sábado, janeiro 21, 2006

A ministra Anarquista

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis

Bertlod Brecht


Há pessoas que conhecemos num determinado meio ambiente, perdemos-lhe o rasto, não por intenção mas pelo rumo natural da vida, e acabamos por ouvir falar delas um montão de anos depois num contexto radicalmente distinto.
Acontece com todos nós várias vezes ao longo da vida.
A última vez que me aconteceu foi há dias com a leitura dum artigo de jornal acerca de “A ministra de quem os professores não gostam”.
Já se percebeu que me refiro à actual ministra da educação.

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos era militante anarquista da revista “A Ideia” à qual igualmente pertenci, até ao seu termo. Passou igualmente pelo jornal “A Batalha”. Não lhe conheço nenhum texto escrito com carácter teórico mas ela apresentava-se fundamentalmente como uma militante que está ali para ajudar a resolver questões de ordem prática. É uma das que integrou a equipa que pesquisou a documentação anarco-sindicalista do Arquivo Histórico Social depositado na Biblioteca Nacional. Os materiais constituindo o arquivo estiveram em poder do Centro de Estudos Libertários até 1980 provenientes de dádivas de vários militantes anarquistas. Todo este acervo único veio a ser doado à Biblioteca Nacional.

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?

Eram tempos em que dizia que o PS era um “partido burguês”. Já não é?
Mas faça-se a pergunta capital: o que é que leva uma anarco-sindicalista a entrar num governo, seja ele burguês ou não? A resposta da senhora ministra é esta:”O desejo de conciliar interesses, em vez de ignorar que eles existem.”
É uma resposta verdadeiramente extraordinária ou se calhar extra-ordinária. Se esta resposta é sincera só mostra que a Lurdes Rodrigues não percebeu nada de nada sobre o anarquismo: “O desejo de conciliar interesses”? A senhora que disse isto percebe minimamente o que acabou de dizer?

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?


O anarquismo nunca foi “o desejo de conciliar interesses” e nunca foi “ignorar que eles existem”.
Mas eu não aceito que esta resposta possa ser considerada honesta, intelectualmente falando, da mesma maneira que não aceito, por analogia, aquela resposta de ex-comunistas que justificam o facto de terem sido do partido e pelo partido durante vinte e trinta e mais anos porque não sabiam dos podres do estalinismo.
Inaceitável!
Mas continua: considera que o mais importante é identificar os interesses e depois conciliá-los, embora admita que nem sempre é fácil. Impressionante!
Resposta: Os únicos interesses que podem ser conciliáveis são os interesses comuns!
Os interesses do ministério da educação não são certamente os interesses dos professores. Não são nem nunca foram nem nunca serão! A Lurdes Rodrigues já esqueceu os tempos em que ela foi aluna e professora!

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?


No entanto diz que: “Acho que se justifica o desagrado dos professores com a ministra. Também me desagradaria a mim. E desagrada-me mais ainda como ministra. Muitos professores trabalham imenso. No último ano em que ensinei, dava 23 horas de aulas por semana. Tinha 286 alunos. Se viesse um ministro dizer-me, administrativamente: “A senhora agora passa a ter mais xis horas de componente não lectiva” quando a minha componente não lectiva não tem sequer limite, eu não ficava zangada, ficava furiosa.”
Agora é que não estou a perceber: mas o objectivo não era “o desejo de conciliar interesses”? Já não é possível essa conciliação?

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?


Mas as declarações da agora ministra continuam especificamente sobre o anarquismo. Dirá que guarda, muito clara, a consciência de que está do lado do poder. Desculpe importa-se de repetir? O anarquismo está do lado do poder?? A Lurdes Rodrigues enquanto foi anarquista viveu totalmente enganada. Eu repito: O anarquismo está do lado do poder??
Acrescenta: isso leva-a a ter um maior cuidado, e agora atenção que esta é o máximo, “no respeito pelos pontos de vista do outro” Pois, pois é por isso que ela tem ouvido os professores, não é?

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?


Por isso a ministra tem sido acusada de falta de diálogo e na universidade era acusada de um certo autoritarismo que é muito difícil de parar…
Lurdes Rodrigues alguém tem que te dizer que isso não tem nada a ver com o anarquismo!
Tudo o resto que é pronunciado também não tem nada a ver com anarquismo ou com anarco-sindicalismo. O político que mais admira dos últimos 30 anos (ou seja, quando ainda era anarquista) é o Mário Soares. Pois claro, mas que resposta óbvia para quem está a fazer fretes ao partido socialista. Por isso também hoje dia 19 de Janeiro almoçou com a comitiva da campanha eleitoral no meio de mais sete ministros do governo para efusivamente apoiar o candidato que já foi presidente quando a Lurdes Rodrigues era supostamente anarquista.

A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?


