sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Já temos Associação!

Às dez horas seis minutos e vinte e sete segundos recebi das mãos duma simpática e compreensiva (pela nossa luta) funcionária pública o certificado de admissibilidade e o cartão provisório de identificação da nossa associação:

APEDE – Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino

A partir de agora já temos personalidade jurídica, já não somos somente um movimento de professores o que nos permitirá prosseguir os nossos objectivos que ficaram estabelecidos na nossa reunião das Caldas da Rainha de dia 23 do corrente mês.
O mais difícil está ainda para vir, não tenhamos ilusões de nenhuma espécie em relação a isso! Unidos poderemos conseguir! Vamos a isso!


Francisco Trindade

SNS cobre menos portugueses do que há 30 anos

Do semanário «Sol»:

SNS cobre menos portugueses do que há 30 anos devido ao crescimento do privado
O Serviço Nacional de Saúde cobre actualmente 70 por cento dos portugueses, mas há 30 anos, quando foi criado, abarcava 90 por cento da população, alertou António Arnault, o autor da lei que consagrou a universalidade dos cuidados de saúde


«Quando o SNS começou a funcionar cobria 90 por cento da população. Mas foram degradando o SNS e nunca se viram tantos privados como agora. Hoje o SNS cobre na prática só 70 por cento da população», disse à agência Lusa António Arnault, quando passam 30 anos sobre a primeira vez que o Serviço Nacional de Saúde foi publicamente apresentado.


Arnault defendeu que, embora na prática o SNS possa cobrir 100 por cento da população, hoje em dia só presta cuidados a cerca de 70 por cento das pessoas, em virtude da expansão do sector privado, que já conta cerca de dois milhões de seguros de saúde.

Para o ex-ministro, apesar de o sector privado ser importante para ajudar o sector público, não pode crescer à sua custa.


«Há por vezes uma tentativa de desacreditar o SNS em benefício do privado. A saúde é um filão apetecível para o lucro - veja-se que um sexto do orçamento de Estado é para a área da saúde», declarou Arnault, que a 24 de Feveiro de 1978 apresentou pela primeira vez o Serviço Nacional de Saúde, enquanto ministro dos Assuntos Sociais.


Lamentando que o espaço do sector público tenha sido encurtado e o espaço do sector privado alargado, considerou que os seguros de saúde que muitas empresas fazem aos trabalhadores destinam-se a «fazer proliferar as clínicas privadas».

«Mas a maior parte destes seguros não cobre verdadeiramente todas as situações de doença», recordou o antigo ministro dos Assuntos Sociais, para quem o «hospital público é, do ponto de vista técnico, muito melhor» do que qualquer privado.

Segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores, em 2006 havia mais de 1,5 milhões de seguros com cobertura na área da hospitalização e cerca de 1,1 milhões de seguros com cobertura para assistência ambulatória.

António Arnault recordou que o SNS foi criado por um «imperativo ético e moral», face à «situação caótica» que existia em Portugal ao nível dos cuidados de saúde.

«A situação era gritantemente injusta. Muitas pessoas que viviam em aldeias só chamavam um médico quando estavam a morrer», contou.


Em 1978, antes de ser lançada a ideia do SNS, só havia hospitais em Lisboa, Porto e Coimbra e mais de 80 por cento de todos os recursos humanos e técnicos concentravam-se no litoral. No interior, as pessoas apenas tinham o apoio de algumas Misericórdias.

Também só havia maternidades em Coimbra, Porto e Lisboa, o que fazia com que 90 por cento das pessoas nascesse em casa.

«Havia mais de 30 em cada mil crianças a morrer durante o parto. Hoje, 30 anos depois, morrem menos de três em cada mil. Os nossos índices sanitários eram dos piores da Europa, enquanto hoje surgimos nos lugares da frente da Organização Mundial de Saúde», sublinhou Arnault.


Antes da criação do SNS, formalizada em 1979, havia três modalidades de pagamento no acesso aos cuidados de saúde públicos: os mais ricos pagavam a totalidade dos tratamentos, outros pagavam uma parte em função dos rendimentos e havia ainda os indigentes, que nada pagavam desde que conseguissem um atestado passado pela Câmara Municipal.

Com a lei número 56 de 1979, os serviços de saúde passam a ser universais e de acesso gratuito. A própria lei previa o pagamento de taxas moderadoras, que acabaram por não ser cobradas durante vários anos porque o Tribunal Constitucional considerou o seu pagamento inconstitucional.

«Foi a pretexto disto que na revisão constitucional de 1989 se passou a dizer que o acesso à saúde é 'tendencialmente' gratuito», lembrou António Arnault.

Comentário:
É evidente a deriva direitista deste PS, em que o seu emblemático ex-ministro da saúde não tem qualquer peso. As políticas mudam sempre, mas podem mudar em várias direcções, pelo menos em teoria. No caso português, parece que mudam sempre para piorar a condição dos mais pobres.

A perda enorme que resulta para a população é apenas possível de avaliar, tendo em conta dados como os do recém publicado relatório sobre o «índice de desenvolvimento humano» dos países: vários parâmetros do bem-estar das populações, não apenas acesso aos bens de consumo como a serviços, a educação, a cuidados de saúde.

O índice para Portugal desceu ao longo do último quinquénio, facto não verificado em nenhum dos países da OCDE (Europa+América do Norte+ Japão). O referido índice atingiu para Portugal níveis semelhantes aos de 1979.

A destruição metódica do SNS, da Educação Pública, da Segurança Social, a erosão das reformas...não poderiam ter outro resultado!

Manuel Baptista
http://www.luta-social.org/

História recebida por mail

Um amigo meu comprou um frigorífico novo e para se livrar do velho, colocou-o em frente do prédio, no passeio, com o aviso:
"Grátis e a funcionar. Se quiser, pode levar".
O frigorífico ficou três dias no passeio sem receber um olhar dos passantes.
Ele chegou à conclusão que as pessoas não acreditavam na oferta. Parecia bom de mais para ser verdade e mudou o aviso: "Frigorífico à venda por 50,00 €. No dia seguinte, tinha sido roubado!
Cuidado! Este tipo de gente vota!

aulas de substituição



http://antero.wordpress.com/

CONCENTRAÇAO DE PROFESSORES NA GUARDA

Recupera-se aqui o texto de uma colega

Recupera-se aqui o texto de uma colega, com cerca de ano e meio, mas que continua praticamente tão actual como no dia em que foi escrito.

Sobre a avaliação dos professores… ou sobre um país em que o S do poder do presente acaba por se assemelhar a um S de poderes que julgávamos já passados!!!

