade, pobres demais para a dívida, numerosos demais para o confinamento: o controle não só terá que enfrentar a dissipação das fronteiras, mas também a explosão dos guetos e favelas.III. PROGRAMANão há necessidade de ficção científica para se conceber um mecanismo de controle que dê, a cada instante, a posição de um elemento em espaço aberto, animal numa reserva, homem numa empresa (coleira eletrônica). Félix Guattari imaginou uma cidade onde cada um pudesse deixar seu apartamento, sua rua, seu bairro, graças a um cartão eletrônico (dividual) que abriria as barreiras; mas o cartão poderia também ser recusado em tal dia, ou entre tal e tal hora; o que conta não é a barreira, mas o computador que detecta a posição de cada um, lícita ou ilícita, e opera uma modulação universal.O estudo sócio-técnico dos mecanismos de controle, apreendidos em sua aurora, deveria ser categorial e descrever o que já está em vias de ser implantado no lugar dos meios de confinamento disciplinares, cuja crise todo mundo anuncia. Pode ser que meios antigos, tomados de empréstimo às antigas sociedades de soberania, retornem à cena, mas devidamente adaptados. O que conta é que estamos no início de alguma coisa. No regime das prisões: a busca de penas “substitutivas”, ao menos para a pequena delinqüência, e a utilização de coleiras eletrônicas que obrigam o condenado a ficar em casa em certas horas. No regime das escolas: as formas de controle contínuo, avaliação contínua, e a ação da formação permanente sobre a escola, o abandono correspondente de qualquer pesquisa na Universidade, a introdução da “empresa” em todos os níveis de escolaridade. No regime dos hospitais: a nova medicina “sem médico nem doente”, que resgata doentes potenciais e sujeitos a risco, o que de modo algum demonstra um progresso em direção à individuação, como se diz, mas substitui o corpo individual ou numérico pela cifra de uma matéria “dividual” a ser controlada. No regime da empresa: as novas maneiras de tratar o dinheiro, os produtos e os homens, que já não passam pela antiga forma-fábrica. São exemplos frágeis, mas que permitiriam compreender melhor o que se entende por crise das instituições, isto é, a implantação progressiva e dispersa de um novo regime de dominação. Uma das questões mais importantes diria respeito à inaptidão dos sindicatos: ligados, por toda sua história, à luta contra disciplinas ou nos meios de confinamento, conseguirão adaptar-se ou cederão o lugar a novas formas de resistência contra as sociedades de controle? Será que já se pode apreender esboços dessas formas por vir, capazes de combater as alegrias do marketing? Muitos jovens pedem estranhamente para serem “motivados”, e solicitam novos estágios e formação permanente; cabe a eles descobrir a que estão sendo levados a servir, assim como seus antecessores descobriram, não sem dor, a finalidade das disciplinas. Os anéis de uma serpente são ainda mais complicados que os buracos de uma toupeira.texto extraído daqui, e daqui
http://pimentanegra.blogspot.com/
Comité do Conselho da Europa denuncia maus tratos nas esquadras de polícia e nas prisões portuguesas
Educação para os direitos humanoswww.hrea.org/index.php?base_id=134
Direitos dos reclusos na União EuropeiaRecomendação do Parlamento Europeu ao Conselho sobre os direitos dos reclusos na União Europeia: ver aqui
Sim Grande Líder, Fizeste bem...
Mas não queiras agora tirar o rabinho de fora... Não foi ela que nunca quis ceder... Foste tu como grande líder daqueles que nos governam... O teu nome não mais será esquecido...
http://porquemedizem.blogspot.com/
Sócrates considera que ministra da Educação fez bem em "nunca ceder"
"Fizemos bem em não desistir, a senhora ministra fez bem em nunca ceder", afirmou José Sócrates, em Mafra, na cerimónia de assinatura de um protocolo entre a autarquia e o ministério da Educação para a recuperação de uma escola de segundo e terceiro ciclo.
Recordando as reformas feitas na antiga escola primária ao longo dos últimos quatro anos, como o alargamento do horário de funcionamento até as 17h30 ou encerramento dos estabelecimentos com menos de dez alunos, o primeiro-ministro considerou que "tudo mudou".
"Mudámos tudo na escola do primeiro ciclo", congratulou-se, lembrando a satisfação com que leu "o relatório feito pelos melhores peritos da OCDE" sobre a reforma "ambiciosa" que o executivo levou cabo. Por isso, acrescentou, apesar de ser difícil ultrapassar os obstáculos que se vão colocando no caminho, "apesar da verborreia sobre tudo o que se fez, a reforma vai avançando".