O que eu sei é o que eu vou aqui dizer: Quando a Lurdes Rodrigues era anarquista eu também o era. Actualmente a Maria de Lurdes Rodrigues é ministra e eu sou professor e continuo a ser anarquista. Quando o governo a considerar dispensável facilmente será uma peça do puzzle descartável mas eu continuarei a ser professor e anarquista.

“Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis”

Lutarei toda a vida porque quererei ser recordado como imprescindível.
O mesmo não poderei dizer da Lurdes Rodrigues.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Países europeus tinham conhecimento de prisões secretas

Agora sim, já se sabe com certeza (só um ingénuo ou um mal intencionado poderia ter dúvidas) de que os países europeus tinham conhecimento há pelo menos dois anos das prisões secretas e das actividades dos Estados Unidos na Europa relativas a presumíveis terroristas, segundo o que foi afirmado pela comissão de inquérito do Conselho da Europa. Desde há dois ou três anos, que os países sabem exactamente o que se está a passar, foi dito por um deputado suíço, à televisão do seu país.Há países que colaboraram activamente, outros que toleraram e outros ainda que simplesmente olharam para o lado. Sem comentários.Sobre as torturas que terão sido praticadas pela CIA (serviços secretos externos norte-americanos), Conselho da Europa considerou que a reacção mais forte ocorreu precisamente nos Estados Unidos pois tinha sido graças à emenda de um senador norte-americano e republicano que essas práticas foram postas em causa.
A comissão referia-se à lei assinada pelo Presidente norte-americano, a trinta e um de Dezembro, proibindo a tortura no estrangeiro de prisioneiros nas mãos dos Estados Unidos.A grande maioria do Congresso, republicana, uniu-se em torno desta lei defendida pelo senador, herói da guerra do Vietname, quando cada vez mais se avolumam as dúvidas quanto aos métodos norte­-americanos utilizados na luta contra o terrorismo.A comissão de inquérito do Conselho da Europa, que reúne os vinte e cinco Estados membros da UE e mais vinte e um países europeus, está a conduzir a sua investigação no âmbito de um procedimento previsto pela Convenção Europeia de Direitos Humanos.A organização de defesa dos direitos humanos da Amnistia Internacional exigiu hoje em Viena que a presidência austríaca da União Europeia colabore plenamente nos inquéritos em curso sobre a existência de prisões secretas da CIA na Europa.«A presidência deve colaborar plenamente nos inquéritos em curso sobre as actividades ilegais de agentes norte-americanos na Europa e comprometer-se a tomar medidas apropriadas se tais inquéritos demonstrarem a cumplicidade de Estados membros da União Europeia em práticas que violam o direito humanitário internacional», escreve a Amnistia num memorando que enviará aos dirigentes austríacos.O Parlamento Europeu criou em Dezembro uma comissão de inquérito temporária sobre o presumível transporte ilegal de prisioneiros e a existência de prisões secretas da CIA na Europa ou em países candidatos à adesão. Tal comissão deverá, nomeadamente, determinar se Estados membros ou cidadãos da União Europeia foram cúmplices dos alegados factos.
O que nos deve levar a reflectir não é esta lengalenga atrás mencionada sobre a comissão de inquérito de que vai fazer ou não, deve fazer ou não, ou seja o que for, porque não devemos perder tempo com isso, mas sim que Justiça é esta, que poder de controlo têm os cidadãos, mais que regime é este e para onde caminhamos. Por mim tenho convicções fortes sobre tudo isto. E não passam nenhuma delas pelo regime político e económico vigente mas sim pelo seu termo.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

BIBLIOTECAS DO MUNDO

A lista que se segue não deve meter medo a ninguém. Não se trata de uma lista de escutas telefónicas conseguida através de métodos pidescos que continuam presentes entre nós. Não, nada disso. Não têm que recear o que quer que seja. Não é uma lista negra. É uma lista de endereços electrónicos de bibliotecas muitas delas importantes e de grande alcance, tudo juntinho o que facilita enormemente o trabalho do investigador. O objectivo nesta publicação é esse. Lutar a favor do conhecimento.
Obtida através da generosidade dum amigo de andanças filosóficas, foi por ele obtida na fonte em yahoo.com.br. Aqui fica o obrigado devido.
Sem mais nada aqui vai a lista:


Biblioteca Apostólica Vaticana - biblioteca que possui um arquivo secreto:
http://bav.vatican.va
Biblioteca Central - localize os livros das bibliotecas da UFRGS:
http://www.biblioteca.ufrgs.br
Biblioteca del Congreso - item Expo Virtual mostra alguns tesouros dessa
biblioteca argentina: http://www.bcnbib.gov.ar
Biblioteca Digital Andina - Bolívia, Colômbia, Equador e Peru estão
representados: http://www.comunidadandina.org/bda
Biblioteca Digital de Obras Raras - livros completos digitalizados, como um
de Lavoisier editado no século 19: http://www.obrasraras.usp.br
Biblioteca do Hospital do Câncer - índice desse acervo especializado em
oncologia: http://www.hcanc.org.br/outrasinfs/biblio/biblio1.html
Biblioteca do Senado Federal - sistema de busca nos 150 mil títulos da
biblioteca: http://www.senado.gov.br/biblioteca
Biblioteca Mário de Andrade - acervo, eventos e história da principal
biblioteca de São Paulo: http://www.prefeitura.sp.gov.br/mariodeandrade
Biblioteca Nacional de Portugal - apresenta páginas especiais com
reproduções relacionadas a Eça de Queirós e a Giuseppe Verdi, entre outros:
http://www.bn.pt
Biblioteca Nacional de España - entre as exposições virtuais, uma
interessante coleção cartográfica do século 16 ao 19: http://www.bne.es
Biblioteca Nacional de la República Argentina - biblioteca, mapoteca e
fototeca: http://www.bibnal.edu.ar
Biblioteca Nacional de Maestros - biblioteca argentina voltada para a
comunidade educativa: http://www.bnm.me.gov.ar
Biblioteca Nacional del Perú - alguns livros eletrônicos, mapas e imagens:
http://www.binape.gob.pe
Biblioteca Nazionale Centrale di Roma - expõe detalhes de obras antigas de
seu catálogo: http://www.bncrm.librari.beniculturali.it
Biblioteca Româneasca - textos em romeno e dados sobre autores do país:
http://biblioteca.euroweb.ro
Biblioteca Virtual Galega - textos em língua galega, parecida com o
português: http://bvg.udc.es
Bibliotheca Alexandrina - conheça a instituição criada à sombra da famosa
biblioteca, que sumiu há mais de 1.600 anos:
http://www.bibalex.org/website
California Digital Library - imagens e e-livros oferecidos pela
Universidade da Califórnia: http://californiadigitallibrary.org
Celtic Digital Library - história e literatura celtas:
http://celtdigital.org
Círculo Psicanalítico de Minas Gerais - acervo especializado em
psicanálise: http://www.cpmg.org.br/n_biblioteca.asp
Cornell Library Digital Collections - compilações variadas, sobre
agricultura e matemática, por exemplo: http://moa.cit.cornell.edu
Corpus of Electronic Texts - história, literatura e política irlandesas:
http://www.ucc.ie/celt
Crime Library - histórias reais de criminosos, espiões e terroristas:
http://www.crimelibrary.com
Educ.ar Biblioteca Digital - em espanhol, apresenta livros e revistas de
"todas as disciplinas":
http://www.educ.ar/educar/superior/biblioteca_digital
Gallica - Bibliothèque Numérique - volumes da Biblioteca Nacional da França
digitalizados: http://gallica.bnf.fr
Human Rights Library - mais de 14 mil documentos relacionados aos direitos
humanos: http://www1.umn.edu/humanrts
IDRC Library - textos e imagens desse centro de estudos do desenvolvimento
internacional: http://www.idrc.ca/library
Internet Ancient History Sourcebook - página dedicada à difusão de
documentos da Antiguidade:
http://www.fordham.edu/halsall/ancient/asbook.html
Internet Archive - guarda páginas da internet em seus diversos estágios de
evolução: http://www.archive.org
Internet Public Library - indica páginas em que se podem ler documentos
sobre áreas específicas do conhecimento: http://www.ipl.org
John F. Kennedy Library - sobre o presidente americano John F. Kennedy,
morto em 1963: http://www.cs.umb.edu/jfklibrary
LibDex - índice para localizar mais de 18 mil bibliotecas do mundo todo e
seus sites: http://www.libdex.com
Lib-web-cats - enumera bibliotecas de mais de 60 países, mas o foco são os
EUA e o Canadá: http://www.librarytechnology.org/libwebcats
Libweb - outro site de busca de instituições, com 6.600 links de 115
países: http://sunsite.berkeley.edu/Libweb
Mosteiro São Geraldo - livros e periódicos sobre história e literatura
húngara, filosofia, teologia e religião: http://www.msg.org.br
National Library of Australia - divulga periódicos australianos da década
de 1840: http://www.nla.gov.au
Oxford Digital Library - centraliza acesso a projetos digitais das
bibliotecas da Universidade de Oxford: http://www.odl.ox.ac.uk
Perseus Digital Library - dedicado a estudos sobre os gregos e romanos
antigos: http://www.perseus.tufts.edu
Servei de Biblioteques - bibliotecas da Universidade Autônoma de
Barcelona: http://www.bib.uab.es
The Aerial Reconnaissance Archives - recém-lançado, site promete divulgar