Perguntem a qualquer professor digno desse nome se ele quer ser avaliado. E a resposta é SIM! Claro que sim! Mas qual é o bom profissional que investe na carreira e que quer ter o mesmo SUF automático num relatório para progressão na carreira que aquele que vê o ensino como uma forma de ganhar dinheiro "para os alfinetes"? Qual é o bom profissional que investe muito do seu tempo e da sua energia para querer depois ser "metido no mesmo saco" daquele que pouco ou nada faz??? Qual é o professor digno desse nome que gosta de ganhar o mesmo (ou ainda menos, se estiver num escalão inferior) do que aquele que é bem pior profissional do que ele?
Será este país tão estúpido e tão cegamente arrogante para achar que pode existir sem professores? Será este país tão estúpido para achar que a forma de limpar o ensino dos maus profissionais (que existem, claro que sim! E não contem comigo para ser corporativista…) é atacar todos os professores, atribuir-lhes as causas de todos os males da sociedade, desde os meninos que se drogam porque os professores faltam (ouvi isto da boca do senhor Albino, da Confederação de Pais) até aos de falta de produtividade do país? Será este país tão estúpido e tão arrogante que entenda poder não reconhecer as horas que os professores dedicam a preparar as aulas, a pensar em como "agarrar" aquele aluno que anda meio perdido, a telefonar vezes sem conta para os pais do outro miúdo que anda completamente desorientado, a gastar dinheiro do seu bolso em materiais de apoio, a levá-los a ver museus, teatros, exposições, conhecer coisas que muitos pais, confortáveis nos seus fins de semana de centro comercial, não estão para fazer? Já agora, para os que dizem que os professores só querem passear, pensem que o podemos fazer com os nossos filhos e amigos, sem ter que passar 12 horas fora de casa de um dia que, passado, na escola, seria de muitas menos e sem a responsabilidade de tomar conta dos filhos dos outros. Será este país tão estúpido e tão arrogante que esqueça que são os professores, como é, obviamente, sua função e responsabilidade, a dar a todos os alunos o melhor das ferramentas de que dispõem, sejam elas científicas, intelectuais, sociais, de cidadania e de tudo o mais que possam imaginar e entender necessárias?
Será este país tão estúpido e tão cegamente arrogante que não perceba que sem os professores que tentam tirar os miúdos do miserabilismo intelectual em que muitos vivem (independentemente da classe social) teremos cada vez mais uma escola de pobrezinhos onde, para não haver insucesso, devo partir daquilo que "a criança" é e sabe, descer ao encontro dos seus interesses, por causa do insucesso, etc, etc,etc… (como isto dá jeito aos donos dos colégios…)? Assim, ajudamos os pobrezinhos a cumprirem o seu (pré)desígnio na vida… Será este país tão estúpido que não perceba que sem os professores que se estão a borrifar para estes determinismos sociais e que tanto trabalham, se for essa a vontade do aluno, para ser médico o filho do cozinheiro como o deputado, teremos cada vez mais o país da elite, a quem tudo é possível, e o dos outros, fechados e condenados ao atraso e a perpetuarem o meio onde tiveram o azar de nascer?
Será este país de "professores de bancada" (pois, tal como no futebol, todos parecem saber mais do que é ser professor do que nós, pelos vistos os mais incompetentes do todos os profissionais deste país!) capaz de parar da gastar o tempo (tempo este em que muitos se poderiam dedicar, digamos, a educar os próprios filhos, a ir à escola saber deles, a dedicar-lhes tempo, sei lá…!) a fazer analogias entre as empresas privadas e os professores? Será este país tão estúpido e tão cego que não veja, nas empresas, as políticas de incentivo, os prémios de produtividade, os seminários de motivação, os telemóveis de serviço, os computadores da empresa para trabalhar em casa e, sem ir ao mais óbvio, os ordenados? Será este país tão estúpido que não entenda que os professores são profissionais qualificados, não têm o 9º ano nem tão só o 12º? Portanto, sejam pelos menos honestos (se não conseguirem ser inteligentes!) nas comparações.
Será este país tão estúpido e tão cegamente arrogante? Quantos de vós não devem muito do que são a professores que tiveram? Ou os vossos filhos?
Será o meu país tão cego e tão arrogante???
Assim, perguntem a qualquer professor digno desse nome se ele que ser avaliado… E ele responde-vos que SIM! O que não queremos mais é ser constantemente humilhados, culpabilizados, achincalhados, denegridos, tratados sem a consideração, o respeito e a inteligência que a minha profissão e o meu profissionalismo me concedem o direito de exigir!
E, citando Almada Negreiros:
UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!
… cada geração tem o Dantas que merece! Mas também tem nas suas mãos o poder de o reduzir à sua insignificância… Até porque do Dantas, o verdadeiro, o Júlio, não fora o testemunho/desabafo do Almada Negreiros, e já se teria dissolvido na poeira dos tempos…
5 de Junho de 2006
Ana Mendes da Silva, professora na Escola Secundária da Amadora

Carta duma colega

A mim o discurso da ministra pareceu-me o canto da sereia, mas como já
estava avisada pude ouvi-la sem me perder. Agora é uma questão de
tempo e persistência dos professores para esta ministra ir a andar.
Virá depois outra ou outro. Não é novidade. As políticas é que
precisam de ser mudadas. Quando as pessoas entenderem isto, o governo
mudará. Outro virá e as políticas serão idênticas. O objectivo destas
políticas educativas é sempre o mesmo: destruir a escola pública,
esvaziar o ensino, preparar mão-de-obra barata para o trabalho
precário, desresponsabilizar o Estado, passar para os municípios a
batata quente de acabar o trabalho sujo de desmantelar a escola
pública. Mas a quem prestam os nossos governantes este serviço? De
onde vêem estas políticas que subvertem a nossa Lei de Bases do
Sistema Educativo? São directivas alienígenas que visam desmontar a
nossa concepção de escola democrática e equitativa. Não as queremos,
não nos servem, como afirmá-lo? Não queremos os nossos filhos a ser
formados para serem ignorantes e entregues à escola a tempo inteiro
para serem depois servidos numa bandeja, facilmente transformados em
mão-de-obra barata.
Os pais não assumem a educação dos filhos porque estão a ser tão
apertados nos seus empregos quanto os professores no seu. Há que lhes
dizer que a luta também é sua e que o que aqui está em jogo é a
desconstrução de toda a sociedade civil e também as gerações futuras a
que os seus filhos pertencem. Por isso todos devemos estar unidos
porque todos vamos perder com o fim da escola que era de todos.
O processo de destruição é tão grave que o poder necessita de exercer
a autoridade para poder impor as indesejáveis políticas. Para isso
auxilia-se dos que se limitam a cumprir as ordens mesmo sabendo que
estão a ser os actores dessa destruição. Criando a figura do director
e toda uma panóplia de nomeações e de cargos atribuídos aos que
obedecerão cegamente às normas, o governo assegura que as leis serão
cumpridas e postas em prática, pressupondo que os mais fragilizados na
sua carreira profissional se lhes submeterão mais cedo ou mais tarde.
Mas o governo tem timings a cumprir, o país tem que se submeter à
avaliação da União Europeia e tem que cumprir as suas metas e os seus
prazos. Por isso o Ministério conserva em mãos o trunfo de destituir
quem não andar dentro desta linha. A Autonomia concedida às escolas é:
arranjem-se lá como quiserem conquanto que em 2013 esteja tudo
aplicado, senão...
A substituição da ministra é urgente e necessária, mas prosseguir no
sentido garantir o rompimento com as políticas educativas que se
impõem é o mais importante porque não basta mudar as moscas e cantar
vitória. Pode-se ganhar uma batalha mas o mais importante é no fim não
se perder a guerra. E para entender isto são precisas muitas e boas
aulas, um conhecimento histórico e cultural sólido e a noção do que é
viver verdadeiramente em democracia.

Paula Montez

Recebido por mail

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Maioria das mensagens escritas enviadas para convocar a manifestação do Rato eram da Optimus

Depois do caso da licenciatura de Sócrates e dos projectos arquitectónicos dos anos 80, a conspiração da Sonaecom contra o governo continua. Vitalino Canas, porta-voz do governo, acusa os professores que se manifestaram à porta da sede do PS no Largo do Rato de partilharem bolas de lava alaranjada entre si e de convocarem manifestações por SMS aproveitando um tarifário especial da Optimus, o Boomerang Kamarada. Segundo o porta-voz do PS, este tarifário foi especificamente criado para opositores de Sócrates. O político acusa a Optimus de ter oferecido milhares de telemóveis com este tarifário aos sindicalizados da Fenprof. O tarifário oferece condições e preços imbatíveis porque permite que as chamadas entre "Fenprofes" custem apenas um cêntimo por minuto, além de que oferece 1500 mensagens escritas grátis por mês, desde que as mesmas sirvam para convocar manifestações contra o governo e greves.

http://biscoitointerrompido.blogspot.com/

ASAE aproveita cheias para encerrar 1000 cafés e restaurantes

A operação da ASAE iniciou-se após as fortes chuvadas de Segunda-feira e só deverá terminar daqui a duas semanas. Centenas de inspectores visitaram os estabelecimentos comerciais mais afectados pelas cheias e, além de terem decidido encerrá-los, ainda levantaram milhares de autos de contra-ordenação de quantias avultadas para os pequenos comerciantes. A inspecção da ASAE detectou uma gritante e preocupante falta de condições técnico-funcionais em todos os estabelecimentos visitados, instalações muito degradadas, completamente alagadas, inúmeras situações de falta de asseio e higiene e análises químicas que acusaram níveis de lama quinhentas vezes acima do legalmente permitido.

http://biscoitointerrompido.blogspot.com/

Algumas das gaffes estratégicas deste governo

“Como é que se pode exigir às escolas que, no meio do ano lectivo, até ao final do ano façam a avaliação dos professores. Foi preciso a ministra da avaliação... perdão, da Educação” José Sócrates

"Cada um dará o seu melhor para um país mais justo, para um país mais pobre” José Sócrates

- “A vantagem de Portugal [para captar investimento chinês] é ter salários baixos” Manuel Pinho

- “Margem Sul é um deserto para onde seria necessário deslocar milhões de pessoas” Mário Lino

CONCENTRAÇAO DE PROFESSORES NA GUARDA










Um Óscar para o pior dos actores secundários

Ainda com o rescaldo da cerimónia dos Óscares da Academia de Hollywood presente em muitos órgãos de comunicação social, é caso para dizer que na agenda política portuguesa destes dias também podíamos atribuir um Óscar. Destinatário: o secretário de Estado Valter Lemos, candidato à frase bombástica do ano: "A FENPROF parece ter enveredado pelo sindicalismo cautelar" (declarações à Lusa 26/02/2008).
Recordando lides autárquicas do passado, o político da 5 de Outubro puxou pela cabeça e prometeu a si próprio que iria fazer furor. Passou a noite em branco (depois dos Prós e Contras) na busca de uma frase esmagadora contra a organização mais representativa dos professores portugueses. Já de madrugada, fez-se luz: "Vou arrasar!..."