Comentário: "o primeiro-ministro considerou que "tudo mudou"."Sem dúvida, tudo mudou, a merda agora está generalizada!
A todos o que é de todos
Também os lucros da GALP dispararam. No último trimestre de 2008 ficaram 200% acima do mesmo período do ano passado. Em plena crise, os consumidores foram enganados em 125 milhões de euros: os preços internacionais do petróleo baixaram, mas a GALP esqueceu-se de os actualizar. Essas manobras valem ouro para os grandes accionistas da empresa, mas são pagas pela sociedade através do agravamento do custo de vida (aumentos nos transportes individuais e colectivos, no preço das matérias transportadas, etc.) e até do desemprego, considerando o peso do combustível e dos transportes nas contas de empresas em dificuldades.
Uma sondagem publicada hoje na Visão revela que quase dois terços dos inquiridos defende que o sector energético seria melhor gerido pelo Estado do que pelo sector privado. De facto, a situação social torna evidente a sensatez da proposta do Bloco de Esquerda, a nacionalização do sector energético. Trata-se de um sector estratégico, no sentido em que pode ser uma ferramenta essencial de política económica, social e ambiental. É certo que a propriedade pública não garante por si só um sector energético subordinado aos interesses da maioria da população: vendo a forma como a CGD dissipa dinheiro de todos a salvar milionários, fica claro que a propriedade pública não basta. Mas esta é uma condição necessária, porque só sob planeamento democrático se podem substituir os critérios da acumulação privada pelas prioridades sociais e ambientais urgentes.
O sector energético é um instrumento de política social. Nacionalizadas, a GALP e a EDP podem canalizar as suas mais-valias para o investimento público e para políticas distributivas. Podem praticar preços que contrariem o ciclo da crise e aliviem as famílias mais pressionadas pelo desemprego e pela pobreza. Podem fazer aplicações em reconversão tecnológica virada para as energias renováveis.
Na verdade, sob a política privatizadora dos governos do centrão, o sector energético já é um instrumento de política social. Mas de política social negativa, ao serviço das fortunas suas proprietárias: a privatização da GALP foi um negócio ruinoso para o Estado que fez de Américo Amorim o homem mais rico do país. Amorim passou a dispor (com a Sonangol) de 33% da GALP. A empresa foi avaliada em cerca de 5 mil milhões de euros e, dois anos depois, estava cotada em 10 mil milhões. Nesta operação, o Estado perdeu 1500 milhões de euros, além dos dividendos pagos pela GALP. O prejuízo equivale a um défice orçamental de mais de 1% do PIB.
A propriedade pública e o controlo democrático do sector energético é portanto parte de uma resposta socialista à crise. Resposta socialista à crise abrupta do capitalismo liberal e à grande crise do nosso tempo – o aquecimento global e o colapso ecológico do planeta.
A nacionalização do sector energético é uma questão de bom senso.
http://infoalternativa.org/spip.php?article731
A banca teve 2.051 milhões de euros de lucros em 2008 e pagou menos 318 milhões de euros de impostos
Enquanto isto sucede, a parte da riqueza criada ou apropriada pela banca que reverte para os trabalhadores, sob a forma de remunerações, é cada vez menor. Assim, se compararmos os Custos com Pessoal da banca, quer com o Produto Bancário de Exploração, quer com o VAB do sector, a conclusão que se tira é a mesma: a percentagem que reverte para os trabalhadores, que era já reduzida em 2007, diminuiu ainda mais em 2008. Em 2007, os Custos com Pessoal representavam 30,4% do Produto Bancário de Exploração e 38,1% do VAB do sector, e, em 2008, essas percentagens diminuíram, respectivamente, para 27,6% e 34,1%. E tenha-se presente que uma parcela dos “Custos com Pessoal” não reverte para os trabalhadores, pois inclui as elevadíssimas remunerações e outros benefícios pagos aos administradores, incluindo as despesas com as suas pensões, e ainda com transportes, ajudas de custo, etc..
Esta repartição da riqueza em benefício do capital é também confirmada por outros dados. De acordo com a Associação dos Bancos Portugueses, entre 2007 e 2008, o Produto bancário por empregado cresceu 5,8%, o VAB por empregado subiu 7,2%, mas os Custos com Pessoal por empregado diminuíram 3,9%.
No período de Janeiro a Fevereiro de 2009, as receitas fiscais cobradas pelo Estado foram inferiores em 9,5% às arrecadas em idêntico período de 2008. Em valor, o Estado arrecadou em 2009 menos 571,4 milhões de euros do que em idêntico período de 2008. Em relação ao IVA, a receita arrecadada diminuiu 10,2% em percentagem e 289,9 milhões de euros em valor, o que, para além de ter um grande impacto nas receitas do Estado, revela uma quebra na actividade económica muito superior às previsões do governo e do Banco de Portugal, já que este imposto reflecte a evolução da actividade económica.