5 milhões de fotos aéreas da Segunda Guerra Mundial:
http://www.evidenceincamera.co.uk
The British Library - além de busca no catálogo, tem coleções virtuais
separadas por região geográfica: http://www.bl.uk
The Digital Library - diversas coleções temáticas, como a de escritoras
negras americanas do século 19: http://digital.nypl.org
The Digital South Asia Library - periódicos, fotos e estatísticas que
contam a história do Sul da Ásia: http://dsal.uchicago.edu
The Huntington - grande quantidade de obras raras em arte e botânica:
http://www.huntington.org
The Math Forum - textos que se propõem a auxiliar no ensino da matemática:
http://mathforum.org/library
The New Zealand Digital Library - destaque para os arquivos sobre questões
humanitárias: http://www.sadl.uleth.ca/nz/cgi-bin/library
Treasures of Keyo University - um dos destaques é a reprodução da Bíblia
de Gutenberg: http://www.humi.keio.ac.jp/treasures
Unesco Libraries Portal - informações sobre bibliotecas e projetos
voltados para a preservação da memória:
http://www.unesco.org/webworld/portal_bib
UOL Biblioteca - dicionários, guias de turismo e especiais noticiosos:
http://www.uol.com.br/bibliot
UT Library Online - possui uma ampla coleção de mapas:
http://www.lib.utexas.ed
Bibliotecas virtuais
Alexandria Virtual - acervo variado, de literatura a humor:
http://www.alexandriavirtual.com.br
Bartleby.com - importantes textos, como os 70 volumes da "Harvard
Classics" e a obra completa de Shakespeare: http://www.bartleby.com
Bibliomania - 2.000 textos clássicos e guias de estudo em inglês:
http://www.bibliomania.com
Biblioteca dei Classici Italiani - literatura italiana, dos "duecento" aos
"novecento": http://www.fausernet.novara.it/fauser/biblio
Biblioteca Electrónica Cristiana - teologia e humanidades vistas por
religiosos: http://www.multimedios.org
Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro - especializada em literatura
em língua portuguesa: http://www.bibvirt.futuro.usp.br
Biblioteca Virtual - Literatura - pretende reunir grandes obras
literárias: http://www.biblio.com.br
Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes - cultura hispano-americana:
http://www.cervantesvirtual.com
Biblioteca Virtual Universal - textos infanto-juvenis, literários e
técnicos: http://www.biblioteca.org.ar
Contos Completos de Machado de Assis - mais de 200 contos de Machado de
Assis: http://www.uol.com.br/machadodeassis
Cultvox - serviço que oferece alguns e-livros gratuitamente e vende
outros: http://www.cultvox.com.br
Dearreader.com - clube virtual que envia por e-mail trechos de livros:
http://www.dearreader.com
eBooksbrasil - livros eletrônicos gratuitos em diversos formatos:
http://www.ebooksbrasil.com
iGLer - acesso rápido a duas centenas de obras literárias em português:
http://www.ig.com.br/paginas/novoigler/download.html
International Children's Digital Library - pretende oferecer e-livros
infantis em cem línguas: http://www.icdlbooks.org
IntraText - textos completos em diversas línguas, entre elas o latim:
http://www.intratext.com
Jornal da Poesia - importante acervo de poesia em língua portuguesa, com
textos de mais de 3.000 autores: http://www.secrel.com.br/jpoesia
Net eBook Library - biblioteca virtual com parte do acervo restrito a
assinantes do site: http://netlibrary.net
Nuovo Rinascimento - especializado em documentos do Renascimento italiano:
http://www.nuovorinascimento.org/n-rinasc/homepage.htm
Online Literature Library - pequena coleção para ler diretamente no
navegador: http://www.literature.org
Progetto Manuzio - textos em italiano para download, incluindo óperas:
http://www.liberliber.it/biblioteca
Project Gutenberg - mantido por voluntários, importante site com obras
integrais disponíveis gratuitamente: http://www.gutenberg.net
Proyecto Biblioteca Digital Argentina - obras consideradas representativas
da literatura argentina: http://www.biblioteca.clarin.com
Romanzieri.com - livros eletrônicos em italiano compatíveis com o programa
Microsoft Reader: http://www.romanzieri.com
Sololiteratura.com - textos sobre autores hispano-americanos:
http://www.sololiteratura.com
Textos de Literatura Galega Medieval - pequena seleção de poesias e
histórias medievais: http://www.usc.es/~ilgas/escolma.html
The Literature Network - poemas, contos e romances de aproximadamente 90
autores: http://www.online-literature.com
The Online Books Page - afirma ter mais de 20 mil livros on-line:
http://digital.library.upenn.edu/books
The Online Medieval and Classical Library - obras literárias clássicas e
medievais: http://sunsite.berkeley.edu/OMACL
Usina de Letras - divulga a produção de escritores independentes:
http://www.usinadeletras.com.br
Virtual Book Store - literatura do Brasil e estrangeira, biografias e