Confuso, Valter Lemos nem se lembrou que acusar daquela maneira uma organização sindical que luta também na frente jurídica só lhe dá prestígio, uma vez que num Estado de Direito, em democracia e no respeito pela legalidade democrática, o recurso aos tribunais é uma afirmação de cidadania e de responsabilidade.
Mas não havia tempo para mais reflexões. Desejoso de mostrar serviço, Valter Lemos, em bicos de pés, não hesitou e perante o jornalista da Lusa disparou: "A FENPROF parece ter enveredado pelo sindicalismo cautelar!..."
Por momentos, foi às nuvens. "Só um grande estadista teria esta imaginação!... Como é que um homem como eu ainda não chegou a ministro? Ou a presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos?... Sócrates anda a dormir..." (pensou para com os seus botões).
Descendo agora ao mundo real e como a Academia não atribui óscares a frases bombásticas, Lemos terá de se contentar com uma estatueta para o pior dos actores secundários... / JPO"
Tirado do site da fenprof



Manifestação de Professores
8 de Março de 2008, em Lisboa


A Direcção Nacional da Associação Nacional de Professores deliberou aderir e participar na manifestação do próximo dia 8 de Março, em Lisboa.
Pela primeira vez, em vinte e três anos de história, a Associação Nacional de Professores, decide abandonar a posição de equidistância em relação aos demais interlocutores da educação porque entende que, nesta situação concreta, está em causa o que nunca esteve: a dignidade e consideração, que é devida aos docentes.
Por isso, apela a todos os associados que se mobilizem para integrar a manifestação.


A Direcção Nacional

http://www.anprofessores.pt/portal/PT/535/NID/454/default.aspx



Uns são adesivos…outros são colas!...


http://antero.wordpress.com/

Os novíssimos Feios, Porcos e Maus









Ideia gentilmente cedida por uma colega de Filosofia

Os Nossos Limites de Paciência Já Foram Ultrapassados

“Há um limite” para aguentar tanta contestação
Maria de Lurdes Rodrigues admitiu que terá “um limite” para aguentar a contestação generalizada dos professores, mas ainda não o atingiu. Até porque, por princípio, “cumpre sempre os compromissos que assume”.
Para 8 de Março está agendada uma marcha do descontentamento, na Internet nascem movimentos, como o de professores em luta, professores revoltados ou em defesa do ensino. Amanhã espera-se novo protesto em Braga.
No “Prós e Contras”, à medida que o programa avançava tornava-se mais notório o isolamento da ministra da Educação. João Formosinho, do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, sentado a seu lado, dissertou sobre os novos desafios da escola actual e Maria de Lurdes Rodrigues acabou por ter de defender sozinha as suas políticas.

http://educar.wordpress.com/

O Novo Relatório da IGE, A Questão das Lideranças E O Novo Modelo de Gestão

Já aí está o relatório da avaliação externa das Escolas do passado ano lectivo. Mais curto do que o habitual, mas por isso mais facilmente compreensível e legível.
Anoto desde logo que numa escala de Insuficiente a Muito Bom, o domínio da Liderança merece 83% de classificações nos dois níveis superiores (Bom, 43%, Muito Bom, 40%).
Mais interessante: no domínio da Organização e Gestão Escolar essa classificação eleva-se a 90%.
Em qualquer das situações o Insuficiente é atribuído a 1% dos casos.
Alguém me explica como é que o Ministério da Educação fundamenta, mesmo com os seus próprios elementos de análise, a necessidade de alterar o modelo de gestão escolar e de consolidar «lideranças fortes»?
Esta é a parte em que os apoiantes do ME se poderiam chegar à frente para esclarecer aqueles que, como eu, têm evidentes dificuldades em compreende ro nexo lógico de tudo isto.
Porque seria suposto existir algum. Ou estarei a exigir algo excessivo? Do género… a IGE detectou estas falhas no funcionamento das Escolas, logo devemos alterar isso. Não seria o processo normal? Não é para isso que serve a avaliação externa?
http://educar.wordpress.com/

Notícia de última hora

Independência no Kosovo foi mais pacífica que avaliação de professores em Portugal

http://lobi.blogs.sapo.pt/

Carta à Governadora Civil

Ex.ma Sra. Governadora Civil



Por outras palavras

Manuel António Pina

O acima assinado, cidadão português e cronista, vem, muito respeitosamente, expor e requerer a V. Ex.ª o seguinte:

1 - Tendo o signatário tido conhecimento de que a PSP identificou três professores que, convocados por sms, se reuniram no sábado na Avenida dos Aliados para, supõe-se, não dizer bem das políticas educativas do Ministério da Educação;

2 - Mais tendo sabido que, entre as centenas de presentes, a PSP decidiu identificar (já que tinha que identificar alguém e não levara consigo bolinhas numeradas para proceder a um sorteio) três pessoas que falaram às TV's;

3 - E tendo sabido ainda que tal identificação (e tudo o que se lhe seguirá) se deveu ao facto de as pessoas em causa não terem, em devido tempo, informado V. Ex.ª de que pretendiam ir nessa tarde à Avenida dos Aliados;

4- Tendo, por fim, conhecimento de que, pelo mesmo motivo, um sindicalista foi recentemente condenado em Oeiras;

vem o signatário solicitar autorização de V. Ex.ª para, logo à noite, se reunir com alguns amigos no Café Convívio, sito na Rua Arquitecto Marques da Silva, nº 303, no Porto, a fim de discorrerem todos ociosamente sobre assuntos diversos, entre os quais provavelmente não dizer bem das políticas educativas do Ministério da Educação.


Pede deferimento.



Jornal de Notícias 26 de Fevereiro de 2008

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Próximas iniciativas dos Professores

Os professores de Castelo Branco socialistas estão a ser convidados por sms para se reunir HOJE com a Ministra da Educação, em Castelo Branco, à mesma hora que a vigília marcada de protesto contra as políticas educativas, à frente do Governo Civil.
Eles estão tão desesperados, que usam tácticas sujas para tentar mostrar que afinal há professores do seu lado… Já vários professores socialistas de Castelo Branco disseram que não irão a essa reunião, por ter um objectivo apenas de propaganda, e que irão, pelo contrário, à vigília.
Deixo aqui um apelo a todos os professores da zona de Castelo Branco para comparecerem à vigília, e mostrarem à ministra e ao país que agora, nesta altura, não há forma de esconder o nosso descontentamento!

- 27 de Fevereiro - Guarda, 18h00, junto ao Governo Civil
- 27 de Fevereiro - Viseu, 17h00, Auditório Mirita Casimiro
- 27 de Fevereiro - Castelo Branco, 21h00, Vigília frente ao Governo Civil
- 28 de Fevereiro - Aveiro, 21h00, Centro Comercial Oita
- 1 de Março - Lisboa, 16h00, Instituto Português da Juventude (Rua da Polícia)
- 3 de Março - Leiria, 17h00, Praça Rodrigues Lobo
- 4 de Março - Faro, 18h00, frente ao Forum Algarve e deslocação à DREALG
- 6 de Março - Portimão, 17h30, frente à Câmara Municipal
- 8 de Março - Lisboa, 14h30, Alto do Parque Eduardo VII - Marcha da Indignação

A psique americana: a elite revela-se num discurso de despedida

Se quiser ver quão doentia é realmente a elite americana — quão moralmente depravada, quão intelectualmente enferma, quão viciada no gosto da carne humana, no cheiro do sangue humano e na visão do sofrimento humano — então tudo o que precisa fazer é ler o discurso de Mitt Romney na Conservative Political Action Conference (CPAC ) em 7 de Fevereiro de 2008.

Poderá dizer que Mitt Romney é notícia velha. Afinal de contas, este foi o próprio discurso em que declarou estar a abandonar a corrida presidencial. Ele está queimado, está ultrapassado, quem se importa com o que diz? Esta é naturalmente a visão tola da "corrida de cavalos" que domina o discurso político na América: quem está a subir, quem está a descer, quem está conseguir centímetros de coluna [nos jornais], quem aparece na TV? Mas, na realidade, a elite política americana — ou o Establishment, ou a estrutura de poder, chame a isto como quiser (desde que não chame o que ela realmente é: a classe dominante) — é como um iceberg: a maior parte do seu vasto volume permanece oculto, ela opera abaixo da superfície, sem ser perturbada pelas tempestades dos media que se enfurecem em torno de pequenos bocados de material expostos nas cimeiras.