Se esta tendência de redução das receitas fiscais se mantiver no futuro (e é previsível que isso aconteça), o desvio para menos em relação às receitas fiscais previstas no Orçamento do Estado de 2009, que é de 37.123,9 milhões de euros, será certamente superior a 2.000 milhões de euros, o que fará saltar o défice orçamental, em 2009, para mais de 5% do PIB. Apesar deste agravamento significativo do défice orçamental em 2009, Sócrates continua a distribuir, sem qualquer plano e estratégia, milhões de euros de dinheiros públicos aos patrões privados. Em primeiro lugar, foram os 24.000 milhões de euros para apoiar a banca; depois foi a nacionalização do banco falido BPN, que deverá custar aos contribuintes mais de 2.000 milhões de euros; seguidamente foram mais de 800 milhões de euros de apoios ao sector automóvel, 850 milhões de euros de apoios ao sector têxtil, vestuário e calçado e, agora, foram anunciados mais 180 milhões de euros para o sector da cortiça negociados directamente com o grupo Amorim. E tudo isto sem qualquer garantia de que estes sectores sejam reestruturados e modernizados para que, findos os apoios, sejam competitivos e não façam despedimentos. Para que seja mais fácil ao governo satisfazer as exigências patronais com dinheiros públicos, sem qualquer responsabilidades para estes de tomar medidas adequadas para resolver os problemas de cada um destes sectores, o governo tem excluído os representantes dos trabalhadores dessas “negociatas”. Assim, enquanto este governo revela umas mãos largas em relação aos patrões, satisfazendo as suas reivindicações, o que está a pôr em causa a estabilidade financeira do Estado e do banco do Estado, a CGD, Sócrates recusa-se a debater as propostas apresentadas pelas associações sindicais de cada distrito para enfrentar a crise. O “diálogo” deste governo é só com patrões, o que o torna um simulacro de negociação, pois tem-se limitado a satisfazer as suas exigências à custa de dinheiros públicos.
http://infoalternativa.org/spip.php?article730
Site particular permite saber tudo o que o portal das compras públicas não mostra
Se se quiser saber, por exemplo, que compras é que uma junta de freguesia fez, a quem e por quanto, não há qualquer problema. Basta aceder ao site http://transparencia-pt.org/, escrever o nome da autarquia no campo “pesquisa” e clicar. No monitor do computador surgem então todas as aquisições de bens e serviços efectuadas por ajuste directo por aquele entidade, desde Agosto de 2007, com indicação da data, do nome do fornecedor, do objecto da aquisição e do preço.
Clicando sobre o preço ou o objecto abre-se imediatamente a janela do portal oficial dos contratos públicos (http://www.base.gov.pt/), criado no Verão no âmbito do ministério das Obras Públicas e onde constam os dados mais detalhados daquele negócio. Se se clicar em cima do nome da entidade adjudicada (empresa fornecedora) surge a informação disponível sobre a mesma no site publicacões on line do Ministério da Justiça (http://publicacoes.mj.pt). Neste site, que desde 1 de Janeiro de 2006 publica todos os registos a que as sociedades comerciais estão obrigadas, e que até então saíam na terceira série do Diário da República, extinta no quadro do programa Simplex, encontram-se, entre outros, todos os elementos relativos à identidade dos sócios e dos gerentes, e às partes de capital de cada sócio, registados depois daquela data.
Erros crassos no site oficial
As possibilidades de pesquisa oferecidas pelo site “Transparência na AP” incluem, para lá do nome da entidade adjudicante, o tipo de fornecimento contratado. Torna-se assim possível procurar todas as compras de vinho, papel higiénico ou quaisquer outros bens efectuadas pelas cerca de 12 mil entidades públicas sujeitas a registo obrigatório das suas aquisições por ajuste directo, da mesma forma que se localizam as contratações de empreitadas, consultorias, ou quaisquer outros serviços. A pesquisa pelo nome dos fornecedores também está disponível.
A matéria-prima deste "milagre" da tecnologia reside nas duas bases de dados oficiais referidas, sendo que a das Obras Públicas, gerida pelo Instituto da Construção e do Imobiliário (INCI) e criada em nome da transparência dos contratos, apresenta desde o início grandes problemas de acessibilidade e erros graves. Já com cerca de 15 mil registos de ajustes directos, este portal não obedece sequer a uma ordem cronológica, nem permite a realização de qualquer tipo de pesquisas, o que o torna em grande parte inútil. Por outro lado, as informações fornecidas estão longe de ser seguras, chegando a ser caricatas.