resumos: http://www.vbookstore.com.br
Virtual Books Online - e-livros gratuitos em português, inglês, francês,
espanhol, alemão e italiano: http://virtualbooks.terra.com.br
Científicos
Banco de Teses - resumos de teses e dissertações apresentadas no Brasil
desde 1987: http://www.capes.gov.br
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - textos integrais de parte das
teses e dissertações apresentadas na USP: http://www.teses.usp.br
Biblioteca Virtual em Saúde - revistas científicas e dados de pesquisas
sobre adolescência, ambiente e saúde: http://www.bireme.br
Digital Library of MIT Theses - algumas teses do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts; a mais antiga é de 1888: http://theses.mit.edu
Great Images in Nasa - imagens históricas da agência espacial americana:
http://grin.hq.nasa.gov
ProQuest Digital Dissertations - sistema para pesquisar resumos de teses e
de dissertações: http://wwwlib.umi.com/dissertations
Public Health Image Library - fotos, ilustrações e animações voltadas para
o esclarecimento de questões de saúde pública: http://phil.cdc.gov
PubMed - referências a 14 milhões de artigos biomédicos:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi
SciELO - biblioteca eletrônica com periódicos científicos brasileiros:
http://www.scielo.br
ScienceDirect - mais de 1.800 revistas, de "ACC Current Journal Review" a
"Zoological Journal": http://www.sciencedirect.com
Universia Brasil - busca teses nas universidades públicas paulistas e na
PUC-PR: http://www.universiabrasil.net/busca_teses.jsp
Associações
American Library Association - sobre o sistema de bibliotecas dos EUA:
http://www.ala.org
Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas -
publicações indicadas e agenda de eventos da área: http://www.apbad.pt
Association des Bibliothécaires Français - dossiês sobre o sistema francês
de bibliotecas e temas correlatos: http://www.abf.asso.fr
Conselho Federal de Biblioteconomia - atualidades e links de interesse da
área: http://www.cfb.org.br
Conselho Regional de Biblioteconomia de São Paulo - legislação e eventos
da biblioteconomia: http://www.crb8.org.br
Council on Library and Information Resources - organização que se preocupa
com a preservação de informações: http://www.clir.org
European Bureau of Library, Information and Documentation Associations -
entidade européia dedicada à promoção da ciência da informação:
http://www.eblida.org
International Federation of Library Associations and Institutions -
associação com membros em mais de 150 países: http://www.ifla.org
Sociedad Española de Documentación e Información Científica -
oportunidades, como cursos virtuais: http://www.sedic.es
Biblioteca do Congresso americano - considerada a maior e uma das melhores
bibliotecas do mundo, é referência internacional, com conteúdos
trabalhados e relacionados: http://www.loc.gov
Biblioteca Nacional (Brasil) - o site é referência para todas as
bibliotecas do país, com farta documentação e imagens digitalizadas, além
de informações e serviços: http://www.bn.br
Bibliotecas da cidade de São Paulo - a cidade tem a maior rede de
bibliotecas públicas do país, e uma visita ao site é imprescindível para
conhecer suas coleções e serviços, com destaque para as obras e imagens
digitalizadas da Biblioteca Mário de Andrade:
http://www4.prefeitura.sp.gov.br/biblioteca/PaginaInicial.asp
Bibliotecas virtuais do sistema MCT/CNPq/Ibict - grande referência na área
de bibliotecas virtuais, é o site mais importante no Brasil de informação
e comunicação sobre ciência e tecnologia: http://www.prossiga.br
Bibliotecas das universidades públicas paulistas - o consórcio
Cruesp/Bibliotecas interliga Unesp, Unicamp e USP, e o internauta pode
consultar as mais importantes bibliotecas universitárias do país,
referências para diferentes campos da pesquisa:
http://bibliotecas-cruesp.usp.br
Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec/Ucam)
Pagu - Núcleo de Estudos de Gênero Unicamp www.unicamp.br/pagu
Instituto de Estudos da Religião (Iser) www.iser.org.br
Associação Brasileira de Antropologia (ABA) www.abant.org.br
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) www.ufrj.br
Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividade (NIGS) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) www.ufsc.brS
Centro da Mulher Peruana Flora Tristán www.flora.org.pe
Universidad Nacional Mayor de San Marco www.unmsm.edu.pe
Centro Latinoamericano de Sexualidad y Derechos Humanos www.articulacaodemulheres.org.br
Cidadania, Estudos, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia) www.cepia.org.br
Grupo Arco Íris www.arco-iris.org.br
Fundação Carlos Chagas SP www.fcc.org.br
Biblioteca Virtual em Gênero e Saúde genero.bvsalud.org/html/es/home.html