Mitt Romney é um homem imensamente rico, bem conectado, um antigo governador do estado de Massachusetts, nascido e criado numa extensa teia de privilégios e poder. A sua derrota numa campanha presidencial não muda nada disto. Ele simplesmente submergirá — por algum tempo — naquelas profundidades onde são feitos os negócios reais da elite. Portanto, as suas palavras aos activistas conservadores constituem uma indicação altamente relevante da mentalidade que predomina no mais poderoso país do mundo. Elas mostram a barbárie, a incitação ao ódio e aos banhos de sangue que são considerados perfeitamente aceitáveis na companhia polida dos nossos dirigentes e dos seus sicofantas.

Na verdade, a coisa mais notável acerca do discurso de Romney é que não há nada de notável acerca dele; é totalmente típico da espécie de carne vermelha que muitos iluminados da sociedade americana atiram aos salivantes fieis da extrema direita. Requer um grande esforço libertar a cabeça da mentalidade dos media enlouquecidos que encaram um tal discurso como "normal" (mesmo que não concorde com ele), e vê-lo como a falsificação e a bestialidade delirante que realmente é.

O núcleo candente da oferenda vomitosa de Romney talvez possa ser encontrado nas suas observações de passagem sobre a Europa. Mais uma vez, num certo sentido, aquilo foi apenas um naco lançado para agradar a multidão: um bom eurogolpe sempre consegue que participantes do CPAC se ponham a espumar. Mas num sentido mais profundo, ele vai directo ao coração corroído da questão, directamente ao racismo vicioso, primitivo e genocida que moldou e conduziu tantas políticas das elites do ocidente ao longo de séculos. Em meio a uma longa diatribe acerca de "ataques" liberais à "cultura americana", Romney faz uma pausa para uma olhadela através do Atlântico, a fim de evocar um odioso pesadelo que poderia em breve ser o futuro da América.
A Europa está a enfrentar um desastre demográfico. Isto é o produto inevitável da enfraquecida fé no Criador, famílias fracassadas, desrespeito pela santidade da vida humana e moralidade corroída.
Por "desastre demográfico" Romney simplesmente quer dizer que há mais pessoas não brancas na Europa do que costumava haver. Para Romney e suas elites amigas, este facto constitui por si mesmo um genuíno "desastre". Embora a população da Europa ainda seja esmagadoramente branca (muito mais do que a população dos Estados Unidos), mesmo a mais mínima diluição da pureza racial no continente é para ser lamentada, condenada — e repelida. Aqui, naturalmente, Romney está a canalizar vendedores do medo como Martin Amis , Mark Steyn e Christpher Hitchens, cujo tremelicante pânico sexual frente às pessoas escuras de sangue quente e reprodução rápida seria cómico, se não fosse sinistro — e tão úteis para os fabricantes da guerra e os dominacionistas globais da elite dirigente.

Romney torna as entrelinhas sexuais e raciais muito claras nas suas observações acerca da perda de fé religiosa, moralidade corroída, etc da Europa. Os europeus estão simplesmente demasiado ocupados a fazerem abortos e a observarem pornografia para cumprirem o seu dever pela raça e procriarem grandes famílias mantidas sob estrita disciplina religiosa. E assim os pobres cidadãos estrangeiros de uma fé alienígena estão a procriar como ratos no celeiro da Civilização Ocidental, roendo as fundações e conquistando-a a partir de dentro. O facto de "muçulmanos" serem substituídos por "judeus" nestas formulações e implicações de Hitchens, Amis, Romney e outros não diminui a precisão com que as suas diatribes reflectem aquelas que saturaram a Alemanha (e muitos outros países) nas primeiras quatro décadas do século XX. Para as elites, há sempre um "outro" escuro, sexualmente potente, cuja esmagadora ameaça à supremacia branca só pode ser ultrapassada... dando às elites mais e mais poder.

Por incrível que pareça, tem havido um desastre demográfico na Europa — mas nada tem a ver com homens muçulmanos viris e suas férteis mulheres. Ele nunca é mencionado por Romney e os elitistas da sua laia — porque é o resultado da sua própria filosofia, das suas próprias políticas e dos seus próprios desejos. Falamos naturalmente do colapso demográfico da Rússia, onde a população está a minguar enquanto as taxas de mortalidade permanecem quase o dobro das dos Estados Unidos e da Europa Ocidental. O povo russo ainda está a cambalear devido à catastrófica "terapia de choque" que lhe foi infligida pelos fundamentalistas do mercado da "Escola de Chicago" sob Boris Yeltsin. (Esta história assustadora é bem contada no estudo do "desastre do capitalismo" de Naomi Klein , The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism ).

As elites ocidentais ficaram muito felizes ao observar o povo russo a afundar, extinguir-se em massa e sofrer na pobreza, caos e medo — desde que uma fatia sumarenta da riqueza petrolífera, mineral e industrial estivesse à vista. O súbito desgosto do Ocidente para com o homem forte do Kremlin, Vladimir Putin, nada tem a ver com as suas famosas tomadas de posição quanto a liberdades civis. As depredações de Putin não são menos rudes do que aquelas de Yeltsin, o qual realmente enviou tropas e tanques em 1993 a fim de destruir o parlamento democraticamente eleito, e desde então tratou com arrogância todo vestígio de lei que restringisse o poder do Estado – e também do sector privado – a fim de assegurar uma vitória na sua candidatura à reeleição em 1996. Depois disso, ele expôs toda a economia ao saqueio predador dos seus apaniguados corporativos e dos seus aliados ocidentais. Foi o facto de Putin ter tirado muito deste saque da mesa dos ocidentais – e dado aos seus próprios apaniguados – que provocou a recém-descoberta preocupação do Ocidente para com os direitos e o bem estar do povo russo.

No seu canto do cisne, Romney torna claro que ele e as suas elites querem continuar a pressionar a sua "terapia de choque" também sobre o povo americano, repelindo as tímidas tentativas do passado de melhorar, ligeiramente, alguns dos piores excessos e desigualdades da insana cobiça corporativa. De facto, Romney identifica estas medidas tépidas como horrendas ameaças à própria "cultura americana".
A ameaça à nossa cultura vem de dentro. Na década de 1960, havia programas de bem estar que criaram uma cultura de pobreza no nosso país. Agora, algumas pessoas pensam que ganhámos aquela batalha quando reformámos o estado previdência (welfare). Mas os liberais não desistiram. A cada momento eles tentam substituir a responsabilidade individual por dádivas do governo. Eles combatem pelo esvaziamento das exigências de trabalho, por colocar mais pessoas no Medicaid e impedir cada vez mais pessoas de terem de pagar qualquer imposto sobre o rendimento. A dependência é a morte da iniciativa, da assumpção do risco e da oportunidade. A dependência é a morte da cultura. É uma droga. Temos de combate-la como veneno que é.
A ignorância — e desumanidade — desta declaração é de cortar o fôlego. Pense nisto: não havia pobreza nos Estados Unidos até que chegaram os "liberais" na década de 1960 e criaram-na com os seus programas de bem estar. (Aparentemente, antes desta "cultura da pobreza" ter sido criada, os poucos pobres na América simplesmente extinguiam-se discretamente, tal como os russos, ao invés de pendurarem-se um pouco mais nas esmolas do governo, do modo como fazem agora os preguiçosos e os desgraçados. Oh, sim, e eles reproduzem-se um bocado, mais do que os indivíduos brancos.) E ainda que Bill Clinton (desacreditado, naturalmente, mas a elite está bem consciente dos seus excelentes serviços) tenha acabado por liquidar o programa de bem estar, estes malfeitores ainda não estão contentes. Vejam simplesmente o que querem fazer: "colocar mais pessoas no Medicaid" e "impedir cada vez mais pessoas de terem de pagar qualquer imposto sobre o rendimento". (Um momento: pensei que os mastigadores de carne vermelha do CPAC eram a favor de o povo não pagar impostos. Imagino que isto só se aplica à espécie certa de pessoas.)

Tudo isto — especialmente a conversa cerca da "assumpção de riscos" e "dependência" das dádivas do governo — é muito bonito vindo de um ícone de uma classe dominante que está saturada de herdeiros amimalhados da riqueza e do poder os quais, como Romney, começaram as suas carreiras totalmente livres de risco até o topo extremo da escadaria, e que são continuamente engordados com contratos sem concurso, subornos, isenções fiscais, subsídios, lucros de guerra e miríades de outras formas de "dádivas do governo". Mas além da hipocrisia transparente — e da ridícula pretensão de que os "liberais" no Partido Democrático de hoje colocam alguma espécie de ameaça genuína a esta cornucópia — a rajada de Romney é uma síntese perfeita do ódio da elite para com a ralé que eles utilizam como carne de canhão e vacas leiteiras. Deixem-nos ficar doentes, deixem-nos morrer, deixem-nos vegetar na pobreza, deixem-nos perder os seus lares, deixem-nos trabalhar em três empregos para atender às suas necessidades — mas por Deus não façam qualquer coisa, qualquer coisa de todo, para mudar o sistema que produz estas desigualdades crónicas e mantém a elite amimalhada na riqueza. Eis o mal. Eis o "veneno". E isto não será permitido.