Basta dizer que a Câmara de Loures lá está com uma compra de vinho de 652.300 euros e que a de Castro Marim aparece como tendo contratado um professor de Educação Física por um milhão e 53 mil euros. Isto quando o limite legal para as aquisições por ajuste directo de bens e serviços está fixado, no caso das autarquias, em 206 mil euros. Casos como estes, que estão a fazer as delícias de muitos bloggers desde anteontem, são às dezenas, havendo até uma renovação de licenças de software da Microsoft que custou 14 milhões e 360 mil euros à Agência para a Modernização Administrativa.
Os erros em causa têm sido objecto de reclamação por parte de várias entidades, como é o caso da Câmara de Loures, que desde o início de Novembro está a protestar, sem sucesso, contra muitos deles, designadamente os dois zeros que foram acrescentados aos 6523 euros que pagou pelo vinho. A última reclamação desta autarquia data de 18 de Dezembro e consta de uma carta do seu presidente ao ministro das Obras Públicas, que ainda não teve qualquer efeito nem resposta.
Para explicar as fragilidades do portal Base, o presidente do INCI, Ponce Leão, disse ao PÚBLICO que o mesmo "ainda está em desenvolvimento", acrescentando que os erros que têm sido detectados correspondem normalmente a problemas na introdução dos dados e não ao software. Quanto à impossibilidade de fazer pesquisas no portal, Ponce Leão diz que os motores respectivos deverão estar a funcionar "dentro de dez dias", acrescentando que a prioridade para o INCI tem sido a criação da base de dados e a segurança do sistema.
segunda-feira, março 30, 2009
Século XXI: O descalabro da saúde oral em Portugal
“Sou médica dentista e trabalho num centro de saúde a atender só crianças dos 3 aos 18 anos. Estou em risco de ficar desempregada devido à criação do famoso cheque dentista que não é mais do que atirar areia para os olhos do nosso povo... uma criança com 8 anos, por exemplo, terá de esperar até aos 10 para tratar um abcesso? Uma criança com 5 anos já com os primeiros molares terá de esperar até aos 7 para selantes?”
O segundo comentário é de quem também está no terreno e sabe o que vai acontecer à maioria das crianças e jovens com quem está a lidar: daqui a cinco, dez ou quinze anos (2015, 2020 ou em 2025) muitos deles terão perdido metade (escrevi bem, metade) dos dentes porque agora não têm qualquer hipótese de terem acesso a cuidados de saúde oral (falo claro, cuidados de saúde oral no sentido exacto do termo):
“Trabalho como psicóloga num agrupamento de escolas inserido num bairro social muito problemático. Tenho lá alunos que tenho a clara percepção que quando chegarem à idade adulta, não terão metade dos dentes, ou seja, a prevenção nestes jovens já era. Necessitam de inúmeros tratamentos, mas os adultos responsáveis por eles reclamam não conseguir pagar as consultas.
Digo adultos, pois muitos não têm pais, e muito menos alguém que desde cedo pudesse considerar a saúde oral como uma prioridade a par de outras. Com 2 ou 3 cheques dentistas, como vão estes alunos fazer os tratamentos que necessitam? Já para não falar da quantidade de jovens que já ultrapassaram os 13 anos...Não há nenhuma forma de apoio social a estas pessoas?”
Apesar de estarmos no Século XXI e Portugal pertencer à União Europeia, parece que o destino e o percurso destas crianças e jovens será pouco diferente de outros que agora chegaram à idade adulta (ver aqui).
Mas há mais … Sabe que, se tiver a infeliz necessidade de recorrer a uma urgência de odontologia em determinados hospitais centrais (digo bem, hospitais centrais), não existe sequer um médico especializado para o atender? Vá lá, imagine-se num fim-de-semana em Vila Real e acontece-lhe o azar de ter um acidente facial e necessite urgentemente de ser atendido por um odontologista ou médico dentista? Bem, o melhor é que isso nunca lhe venha a acontecer!
E sabem mais? O senhor Primeiro Ministro, a Senhora Ministra da Saúde, a Senhora Ministra da Educação, o Senhor Director-Geral da Saúde, os senhores Deputados à Assembleia da República, o Senhor Presidente da República e a Ordem dos Médicos Dentistas têm conhecimento destes factos. E o que fazem para os resolver? Todos sabemos que estes senhores lidam com dezenas de milhares de milhões de euros e que bastava tão pouco para que este problema não fosse um cancro dentro do nosso país; apenas a má fé própria de todos eles (vá lá o diabo saber porque agem assim) negam o acesso à saúde oral a largas centenas de milhares de crianças e jovens do país, com consequências devastadoras para o resto das suas vidas.
http://saudeoral.blogspot.com/
Dois em um porque é o que está a dar!...