domingo, janeiro 08, 2006

Dois carismáticos textos

No princípio deste ano quero brindar-vos não com um mas com dois textos que têm ambos a grande vantagem de não serem da minha autoria. São dois textos que com alguma insistência me perseguem… São dois textos que gostaria de ter escrito mas se eles já existem porque é que se há-de escrever outros da mesma índole?
Um é de um português e o outro de um alemão. É para equilibrar a coisa…
São dois textos sempre muito actuais.
Aqui vão eles:


No País dos Sacanas


Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade da próstata ou das glândulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.
Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?
Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.

Jorge de Sena




Quando eles chegaram
Para levar os comunistas
Não disse nada
Porque não era comunista

Quando eles chegaram
Para levar os sindicalistas
Não disse nada
Porque não era sindicalista

Quando eles chegaram
Para levar os homossexuais
Não disse nada
Porque não era homossexual.

Quando eles chegaram
Para levar os judeus
Não disse nada
Porque não era judeu

Quando eles chegaram
Para levar os católicos
Não disse nada
Porque não era católico

Quando eles chegaram
Para levar os ciganos
Não disse nada
Porque não era cigano.

Quando eles chegaram
Para levar os emigrantes
Não disse nada
Porque não era emigrante.

Quando eles me vieram buscar
Não havia mais ninguém para protestar


Martin Niemoller



Poema escrito em Dachau do pastor Martin Niemoller e
que muitos erradamente atribuem a Bertold Brecht.
Depois destes textos nada mais de significativo fica por dizer.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