O discurso vai em frente por este caminho, lê-lo é como avançar através da tubagem do esgoto de um matadouro. A China, a Índia e outros países asiáticos apresentam um desafio que deve ser confrontado e vencido. Por que? Porque eles podem "ultrapassar-nos como super-potência económica, assim como nós ultrapassámos a Inglaterra e a França durante o último século". E devemos travar os diabos amarelos, porque "a prosperidade e a segurança dos nossos filhos e netos depende de nós". Aparentemente, não é possível aos países asiáticos e os Estados Unidos estarem seguros e prósperos ao mesmo tempo; "nossos filhos" só podem prosperar a expensas de outros. Isto também é transparentemente ridículo, mesmo sem sentido, se assumido literalmente. Naturalmente, asiáticos e americanos comuns poderiam estar prósperos ao mesmo tempo. O que Romney realmente quer dizer é que a elite americana não pode exercer domínio e empanturrar-se da maneira a que se habituou se outros países estiverem seguros e prósperos pelos seus próprios méritos.

E é aqui que a "Guerra ao terror" – o eixo do discurso de Romney e a justificação que ele apresenta para a sua campanha – entra em cena. A Guerra ao terror é simplesmente uma extensão do objectivo de sempre da elite americana (e seus "parceiros júnior" britânicos) de manter e estender seu domínio sobre os recursos naturais do mundo e as suas disposições políticas – e os lucros exorbitantes que este domínio produz. Há provas amplas no registo histórico das contínuas – e bastante abertas — ansiedades da elite sobre estes resultados, que remontam a gerações. Literalmente, milhões de pessoas por todo o mundo foram sacrificadas a estas ambições e ansiedades, as quais não foram reduzidas mas cresceram mais furiosamente e a cada ano.

E daí o clímax da peroração de Romney: um frenesim total quanto à "má e radical jihad" e "as inevitáveis ambições militares da China" e a candente necessidade de "aumentar as despesas militares para 4 por cento do nosso PIB" e o imperativo prioritário de manter a enorme Guerra ao terror, particularmente na sua frente central no Iraque. Nada disto está remotamente ligado ao bem estar real, à segurança e à prosperidade do povo americano, muito pelo contrário. Contudo, isto é absolutamente vital para a preservação do poder, do privilégio, da auto-imagem e do status da elite. E, como eles demonstram dia após dia, pouco se importam com quantas pessoas devam morrer ou sofrer por isto.

Trata-se de uma psicose moral numa escala monumental. Ela constitui o repúdio completo e absoluto de todo ideal civilizado, de todo fragmento de iluminismo arrancado do amontoado de escórias empapadas em sangue da história humana. Mas isto passa por normalidade no nosso discurso político.
Chris Floyd

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

A flexigurança : o que é e quais as consequências para os trabalhadores

A flexigurança : o que é e quais as consequências para os trabalhadores



A Comissão Europeia enviou aos Estados Membros um opúsculo com 17 paginas, a que chamou Livro verde , que é um verdadeiro manual ideológico que visa ajudar (com "argumentos") os governos e as entidades patronais a introduzir, nos respectivos países, a "flexigurança", que é a liberalização dos despedimentos sem justa causa através do alargamento da definição de justa causa pois o artº 53 da Constituição proíbe os despedimentos sem justa causa em Portugal.

A palavra "flexigurança", tal como sucede com o "factor de sustentabilidade" é, segundo as ciências da comunicação, uma palavra-armadilha pois procura ocultar o seu verdadeiro objectivo que, no primeiro caso, é a liberalização dos despedimentos individuais e, no segundo caso, foi a redução das pensões. São também denominadas pelas ciências da comunicação "palavras-virtude" porque procuram associar, de uma forma enganosa, as palavras positivas "segurança" e "sustentabilidade" àqueles objectivos (liberalização dos despedimentos e redução das pensões), que nada têm a ver com elas.

Logo no inicio do chamado "Livro verde", com o objectivo de fragilizar a resistência dos trabalhadores à "flexigurança", a Comissão Europeia divide os trabalhadores em dois grandes grupos: (1) Os "insiders", ou seja, os que têm contratos permanentes e que têm direitos; (2) Os "outsiders", ou seja, aqueles que não têm contrato permanente e que, por isso, não possuem direitos. Desta forma, procura atirar uns contra os outros para fragilizar a sua luta e resistência. Portanto, uma táctica muito semelhante à utilizada pelo governo de Sócrates que também dividiu os trabalhadores entre "privilegiados" (que seriam os da Administração Pública) e não privilegiados (os do sector privado) com objectivo de fragilizar também a luta dos trabalhadores portugueses para, em primeiro lugar, atacar o sistema de aposentação dos trabalhadores da Administração Pública e, depois, atacar o regime geral de Segurança Social dos trabalhadores do sector privado reduzindo as pensões de reforma a uns e outros.

No mesmo "Livro verde", a Comissão Europeia defende também a precariedade que se verifica actualmente nas relações de trabalho afirmando que ela se tornou necessária e inevitável devido, por um lado, ao desenvolvimento tecnológico e, por outro lado, ao facto do contrato de trabalho permanente ser uma coisa do passado que já não corresponde às necessidades do desenvolvimento económico moderno. Chega até ao cumulo de afirmar que as diferentes formas de contratos precários existentes – contratos a prazo, "recibos verdes", contratos temporários, etc.- é uma situação benéfica para os trabalhadores pois fornece a estes múltiplas opções de escolha. Desta forma procura "naturalizar", ou seja, tornar a precariedade uma coisa "natural" e "normal" que é também uma forma de manipulação como ensinam as ciências da comunicação.

A introdução da chamada flexigurança em Portugal representaria, na pratica, a liberalização dos despedimentos tanto individuais como colectivos, através do alargamento do que é considerado como justa causa para o despedimento (exemplo: a última proposta do governo para a Administração Publica que considera como motivo para processo disciplinar e, consequentemente, despedimento, duas avaliações negativas atribuídas pela entidade patronal ao trabalhador); a liberalização dos despedimentos por meio da redução significativa das indemnizações a pagar pela entidade patronal pois, segundo a Comissão Europeia, os actuais valores das indemnizações (um mês por cada ano de serviço) são excessivos constituindo um obstáculo a que as empresas façam despedimentos; e também através da protecção dos desempregados que, no caso português, tenderia a reduzir-se ainda mais devido à actual politica de obsessão do défice e de redução da despesa pública.

E esta situação ganha ainda uma maior gravidade em Portugal, já que a precariedade e a flexibilidade já são muito elevadas, pois a população com emprego ou trabalho precário e os desempregados já representam 41,8% da população empregada, e os trabalhadores por conta de outrem com contrato permanente, que são os principais alvos da flexigurança pois esta pretende acabar com os contratos sem termo, ainda representam 59,8% da população empregada, ou seja 3.069.000 portugueses. A introdução da flexigurança em Portugal, em que 71% da população empregada tem apenas o ensino básico ou menos e em que a criação de emprego é diminuta devido às baixas taxas de crescimento económico, determinaria que o desemprego disparasse, portanto mais exclusão social e mais miséria, pois a protecção aos desempregados é reduzida em Portugal (segundo o Ministério do Trabalho apenas 40% dos desempregados é que recebem subsidio de desemprego) e não é de prever que aumento com a politica de obsessão do défice.


Eugénio Rosa

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Fernanda Velez SHOW



A única prestação que merece ser retida...

Doutrinação das élites



http://www.rebelion.org/

Os Dois Artigos Da Lei Que Falta Para Resolver O Problema Educacional Português

• Artigo 1º: Todo e qualquer professor está proibido de marcar faltas aos seus alunos.
• Artigo 2º: Todo e qualquer professor está proibido de atribuir classificações geradoras de insucesso escolar.
E todos os males da Nação desapareceriam.

http://educar.wordpress.com/

Mudar de vida em Portugal

O «no sense» da contra-reforma da ministra da educação provoca a indignação dos professores

A actual ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, é socióloga por formação, tendo-se especializado na área da Sociologia das Organizações. Também é do conhecimento geral que Maria de Lurdes Rodrigues frequentou ao longo dos anos os meios e os ( poucos) espaços anarquistas da cidade de Lisboa, e inclusivamente, o seu nome pode ser encontrado no corpo redactorial da revista anarquista «A Ideia», publicada ao longo de décadas após o 25 de Abril, muito embora não se lhe conheça qualquer produtividade teórica digna de realce, a que não é certamente estranho os critérios anarquistas de João Freire, responsável daquela revista e um reputado investigador da história do anarquismo em Portugal, e também figura de proa na área dos estudos da Sociologia do Trabalho e das Organizações da Universidade Nova de Lisboa.