Um jovem português que trabalhava no Porto negociou um contrato em nome da sua empresa. No dia marcado para a assinatura, fez uma viagem de duas horas e apresentou-se na outra empresa à hora combinada. Mas nesse dia o "Senhor Engenheiro" encontrava-se mal-disposto e mandou dizer que não estava para aturar miúdos: ele que voltasse noutro dia. Passado algum tempo, este jovem emigrou, juntando-se ao número dos que refiro neste artigo. Não tomou esta decisão por causa deste episódio, mas pesou nela uma longa sucessão de episódios semelhantes.
Vários meses depois e trezentos quilómetros mais a Sul, mil portugueses compraram bilhetes para assistir a um espectáculo de ópera no CCB. O espectáculo começou com meia hora de atraso porque outro "Senhor Engenheiro" - Primeiro-Ministro de Portugal - achou perfeitamente natural que a cortina só subisse quando ele e os seus acompanhantes estivessem sentados nas respectivas cadeiras. O que ele não acharia natural, atrevo-me a suspeitar, é que o espectáculo tivesse começado à hora marcada sem a sua ilustre presença.
O que têm estes dois episódios em comum? O facto de ambos envolverem "Senhores Engenheiros" é irrelevante, como é irrelevante a hipótese de ambos darem aos portugueses vontade de emigrar.
O que é relevante é a aparente banalidade dos dois casos. A naturalidade com que estas coisas se fazem todos os dias, milhares de vezes e por todo o país. É serem o retrato cruel duma cultura em o que conta não é ser competente, mas sim ser importante. E é claro: a importância de cada um mede-se, muitas vezes à falta de outro título, pelo poder de fazer esperar os outros.
O atraso de Sócrates
Imaginemos, forçando um pouco, que José Sócrates era um bom primeiro ministro. Imaginemos que todas as suas políticas eram acertadas, ou pelo menos uma boa parte delas. Imaginemos que governava para o bem comum e não para o bem de uns poucos. Mesmo assim, todo esse bom trabalho teria sido desfeito pelo mau exemplo que deu ao chegar atrasado ao CCB. Num país como Portugal, em que a falta de pontualidade é um vício generalizado (que nos fica caríssimo em termos de riqueza e de qualidade de vida), um responsável político não pode, simplesmente não pode, dar exemplos destes. Seja qual for a desculpa.
O remédio para a falta de pontualidade é simples: nunca esperar por ninguém. Imaginemos que o director do CCB tinha decidido dar início ao espectáculo à hora marcada. José Sócrates ficaria perante uma escolha: ou retaliava, ou aproveitava para o elogiar em público, apresentando-o como exemplo do "Portugal moderno" que a sua propaganda nos vende. A hubris aconselharia a primeira alternativa, a inteligência a segunda.
Desconfio que no caso de José Sócrates prevaleceria a hubris. Mas a hubris, como é sabido, atrai a vingança dos deuses.
http://legoergosum.blogspot.com/
TOP 10 que por acaso é TOP 9, mas ninguém leva a mal...
Titulo: ' A bela adormecida'
2 - Apesar de não ser loira, deve ser distraida...pormenores!
Titulo : ' Descobre o ladrão'
3 - O amor é cego!!
Titulo : ' Nem um desastre os separa'
4 - Faro, Capital de quê????
Titulo: ' Segurança no Trabalho'
A 4ª foto é de FARO!
5 - Como??? Pois!!
Titulo: ' Socrates Club'
6 - Que Subtil!!!!
Titulo: 'Mensagem de Paulo Portas'
7 - Desculpe não percebi o nome!
Titulo : ' Ós Q??? '
8 - Os estádio estão vazios?? E depois? O meu prédio fica sempre cheio em dias de jogo!!!
Titulo: ' Terceiro anel e... águas furtadas! '
9 - Algumas tomadas dizem protecção contra picos!! Não me lembro se fala em Salpicos, quanto mais enxurradas!!!!
Titulo: ' Deus protege os bébados '
Por que a crise atual é pior do que a de 29?
Oitenta anos separam 1929 de 2009. Tempo insuficiente para entender-se os acontecimentos daquele período, muito menos os anos posteriores que deram origem ao nazi-facismo na Europa e segui-se à segunda guerra mundial com todos os seus horrores, o capitalismo já encontra-se imerso na maior crise de sua existência. Olhando pela janela da história nosso passado recente, não precisamos de nenhuma expertise para enxergar as diferenças fenomenais entre aquele mundo, onde as formações pré-capitalistas abundavam, e o de hoje, de absoluta hegemonia do capital, que traz como efeitos colaterais desequilíbrios ecológicos assombrosos.