No Fim de mais um Glorioso Ano - momentos de fora

1
No fim de mais um glorioso ano a ONU divulgou mais um retrato sintomático do mundo em que vivemos: o documento A Encruzilhada da Desigualdade. Somos 6,3 biliões de habitantes nesse barco chamada planeta Terra. Apenas 1 bilhão de pessoas, habitantes de países desenvolvidos, se apossam de 80% da riqueza mundial.Nas últimas quatro décadas, a renda per capita dos países mais ricos quase triplicou. Entre os mais pobres cresceu apenas 25,94%. Em 73 países com estatísticas confiáveis, entre 1950 e 1990 cresceu a desigualdade em 48 países; em 16 ela ficou estável; e apenas em 9 se reduziu.Imagine todos os bens de consumo do mundo. Saiba que 86% são apropriados por somente 20% da população mundial. Os 20% mais pobres do mundo dividem entre si 1,3% dos bens de consumo.O mundo está repartido em cerca de 240 nações. Veja a diferença entre os 20 países mais ricos e os 20 mais pobres. Os primeiros são servidos por 74% das linhas telefónicas do planeta, enquanto os demais dispõem de apenas 1,5%. Os 20 mais ricos consomem 45% da carne e do peixe oferecidos pelo mercado; os 20 mais pobres apenas 5%. Em matéria de energia, os 20 países mais ricos consomem 58%; os 20 mais pobres, 4%. Quanto ao papel, 87% da produção ficam com os 20 países mais ricos; e 1% com os 20 mais pobres.Em quatro décadas, a renda dos 20 países mais ricos quase triplicou. Atingiu em 2002 o patamar de 32.339 dólares americanos por pessoa. Nos 20 países mais pobres cresceu só 26%, chegando a 267 em 2002.Na América Latina, a pobreza ficou congelada nas últimas duas décadas do século XX, mas a desigualdade aumentou. No início dos anos 90, os 10% mais ricos do Continente detinham até 45% da renda nacional. No Brasil, os 10% mais ricos possuem renda 32 vezes superior ao que ganham os 40% mais pobres. O relatório comprova que não basta combater a pobreza. É preciso atacar também as causas da desigualdade. Em outras palavras, sem distribuição de riqueza não há como promover a inclusão social. A diferença de classes não ocorre apenas entre países ricos e pobres. Dentro dos ricos há também gritantes diferenças sociais. A parcela de 1% dos mais ricos dos EUA têm em mãos 17% da renda nacional.Dois factores têm contribuído para aprofundar o abismo entre ricos e pobres: o avanço tecnológico de um lado e a dispensa da mão-de-obra de outro. Quanto mais avançada a tecnologia, menos empregos. Um computador num escritório, por exemplo, é capaz de desempregar um bom número de pessoas. Em busca do lucro excessivo, as empresas procuram pelo mundo fora quem possa trabalhar mais e ganhar menos.Nos próximos dez anos os EUA exportarão cerca de 14 milhões de empregos. Isso significa que deixarão de oferecer postos de trabalho dentro de casa para explorar mão-de-obra estrangeira barata e desprovida de condições sociais.Em todo o mundo, metade das pessoas que trabalham ­ cerca de 1,39 bilião ­ vive com menos de 2 dólares por dia. E um quarto recebe, no máximo, 1 dólar por dia. No Brasil, metade dos trabalhadores dependem de emprego informal, o que costuma ser sinónimo de pobreza. O relatório mostra que, no Brasil, a falta de educação é responsável por 50% da desigualdade. A diferença média de salário entre uma pessoa com curso superior e uma sem estudos é de 814%. A taxa de matrícula na universidade é de 16%. Sem mudança do actual modelo económico, nacional e internacional, centrado na concentração da riqueza, não teremos no próximo relatório índices melhores. Mas isso não é novidade para nós. Desde Proudhon em meados do século XIX que esta realidade foi já demonstrada.
2
Lembram-se do tempo em que o George Bush pai na campanha eleitoral para o segundo mandato afirmou: “Leiam nos meus lábios: Se for eleito presidente não aumentarei os impostos”. Foi eleito e aumentou os impostos ao fim de três meses. Mas falcatruas dessas há muitas e não é preciso sair do rectângulo lusófono para dar exemplos. Pois bem: o George Bush filho disse no princípio de Novembro no Panamá «Nós não torturamos», no fim de um giro de cinco dias pela América Latina, região por muito tempo martirizada por regimes ditatoriais sempre apoiados por Washington e que praticavam massivamente os desaparecimentos de suspeitos e a tortura. Desta maneira o presidente dos Estados Unidos respondia às incriminações formuladas pelo diário Washington Post contra os serviços de informação americanos, acusados de raptar clandestinamente pessoas e de as torturar fora dos Estados Unidos em prisões secretas. Podemos acreditar em Bush? Podemos, do mesmo modo como pudemos acreditar em relação ao Bush pai ou ao Sócrates, não ao platónico que esse era homem de palavra mas ao lusófono. A resposta é não. Não tinha ele afirmado, para invadir o Iraque, que o regime iraquiano tinha ligações com a rede Al-Qaeda? E que Bagdade possuía armas de destruição massiva? Duas mentiras em nome das quais Washington desencadeou uma “guerra preventiva” que custou a vida a dezenas de milhares de pessoas das quais mais de dois mil militares americanos. Bush não é fiável. Em particular sobre a questão da tortura. Elaborados por instituições como a Cruz Vermelha internacional, ou a Amnistia Internacional, relatórios confirmam que, desde os atentados do 11 de Setembro, as autoridades americanas não respeitam mais, na sua luta contra o terrorismo internacional, as convenções de Genebra sobre o tratamento devido aos prisioneiros, nem a convenção das Nações Unidas contra a tortura. Este é um dado adquirido. Ao decidir, a partir do dia seguinte ao 11 de Setembro, instaurar tribunais de excepção e criar, fora do território dos Estados Unidos, por conseguinte fora de qualquer órgão jurisdicional americano, a penitenciária de Guantánamo para lá encarcerar «prisioneiros do campo de batalha», qualificação diferente de “prisioneiros de guerra”, o que evita o recurso às convenções de Genebra, a administração Bush alterou as regras do jogo.A tese neoconservadora dos juristas conselheiros do presidente é de algum modo a seguinte: a América não deve deixar-se enfraquecer pelo seu respeito pelos direitos humanos. Em dois relatórios, entregues em Fevereiro e Agosto de 2002, foram remodelados o direito relativo à tortura. Este termo designa agora, nos Estados Unidos, unicamente os actos que «afectam irremediavelmente a integridade física dos prisioneiros». Abaixo deste limiar, qualquer suplício é legal. Deste modo não nos devemos surpreender que desde 2002 no Afeganistão a utilização da tortura pelo exército americano se tenha tornado sistemática. Os suspeitos são lá acorrentados nas suas celas e espancados frequentemente, lançados contra muros ou mesas, recebem pontapés nas virilhas e nas pernas, e é­‑lhes derramada água na boca até que asfixiam. Revelado pelo New York Times, um inquérito confirmou a «rotina» dos tormentos infligidos por militares americanos que, geralmente, martirizam os prisioneiros sem mesmo os interrogar... O inquérito reconhece que as técnicas utilizadas pelos homens de informação militar foram-lhes ensinadas em Guantánamo... E que estes mesmos homensforam seguidamente encarregados de conduzir os interrogatórios musculados nas prisões iraquianas.Outros inquéritos indicaram que a CIA rapta suspeitos em todo o mundo, na Alemanha, na Itália, na Suécia e noutros lugares para os entregar a países amigos, como a Arábia Saudita, a Jordânia, o Egipto, onde podem ser torturados sem limites. Mais recentemente, relatórios mostraram que a CIA dispunha de uma verdadeira rede de prisões secretas através do mundo – qualificada pela Amnistia Internacional como «gulag da nossa época» –, das quais algumas estariam situadas em países da União Europeia e da Europa oriental.Situação repugnante em termos jurídicos e éticos, ainda mais porque a grandeza de uma genuína democracia reside na sua capacidade de proibir a si mesma o recurso a certas medidas de força. E a primeira, é a tortura. Mas isso é uma coisa que a pseudo democracia americana não sabe ou não quer saber.
3