Estes dados são preciosos e úteis para aquilatarmos do alcance das decisões governamentais e das leis da contra-reforma educativa que estão a ser promovidas pela actual ministra da educação, algumas delas em vias de execução, e que têm merecido uma rejeição generalizada por parte dos professores e educadores.

A contra-reforma em curso plasma-se num conjunto fragmentário de medidas e de diplomas legais que enforma, apesar disso, de um mesmo princípio orientador e institucional e que se concretiza numa transmutação implícita dos tradicionais estabelecimentos de ensino em organizações tutelares das crianças e jovens, não obstante manterem o pomposo nome de escolas.

Na verdade, os objectivos gerais da política educativa nos últimos anos foram sofrendo uma profunda evolução por força do fenómeno da massificação das escolas ( nivelamento por baixo), travestida ( e deliberadamente confundida) com a democratização do ensino ( ou seja, o acesso da população em geral ao conhecimento mais elaborado existente á data, bem como aos mais valiosos bens culturais). Esta conversão perversa, e raramente assumida pelos responsáveis políticos, tem gerado não poucos equívocos e as mais variadas ilusões, para não dizer mistificações, junto de todos os interessados na educação que, sem os esclarecimentos e a clarividência analítica, ficam irremediavelmente desarmados face a uma realidade que escapa à sua inteligibilidade.

Ora esta transformação nos objectivos e nas funções das organizações escolares requer, para o bem ou para o mal, uma mudança a nível organizacional, capaz de oferecer as respostas necessárias aos desafios da massificação escolar. Mas o que se assiste hoje é, paradoxalmente, por via das recentes medidas legislativas sobre a gestão das escolas e da avaliação dos professores, a um regresso aos modelos organizacionais que fizeram escola nos idos tempos da «escola meritocrática», e que se mostram completamente desapropriados face às novas realidades contemporâneas da massificação nos actuais estabelecimentos tutelares em que se converteram as escolas oficiais.

Com efeito, nem a repescada figura central do Director-Reitor, nem a estrutura centralizada e linearmente hierárquica do estabelecimento, nem muito menos as propostas de hetero-avaliação por objectivos dos professores que agora são impostas, têm algo a ver com a nova fisionomia social das organizações «escolares» nas sociedades contemporâneas.

A massificação tutelar, o multiculturalismo, a socialização secundária, a inclusão social são realidades que exigem todo um outro modelo organizativo assente em equipas polivalentes e grupos de trabalho e nunca por nunca um regresso e uma repescagem dos esquemas organizativos de má memória e que são próprios de um modelo escolar ultrapassado que pretendia seleccionar os melhores e formas as elites sociais.

Ao optar por esquemas organizacionais verticais, e por avaliações de professores desfasadas das realidades presentes, por razões que relevam de pura ideologia passadista, a actual ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, não só mostra a sua inépcia para perceber a complexidade das transformações sociais, nomeadamente dentro daquilo que, por força dos hábitos, se designa por «escola», como dá mostras de um extraordinário «no sense» só comparável com a radical contradição de ser uma zelosa ministra de um governo, e ter protagonizado uma inconfessada história pessoal de anarco-academismo.

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Tanta Coisa Não Amadurecida Que Anda Por Aí

Ao contrário do que estava previsto na proposta incialmente apresentada à Associação Nacional de Municípios, as autarquias ainda não vão poder ter qualquer competência em matéria de gestão do pessoal docente.
“Essa transferência não estava amadurecida em termos de reflexão nem do lado das escolas, nem do lado dos municípios. Aguardaremos por uma outra oportunidade para incluir essa matéria nas negociações com os municípios”, declarou Maria de Lurdes Rodrigues.
Por uma vez, um disparate acabou por ser evitado antes de vertido em decreto. Usassem o critério do não amadurecimento para não legislar em matérias controversas e este ME teria evitado muita da verborreia legislativa que correu por aí nestes últimos anos. Mas a agenda eleitoral agora tornou-se uma obsessão, portanto decidiram, por fim, estudar e planear as coisas, antes de agirem.
Quanto à nova oportunidade de negociar, não existam dúvidas: apenas espera o rescaldo das eleições de 2009. Se tiverem as mãos livres, o fruto amadurece ainda em botão de flor.
http://educar.wordpress.com/

Carta aberta ao Procurador-Geral da República

Carta aberta ao Sr Procurador-Geral da República
Ílhavo, 11 de Fevereiro de 2008
Senhor Procurador-Geral da República

Excelência:
Temos assistido, nos últimos tempos, a uma campanha de desmoralização, desautorização e humilhação dos professores.
Esta tentativa de “diabolização” dos professores assenta em duas mentiras:
Primeira - sendo funcionários públicos são gastadores dos impostos de todos os cidadãos (como se eles os não pagassem também);
Segunda - não fazem nada, trabalham pouco, têm muitas férias e os alunos não aprendem.
Debrucemo-nos sobre a segunda porque a primeira não merece a atenção de ninguém minimamente inteligente.
A - Aposentei-me no dia 1 de Novembro do ano passado e só no dia 21 de Janeiro deste ano entrou ao serviço um novo professor para me substituir.
Isto quer dizer que as cinco turmas que eu tinha (quatro do 1º ano dos Cursos de Educação e Formação - CEF e uma do segundo ano dos mesmos cursos) estiveram mais de oito semanas sem aulas de Ciências Físico-Químicas (quatro semanas em Novembro, duas em Dezembro e duas semanas e dois dias em Janeiro).
Isto significa que, no primeiro ano, os alunos perderam, no mínimo, 24 tempos lectivos de 45 minutos cada (três por semana) e no segundo ano perderam, no mínimo, 16 tempos lectivos de 45 minutos cada (dois por semana).
Acresce o facto de no segundo ano a parte lectiva terminar no dia 31 de Maio para os alunos entrarem em estágio no dia 1 de Junho. Como terá de ser cumprido um número fixo de horas predeterminado o novo professor terá de dar aulas na Páscoa, aos sábados e, provavelmente, também aos domingos. Afinal, os professores nem são assim tão maus já que deles até se espera que façam milagres… No fim os alunos passam na mesma e foram quase três meses de vencimento que o governo poupou.
Mas desta falta de respeito que o governo mostra pelos professores, alunos e suas famílias o povo não sabe porque não convém que saiba para não estragar a imagem de sucesso tão querida dos governantes.
Quem pede contas ao governo por mais de oito semanas de aulas perdidas e por mais de dois meses e meio para a substituição de um professor? Quem é responsável por tamanha incompetência? Em que normas, regras, procedimentos, directivas, despachos e portarias esteve retida a simples substituição de um professor? Na classificação do desempenho do governo que nota lhe seria atribuída?
B - Quando os professores começarem a exigir cumprir as 35 horas de trabalho na escola, as escolas ficarão bloqueadas.
De facto, onde está escrito no contrato de trabalho entre o governo e um professor que o seu escritório será uma extensão da escola sem que receba pagamento pelo aluguer? Onde está escrito que terá de usar o seu computador, o seu tinteiro, a sua impressora e outro material no serviço da escola?
Quando os professores começarem a exigir gabinetes para preparem aulas, corrigirem testes, computadores para planeamento de aulas e elaboração de testes e relatórios onde estará o espaço para os albergar?
C - Se a progressão dos professores na sua carreira passar a depender, também, das classificações obtidas pelos alunos, Portugal correrá o sério risco de se transformar na aberração de ser um país só de génios com um QI, no mínimo, igual ao de Einstein.
De facto, qual será o professor que correrá o risco de dizer que, dos seus alunos, cinco, três, ou mesmo um só, não conseguiram transitar de ano? Um professor, tal como qualquer outro mortal, tem uma casa para pagar e uma família para sustentar e se o governo quer que o aluno passe mesmo sem saber, assim será feito.
Cairemos, então, no poço sem fundo da maior mentira e da maior vergonha do ensino público.
Se actualmente, nos CEFs, os alunos podem fazer o que lhes apetecer porque nem as faltas disciplinares assentes em participações relatando os comportamentos impróprios dos alunos aparecem registadas nas pautas, como se nada tivesse acontecido, para que é que hão-de estar com atenção e esforçarem-se nas aulas para aprenderem e assimilarem comportamentos sociais correctos se, no final do ano, o professor irá vender a sua assinatura a troco de pão na mesa? E quem lho poderá levar a mal já que é o governo que para isso o empurra encostando-lhe a faca ao peito?
Quem quer acabar com a dignidade dos professores? Quem quer destruir o ensino público? Quem anda a brincar com os professores, os alunos e as famílias? Quem anda a hipotecar o futuro do País?
Os professores não são, de certeza.
Agradeço que mande alguém investigar.