Em 29, e até após a segunda guerra mundial, parte significativa da população de um planeta muito menos povoado vivia no campo, mesmo na Europa, principalmente na Central, na Rússia e nos países do Leste que com ela formavam o bloco Soviético. Nações continentais como a Índia e a China eram praticamente agrárias. A situação não era diferente no restante da Ásia, América Latina. Os EUA, que despontava como a grande potência industrial pós-guerra, o peso do campo ainda era muito grande. Parte do que se produzia ia para o mercado mundial (como o café e o açúcar aqui no Brasil), mas a economia de subsistência tinha uma importância muito grande, ou seja, significativos agregados humanos só marginalmente se relacionava com o mercado. A troca do excedente produzido em muitas áreas rurais ainda se dava sem a mediação do dinheiro, o trabalho assalariado não tinha se consolidado.
Depois da segunda guerra mundial, o fluxo migratório em um mesmo país, ou entre países, sempre se deu no sentido campo-cidade. O avanço da monocultura de produtos para o mercado mundial, e, mais recentemente, o emprego intensivo de capital e de novas tecnologias no campo, movimentou imensos contingentes humanos em direção as cidades, que resultou em megalópoles com problemas infindáveis, principalmente nos países de terceiro mundo. Toda uma população que antes vivia no campo e pouco dependia do dinheiro para sobreviver, passa agora depender da produção capitalista e, conseqüentemente, do vil metal sem o qual põe em risco sua sobrevivência.
A crise de 29 se alastrou pelo mundo, mas foi sentida mais intensamente na Europa Ocidental e EUA. Se compararmos o PIB mundial daquele período com o atual como também a extensão da crise, veremos que a destruição de capital em 29 foi infinitamente inferior ao que hoje vivenciamos. O colapso do sistema financeiro e a violenta retração da produção que continua em curso é global. Não existem regiões, países ou populações menos afetados como foi observado em 29. A cidade e o campo contorcem-se com a mesma dor, basta analisar o comportamento dos preços das commodities de toda espécie que vem despencando pelo fraco desempenho do mercado mundial.
Ao colapso das empresas seguir-se-á o colapso de países e regiões inteiras apesar das instituições anticíclicas criadas antes e após a segunda guerra mundial. Países literalmente falidos já fazem fila e batem de pires na mão na porta do FMI, dos bancos centrais europeus e americano em busca de salvação. Será possível? Em terras arrasadas, depois de revolvidas, pode nascer alguma coisa, mesmo que seja erva daninha. Mas o custo social, que ainda não cobrou seu preço, será devastador! O desemprego, já agravado pela terceira revolução industrial, pode atingir números dramáticos e os governos dificilmente conseguirão manter benefícios para todos desempregados, mesmo porque a prioridade é utilizar os recursos financeiros, fictícios ou não, para manter a máquina capitalista autofágica funcionando.
O caminho que seguem com determinação para salvar o capitalismo global em crise continua o mesmo: mais bolhas. Antes estimuladas pelos governos e geradas nos mercados é agora de vez assumida pelos Estados que já não escondem a impressão de dinheiro sem substância em suas casas da moeda em magnitudes jamais vistas sob o aplauso de todos. O capitalismo em fase terminal, para manter-se morto-vivo teve que fraudar a acumulação com toda espécie de bolhas nas últimas décadas. Sem milagres a vista, a toada continua a mesma, agora sob a batuta dos governos até que um novo estouro recobre o real sentido da crise.
Açores e Madeira beneficiam funcionários públicos
Reforma da administração pública
Açores e Madeira beneficiam funcionários públicos
Os funcionários públicos da Madeira e dos Açores vão manter o vínculo ao Estado, ficando com um regime mais favorável do que a generalidade dos funcionários do Continente que, no início de Janeiro, foram obrigados a transitar para o Contrato de Trabalho em Funções Públicas (CTFP).
Escândalo: Névoa foi nomeado presidente de empresa intermunicipal de Braga
Para director-geral da Braval foi nomeado Pedro Machado, genro de Mesquita Machado, presidente da Câmara Municipal de Braga e dirigente do PS.O Bloco de Braga tomou já posição, apelando à destituição de Névoa.