Nalgumas semanas, o motim iniciado em Clichy-sous-Bois pela morte de dois jovens propagou-se por todos os subúrbios parisienses, o resultado inevitável dos últimos cinco anos do ministro do interior Nicolas Sarkosky, 8 anos de reforço da segurança e mais de 30 anos de degradação social. Ziad e Banou morreram fulminantemente pela descarga de um transformador da EDF e tem um terceiro, menor de idade, em estado grave. Pensavam em escapar da polícia. Saber-se-á se foi efectivamente ou se os policiais são culpados de não dar assistência a pessoas em perigo? Quais as circunstancias das mortes desses dois jovens, isto foi a faísca. A raiva dos subúrbios está saturada de rancor contra um estado que, faz anos, só aparece em forma de brutalidade policial, julgamentos e sempre com prisões. Nos bairros populares, o habitante vive com medo, por si e por seus filhos, pelos controles de identidade humilhantes, pelas prisões arbitrárias, impunidade com a violência policial, acusações falsas feitas por policiais que perseguem pessoas dos subúrbios. Notícias recentes provam que não existe respeito pelos principais direitos por parte da polícia. E o que dizer da provocação do ministro do interior, mas sobre tudo a arrogância de uma política que considera a periferia com um território de ocupação, consequência de uma prática colonial e militar de defesa da ordem pública? Agora bem, voltando à violência – que responde a violência ilegítima do estado – se expressa com mais força de volta e paradoxalmente contra eles, desde os bairros guetos, em resposta a violência estatal e patronal. A lógica desta rebelião espontânea se manifesta na destruição de veículos, autocarros, escolas que não ensinam nada para a maioria da população, pois não podem ser compreendidas. Neste momento, é necessário recordar a resposta do Estado diante do problema juvenil e das suas famílias com métodos selectivos, ou as denúncias contra a polícia que nunca obtiveram resultados, por exemplo aquela marcha em solidariedade com os árabes na década de 80, que cria uma crise ao Governo Socialista da época e gera a recuperação do SOS Racismo. Na revolta contra a injustiça, o sentimento de solidariedade popular é o elemento de reflexão da maioria dos jovens, estes são valores de nossa defesa. Compreendemos bem o estado de necessidade e a motivação da acção directa que anima nestes momentos os bairros populares. Essas semanas demonstraram o desespero da parte mais marginalizada de uma geração privada de perspectivas. Junto com a estratégia de tensão do Governo e a actual repressão aos movimentos sociais no transporte, hospitais e movimento estudantil o qual se manifesta a tensa inseguridade social.
O que está em causa não é reclamar um retorno à política de “a polícia na comunidade” ou a construção de ginásios onde os jovens se consomem no silêncio. Alguma vez se resolve assim a tensão social causada pela violência política e social dos poderosos? Igualmente a solução não é pedir a demissão do ministro do interior, como quer uma parte da esquerda. A própria esquerda instituiu de igual forma a política de segurança e hoje segue sem se desviar o modelo liberal de segurança dominante. Sem redistribuição do trabalho e da riqueza, e o fim da regressão social, o racismo e a exclusão social hão-de continuar estas explosões de raiva. Nem a prevenção, nem a religião, nem a repressão podem parar isso. Só a justiça e a igualdade económica e social constituem uma resposta.


4


- 40 – Número de países nos quais por cada 100 rapazes que não frequentam a escola, são 117 as raparigas que fazem o mesmo vítimas de discriminação sexual.
- 900.000.000 – Número de pessoas que pertencem a grupos discriminados;
- 79% - Percentagem de crianças da região amazónica do equador que não tem certidão de nascimento;
- 150.000.000 – Número de crianças com deficiências em todo o mundo. É sabido que a deficiência e a pobreza são um enorme factor de discriminação;
- 1 em 6 – Nos países mais pobres do mundo, uma em cada seis crianças morre antes de atingir os 5 anos de idade;
- 1 em 10 – Nos países mais pobres do mundo, uma em cada dez crianças morre antes de atingir os 12 meses de idade;
- 42.000.000 – Número de crianças que tem peso abaixo do próprio para a sua idade;
- 60s – Em cada minuto morre uma criança com menos de quinze anos, vítima de SIDA;
- 8.200.000 – Número estimado de crianças a trabalhar em regime de servidão, escravatura, prostituição ou em conflitos armados;
-171.000.000 – Número de crianças que trabalham em condições perigosas;
- … … … - Número indefinido de crianças que são, anualmente, vendidas em circuitos clandestinos e forçadas a entregarem-se a actividades perigosas e prostituição.
Estes dados alarmantes, assustadores e absurdos foram divulgados pela UNICEF.
«Cada palavra», escreveu Jean-Paul Sartre, «tem um eco. Do mesmo modo cada silêncio».

A vida fede…como a morte.