Grato pela atenção
Domingos Freire Cardoso
Professor aposentado de Ciências Físico-Químicas
Rua José António Vidal, nº 25 C
3830 - 203 ÍLHAVO
Tel. 234 185 375 / 93 847 11 04
E-mail: dfcardos@gmail.com
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terça-feira, fevereiro 26, 2008

Record



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Sosseguem o Primeiro-Ministro! - Os Professores Não Querem o Poder.

Sabe-se agora aquilo que a honestidade intelectual e a ética democrática a todos já fazia prever. Os Professores, ao contrário do que o Sr. primeiro-ministro e a sua maternal ministra da educação querem fazer crer, não são parvos e muito menos são politicamente acéfalos. Pelo contário, constituem a classe profissional em quem os portugueses mais confiam e também aquela a quem concederiam, no País, mais poder.
Quem o diz é a ‘Gallup’, (A Gallup Organization estuda a natureza e o comportamento humanos há mais de 70 anos), na sequência de uma muito recente sondagem por si realizada em 60 países para o ‘Fórum Económico Mundial”(WEF). Acredite, Engº Sócrates, que isto não é blasfémia da oposição e muito menos é o resultado de um qualquer desvirtuado inquérito público ad-hoc encomendado a uma empresa socialista de sondagens. Se me permite, é de honestidade que aqui falo.
De acordo com a sondagem da ‘Gallup’, os professores merecem a confiança de 42 por cento dos nossos concidadãos, enquanto os políticos constituem a classe em quem menos os portugueses confiam, quedando-se estes por uns míseros e vergonhosos (e ainda assim talvez inflacionados) 7 (sete!) por cento. Ou seja, a confiança dos portugueses nos seus políticos não será muito superior àquela que os mesmos depositam nos rafeiros que à noite lhes tiram o sono e com quem de manhã partilham o pequeno-almoço.
Mas ‘Gallup’ diz-nos mais. Também a nível mundial, a ética democrática e a competência profissional dos professores arrasa e vence por ‘K.O.’ a generalizada irresponsabilidade, a vulgarizada mentira, a protegida incompetência e a consentida corrupção de muitos dos políticos de carreira que tendem, após poucos anos no activo e no segredo do seu concluiu corporativo, à fuga – quais hodiernos Pilatos- para a administração de empresas públicas e/ou para outros apetitosos fornecedoras de complementos de reforma pagos pelo cada vez mais descapitalizado fundo de poupança das famílias portugueses.
Por sua vez, os professores são convidados a trabalhar até aos 65 anos de idade, e, enquanto isso, alguns mais ‘entusiastas’ políticos da nossa praça (do tipo Valter Lemos e espécimes afins) serão com certeza requisitados –quais terroristas da democracia- para dinamitar de uma vez por todas a qualidade do ensino público, coisa que os recompensará ou com uma avulsa nomeação política para dirigir uma lucrativa instituição de ensino privado, ou, em alternativa, e sem mais demandas, os brindará com uma terceira reforma, preferencialmente antes dos 65 anos de idade.
Voltemos à sondagem da ‘Gallup’. Também à escala mundial os professores constituem a classe profissional sobre a qual recai a preferência das populações ocidentais para confiar responsabilidades de poder, enquanto os políticos, que detêm artificialmente o poder por força do marketing da geração ‘mudásti’ e dos financiamentos obscuros que os ‘colam ao tecto da soberania nacional’, ficam-se, uma vez mais, no último dos lugares deste ranking.
Verifica-se, ainda, como indicador muito interessante e ao mesmo tempo sobejamente revelador do pântano em que a classe política neo-liberal chafurda, o facto de a diferença entre ambas as classes ser ainda mais acentuada na generalidade do mundo ocidental, aquele no qual competir sem reservas morais e éticas é a palavra de ordem e humanizar e democratizar é coisa tão aberrante que só os professores e mais algumas infames classes profissionais, na sua ‘inocência e boa-fé’, insistem em defender e instigar para mal das predadoras economias mundiais, as quais, ‘naturalmente’, também governam Governos nacionais, sejam eles socráticos ou não.
Agora mais a sério. Face aos dados disponibilizados pela sondagem mundial promovida pela ‘Gallup’, uma outra importante constatação: o neo-liberalismo é, implícita mas implacavelmente, condenado pelos cidadãos do mundo dito desenvolvido. Ao invés, o humanismo, a ética e os valores democráticos, inerentes à profissionalidade docente, arredados que estão do exercício do poder político, são expressamente reconhecidos e enaltecidos nos resultados desta sondagem.
Perguntar-se-á: Será por “inveja” do humanismo e dos valores democráticos, insistentemente cultivados pelos professores, que Sócrates, no seu galinheiro nacional, tenta agora politizar os órgãos de direcção e gestão das Escolas através da inusitada e patética proposta legislativa que indecentemente afasta da direcção das Escolas os professores e abre caminho para a sua partidarização? Não será esta a via mais célere para satisfazer os ensejos dos interesses das grandes multinacionais que no tonto desvario da globalização dos mercados não aceitam compatibilizar produtividade com cidadania? Não será que Sócrates, por encomenda dos seus correligionários europeus e norte-americanos, aceitou o compromisso de impor à escola pública que à democracia faça figas e que à educação para a cidadania diga não?
Não será que, para aquele efeito, urge à desprestigiada classe política nacional manietar maquiavelicamente os docentes, promovendo, tal como Sócrates fez anteriormente no seu círculo (circo) partidário, o tribalismo entre os professores à custa de os por a avaliar entre si o umbigo didáctico-pedagógico de cada um? Não será esta uma requintada fórmula de os afastar das grandes preocupações educativas e pedagógicas actuais, investindo uns de polícias e outros de ladrões a digladiarem-se mutuamente, com o único e exclusivo objectivo de afastá-los da massa crítica nacional e com isso beneficiar a classe política instada no poder? Não será o actual Estatuto da Carreira Docente uma cartilha política que antes de mais visa calar e subjugar os docentes à autocracia das ‘políticas de mercado’?
Termino com umas breves palavras dirigidas à Srª ministra da educação.
Srª Maria de Lurdes, já verificou, com certeza, que desde que é governante deixou de ter, pelo menos, o reconhecimento de 50 por cento dos portugueses? Será que já se apercebeu que a generalidade dos docentes, a quem V. Exª cuida insistentemente de maltratar, está, apesar de todas as muitas e grandes mazelas profissionais, disposta a perdoar toda a sua má-fé e pública difamação desde que a senhora, num acto de nobre sensatez, ouse pedir-lhes desculpa e, ao mesmo tempo, numa atitude mais sábia e sobretudo mais sóbria (o poder embriaga, não é?), abandonar o governo no qual está manifestamente a mais?
Ou seja, saiba V. Exª que ainda tem tempo para recuperar a sua atraiçoada e muito debelada auto-estima política: Demita-se!!! No entanto, antes de o fazer, ouse, em nome da maioria dos professores portugueses e numa última manifestação de respeito e delicadeza para com eles, dar uma ‘merecida bofetada’ ao seu (ex)primeiro-ministro. Talvez Sócrates não desperte do estado letárgico e hipnótico que contamina toda a desprestigiada classe política, contudo, Srª ministra, assista-lhe a coragem e a ética de o fazer, e os professores agradecerão. Os portugueses, pelo que se vê, aplaudirão. Do que espera, Srª ministra? Atreva-se e, como ex-docente, retorne ao seu lugar. Recupere o seu prestígio, Drª Maria de Lurdes, volte ao seu lugar de origem e seja membro da classe em quem os portugueses mais confiam para exercer o poder para o qual V. Exª não tem jeito nem perfil, ao contrário do que Sócrates, um dia, lhe terá enganadoramente dito.
Fernando Cortes Leal
http://sol.sapo.pt/blogs/kosmografias/default.aspx

O fim do mundo lá fora e cá dentro

Um dia, Deus, muito insatisfeito com a humanidade e os
seus pecados, decidiu pôr fim em tudo.


Deus reuniu então todos os líderes mundiais para
comunicar-lhes pessoalmente a sua decisão de acabar
com a humanidade em 24 horas.
Deus disse: " Reuni-vos aqui para comunicar que
extinguirei a humanidade em 24 horas".


E o povo dizia: "Mas, Senhor..."


Nada de MAS…, este é o limite,
a humanidade vai abandonar a Terra para todo o
sempre!

Portanto, voltem aos respectivos Países e digam ao
Povo que estejam preparados.
Têm 24 horas!
O primeiro a reunir o povo foi Bush.

Em Washington DC, através de uma mensagem à nação,
Bush disse:
"Americanos, eu tenho uma boa notícia e uma má notícia
para dar.
" A boa notícia é que Deus existe e que ele falou
comigo. Mas, claro, já sabemos disso.
A má notícia é que esta grande Nação, o nosso grande
Sonho, só tem 24 horas de existência. Este é o desejo
de Deus".