Na passada Sexta feira, a Assembleia Geral da Braval elegeu o presidente da empresa e o director-geral. A Assembleia Geral é composta pela empresa Agere, que detém larga maioria da empresa, e pelos municípios de Amares, Póvoa de Lanhoso, Terras do Bouro, Vila Verde e Vieira do Minho. A empresa Agere foi criada em 1999 pela transformação dos serviços municipalizados de água e saneamento do município de Braga em empresa pública municipal. Em 2005, a Câmara Municipal de Braga privatizou 49% da Agere, que foram vendidos a um consórcio de empresas formado por ABB, DST e Bragaparques (Geswater, SGPS).
Domingos Névoa tornou-se publicamente conhecido pela sua tentativa de corromper o vereador Sá Fernandes. Em 25 de Fevereiro passado, o Tribunal da Boa Hora deu como comprovado o crime de tenativa de corrupção activa, mas condenou-o apenas em 5.000 euros (ver notícia no esquerda.net: Bragaparques: Névoa condenado por corrupção a multa de 5.000 euros).
O Conselho de Administração da Braval será presidido por Domingos Névoa (administrador da Bragaparques e accionista da Agere), pela ex-vereadora PS da Póvoa, Rita Araújo (indicada por Braga), e pelo social-democrata Luís Amado Costa (indicado pela Câmara da Póvoa de Lanhoso), segundo noticia o jornal Correio do Minho.
Pedro Machado era anteriormente administrador delegado da Braval, indicado pela Câmara Municipal de Braga, presidida pelo dirigente socialista Mesquita Machado. Recentemente demitiu-se de administrador delegado, passou a fazer parte do quadro da empresa e agora foi nomeado director geral, cargo criado pela assembleia geral da Braval que o nomeou.
Pedro Machado é casado com Cláudia Machado, filha do presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado.
Entretanto, o Bloco de Esquerda de Braga responsabilizou "particularmente Mesquita Machado por fazer representar a Câmara Municipal de Braga (através da AGERE, onde detém participação maioritária) por um condenado em matéria directamente ligada com o poder local". O comunicado do Bloco de Braga (disponível em braga.bloco.org) termina afirmando: "A Braval cheira mal e precisa de ser limpa, começando pela destituição do corruptor Domingos Névoa do cargo para que foi eleito. Em nome da transparência e da democracia."
Administradores milionários
Nos supermercados, o preço continua a subir. No ano passado o aumento foi de cerca de dez por cento. Mas a crise parece passar ao lado de quem gere o maior grupo produtor de lacticínios.
ORDENADOS MILIONÁRIOS
A Lactogal tem nove administradores com salários astronómicos. Por mês recebem entre 29 a 61 mil euros (o declarado em sede de IRS, a dividir por 14 meses), que são pagos por várias empresas ligadas à cooperativa.
No topo da lista está o comendador Casimiro Almeida. O ex-agricultor, que hoje é número um da Lactogal, declara agora mais de 850 mil euros de rendimentos daquela empresa e 60 mil por ser, ao mesmo tempo, administrador da Proleite.
Segue-se Fernando Mendonça, o patrão da Agros. Neste caso, a Lactogal paga-lhe quase metade, 413 mil euros por ano, mas acrescem 89 mil da PSN Norte, 60 mil da Agros SGPS e 47 mil da Agros. Feitas as contas, são 610 mil euros por ano, ou seja, 43 mil euros por mês.
Os valores não diferem em muito dos pagos aos restantes administradores. Simão Daniel Alves ganha 416 mil euros/ano pela Lactogal, 60 mil pela Agros SGPS e ainda mais 64 mil por duas sociedades participadas. Nos 550 mil euros/ano está Alberto Cardoso. Seguem-se Manuel Gomes e Honorato Ribeiro com vencimentos por ano de 413 mil. Pouco menos recebem Óscar Brandão, José Passinhas e Joaquim Cardoso. O CM não conseguiu, nesses casos, confirmar os montantes exactos.
A Escola pós-25 de Abril chegou ao fim...
Carta Aberta ao Dr. José Paulo Serralheiro
Sem querer perder o senso da medida e das proporções, considero uma vergonha nacional que A Página da Educação não encontre o espaço e o tempo necessários à sua publicação. Se não descambo em erro crasso, as dificuldades financeiras vibraram-lhe a estocada mortal. Neste País, há dinheiro para instituições desacreditadas e corruptas, não há dinheiro para um mensário que se ocupa, criticamente, dos imensos desafios que o nosso tempo coloca ao campo educativo. Recuso-me a admitir que os Ministérios da Educação e da Cultura não encontrassem a "meia dúzia de tostões" imprescindível à continuação de A Página, que vem clamando, como ninguém, por respostas exigentes e soluções inadiáveis à educação nacional. Com uma ideologia de esquerda? Mas será este um erro que se lhe possa imputar? O Governo diz-se de esquerda e não finda as suas explosões vulcânicas de antipatia pela direita; aqui ao lado, o Sr. Zapatero, ergue-se, frequentemente, numa impulsão belicosa, contra Mariano Rajoy e o PP; o democrata Barack Obama chegou à Casa Branca como um "herói da esquerda", como o candidato republicano John McCain o era da direita – francamente não parece um erro ser de esquerda. Mas A Página defende também um paradigma educacional que nada tem de unidimensional, monocultural e compartimentado disciplinarmente, de acordo com um paradigma científico fundamentado na especialização, na atomização, na desigualdade de acesso ao conhecimento, na racionalidade experimental e no mecanicismo determinista. N'A Página, a cultura é, portanto, antidualista, não aceitando, por isso, qualquer tipo de desigualdades e exclusões, tanto intelectuais como sociais. Pergunto, sem qualquer acrimónia, mas com funda preocupação: num país onde se proclama que a educação é o objectivo primeiro do Governo, por que se deixa morrer este mensário que é anticapitalista, anticolonialista, antieurocêntrico e onde o conhecimento é libertação, como o exige o desenvolvimento baseado nos direitos humanos? Vale a pena determo-nos sobre esta carta enviada, há anos já, ao New York Times e que eu extraí do livro Saberes, Competências, Valores e Afectos, de João Viegas Fernandes (Plátano Lisboa, 2001, p. 99). "Caro Professor, sou um sobrevivente de um campo de concentração. Os meus olhos viram o que jamais olhos humanos deveriam poder ver: câmaras de gás construídos por engenheiros doutorados; adolescentes envenenados por físicos eruditos; crianças assassinadas por enfermeiras diplomadas; mulheres e bebés queimados por bacharéis e licenciados. Por isso, não acredito na educação. Eis o meu apelo: ajudem os vossos alunos a serem humanos. Que os vossos esforços nunca possam produzir monstros instruídos, psicopatas competentes. Eichmanns educados. A leitura, a escrita, a aritmética só são importantes se tornarem as nossas crianças mais humanas". De facto, as tecnologias de base científica, as tecnologias da informação e da comunicação (TIC), que as lições doutorais de pessoas competentes consideram inadiáveis à educação dos nossos jovens, pouco significam à transformação da Vida, da Sociedade e da História se os deixam dominados por uma racionalidade lógico-instrumental e pela desproporção entre a admiração pelo progresso científico e tecnológico e a ignorância ética e política. Não pretendo esquecer os enormes benefícios que as TIC proporcionam ao campo educativo. Permito-me tão-só chamar a atenção para as relações sociais, os padrões de conduta, os valores... para que o mundo se torne habitável para todos e promotor de mais solidariedade e melhor justiça! Sociedade do conhecimento, sociedade da informação, sociedade global, sociedade digital, sociedade em rede – só há que aplaudir o progresso tecnológico e científico! Mas que tudo isto signifique também, e acima do mais, uma viragem antropológica donde ressalte sempre e em todos os seres humanos do Norte ou do Sul a eminente dignidade da pessoa humana. Só tecnologia, sem valores... é pouco! Meu caro Director, A Página da Educação é um exemplo de coragem e de luta, contra o "tecnocosmos" (Gilbert Hottois), onde a técnica, sem o assomo de qualquer valor, surge como a referência e explicação única de todo os problemas humanos. Ora, se "o homem é a medida de todas as coisas" e o tecnocosmos se estrutura como excluindo o interpretativo, o simbólico, o axiológico; se ao neoliberalismo em crise (mas ainda dominante) importa adormecer as pessoas à recusa da sociedade injusta estabelecida, empurrando-as ao consumo de subprodutos culturais – como dispensar a presença actuante d'A Página da Educação, na nossa vida social e no nosso campo educativo?... Todas as actividades humanas têm a sua grandeza, o seu ponto alto. No caso específico dos mídia, tal acontece quando o interesse público se sobrepõe a tudo o mais – bem evidente no esforço de se encontrarem os novos sinais que nos falam da Sociedade do Conhecimento, como factor de desenvolvimento humano. Ora, este novo, este diferente, este interpelativo era o horizonte que animava os que trabalhavam n'A Página. Na nossa Sociedade da Informação, escasseiam os jornais, as rádios, as televisões, as revistas, as tecnologias da imagem que informem, formando. Por isso, com mágoa me despeço deste mensário, como uma das coisas belas e boas que conheci, na vida. Embora com esperança que, dialecticamente, A Página venha a ressuscitar... com outro nome mas os mesmos objectivos! Muito especialmente, para si, meu caro Dr. José Paulo Serralheiro, aqui lhe deixa um abraço sobre o coração o seu admirador muito grato.