Fidel Castro reuniu todos os cubanos e disse:

" Camaradas, povo Cubano, tenho duas más notícias.
A primeira é que Deus existe... sim, eu vi-o, estava
mesmo à minha frente!!!
Estive enganado este tempo todo...

A segunda má notícia é que em 24 horas esta magnífica
Revolução pela qual tanto temos lutado, vai deixar de
existir."


Finalmente, em Portugal, José Sócrates dá uma
conferência de imprensa:

"Portugueses, hoje é um dia muito especial para todos
nós. Tenho duas boas notícias.
A primeira boa notícia é que eu sou um enviado de
Deus, um mensageiro, porque conversei com ele
pessoalmente.
A segunda boa notícia é que, conforme constava do
Programa do Governo e apenas em 24 horas, serão
Erradicados para sempre o desemprego, o analfabetismo,
o tráfico de drogas, a corrupção, a pedofilia, os
problemas de transporte, água e luz, habitação, nada
de burocracia, e o mais espectacular de tudo: O IVA
vai acabar assim como a miséria e a pobreza neste
País!! O Governo cumpriu tudo o que prometeu!!!"


recebido por mail

Sobre as aulas de substituição

Professores que já taparam "furos" poderão exigir o mesmo Dois tribunais mandam pagar aulas de substituição como horas extraordinárias 21.12.2006 - 07h52 Isabel Leiria Depois dos protestos de professores e alunos, a polémica em torno das aulas de substituição continua. Os tribunais administrativos e fiscais de Castelo Branco e de Leiria deram razão a duas reclamações apresentadas por docentes que exigiram às suas escolas o pagamento destas actividades como trabalho extraordinário. As sentenças contrariam o entendimento do Ministério da Educação (ME) de que a substituição de docentes que faltam não tem de ser remunerada de forma extraordinária. A controvérsia começou em 2005, quando o ME aprovou um despacho que obrigava as escolas a organizar os horários dos professores de forma a que, em caso de falta, imediatamente outros docentes assegurassem a ocupação dos alunos. Em clubes temáticos, salas de estudo ou aulas de substituição, por exemplo. Para isso deviam ter em cada hora uma espécie de bolsa de docentes disponíveis. O problema é que as aulas de substituição previstas no Estatuto da Carreira Docente, que continua em vigor, são consideradas "serviço docente extraordinário". Assim entendem os sindicatos e assim consideraram os juízes que assinaram estas sentenças, de 30 de Outubro e 14 de Dezembro. Já o ME sempre considerou que as substituições só deveriam ser pagas como horas extraordinárias se asseguradas por docentes da mesma disciplina do colega que falta. E se o professor substituto seguisse o plano de aulas. Por todo o país foram vários os docentes que, a partir do momento em que começaram a fazer substituições, exigiram o pagamento dessas horas. Os sindicatos afectos à Fenprof apoiaram alguns desses processos em tribunal e estas são as primeiras duas sentenças que se conhecem, explica Mário Nogueira, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro. Umas delas "já transitou em julgado, pelo que é definitiva". De acordo com o Código de Processo nos Tribunais Administrativos, se houver mais três decisões no mesmo sentido sobre casos "perfeitamente idênticos", todos os professores que tiverem feito substituições poderão requerer a extensão da sentença, ou seja, exigir ao ME o pagamento de horas extraordinárias. Segundo as regras definidas pela tutela, todos os professores dos 2.º e 3.º ciclos e do secundário devem ter na sua componente não lectiva de estabelecimento (trabalho na escola que não dar aulas) uma parte dedicada a actividades de substituição. Os argumentos e a lei Os dois professores em causa apresentaram a primeira reclamação, junto dos conselhos executivos das escolas, no início do passado ano lectivo e interpuseram recurso hierárquico para o ME. Perante o indeferimento, num dos casos, do secretário de Estado Valter Lemos e a ausência de resposta noutro, ambos recorreram aos tribunais, invocando o que está escrito no Estatuto da Carreira Docente. O Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco teve a mesma leitura do estatuto: "A substituição de docentes pela ausência de curta duração é expressamente prevista como "serviço docente extraordinário"." E serviço docente "não se resume e confina ao conceito de leccionar", lê-se na sentença. O Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria rebate ainda outro argumento do ministério, que considerou que o trabalho só pode ser considerado extraordinário e pago como tal, se for um "serviço ocasional e praticado de forma esporádica". Ora, defende o ME, se o cumprimento das aulas de substituição se integra na componente não lectiva, se faz parte das 35 horas de trabalho semanais a que todos os professores estão obrigados e se é comunicado no início do ano lectivo, então não pode ser pago como serviço extraordinário. Diz o Tribunal de Leiria que a substituição só acontece quando falta um professor, pelo que é "sempre ocasional e esporádica". E que não é o facto de estar inscrita no horários dos professores que muda o que determina o Estatuto da Carreira Docente. As sentenças obrigam o ME a pagar 87 euros num caso (relativo a duas substituições) e 67 noutro (por quatro substituições).
Toma lá e embrulha, oh Lurdinhas e Valterzinho! :twisted: :saltos:

Veja-o aqui

http://www.saladosprofessores.com/forum/index.php?topic=7145.0

Aaaaaaahhhhhhhhh!!!!

GAYS, TREMORES DE TERRA & SIONISMO

Os homosexuais são responsáveis pelos tremores de terra que abalaram Israel nestes últimos meses, afirmou no Knesset (parlamento) o deputado Shlomo Benizri.
"O Talmud nos diz que uma das causas dos abalos telúricos é a homosexualidade. Deus disse que agitaria o mundo para vos despertar se agitásseis as vossas partes genitais onde não deveis fazê-lo", declarou aquele deputado do partido Shass.
O partido Shass é presidido pelo rabi Ovadia Yossef. Em 2005 este rabi interpretou o furacão Katrina como uma punição divina infligida aos EUA por haverem pressionado pelo desmantelamento do colonato judeu de Gush Katif. O referido partido dispõe de 12 deputados entre os 120 existentes no Knesset. O seu líder principal é ministro da Indústria, do Comércio e do Emprego.

http://resistir.info/

É a Saúde, estúpido!

Ficou famosa a frase «It’s the economy, stupid», pronunciada em 1992 por Bill Clinton para explicar aos republicanos as razões da sua vitória eleitoral. Com ela queria dizer que as preocupações principais dos norte americanos tinham a ver com o estado da economia e com o modo como este se traduzia no seu bem estar. E por isso uma das suas promessas eleitorais prioritárias era a criação de um sistema de saúde universal, que se aproximasse dos sistemas de saúde da Europa e do Canadá e que acabasse com o escândalo de no país mais rico do mundo cerca de 30 milhões de cidadãos não terem qualquer protecção na saúde. Como é sabido, as grandes empresas da indústria da saúde (das empresas hospitalares, às seguradoras, à indústria farmacêutica e de meios de diagnóstico) moveram uma das guerras mediáticas mais agressivas de que há memória contra a “medicina socialista” de Clinton e a proposta caiu. Hoje são 49 milhões os norte-americanos sem qualquer protecção. Não havendo sistema público senão para os idosos, os trabalhadores dependem da disponibilidade dos patrões para agregarem o seguro ao contrato de trabalho e tal disponibilidade é cada vez mais escassa. Não é, pois, por acaso, que os candidatos do partido democrático, Barak Obama e Hilary Clinton, voltem a pôr no centro dos seus programas eleitorais o financiamento público da cobertura universal dos meios de saúde.

Mais do que irónico é trágico que em Portugal se esteja a tentar destruir aquilo a que o povo norte americano tanto aspira. Mais trágico ainda é que, neste domínio, haja desde 2002, com o governo de Durão Barroso, uma continuidade mal disfarçada entre as políticas do PSD e do PS. Descartada a retórica, os objectivos do ministro da saúde de Durão Barroso, Luís Filipe Pereira, e do ex-ministro Correia de Campos são os mesmos: privatizar o bem público da saúde, transformando-o num lucrativo sector de investimentos de capital (como dizia recentemente um quadro de uma grande empresa de saúde: «mais lucrativo que o negócio da saúde, só o negócio das armas»); transformar o Serviço Nacional de Saúde num sistema residual, tecnológica e humanamente descapitalizado, proporcionando serviços de baixa qualidade às populações pobres da sociedade; definir a eficiência em termos de custos e não em termos de resultados clínicos (levado ao paroxismo pela decisão do ex-ministro socialista de limitar o aumento da produção cirúrgica nos hospitais para não aumentar a despesa); eliminar qualquer participação dos cidadãos na formulação das políticas de saúde para poder impor rápida e drasticamente três palavras de ordem: privatizar, fechar, concentrar; promover parcerias público/privado em que todos os riscos são assumidos pelo Estado e as derrapagens financeiras não contam como desperdício ou ineficiência (já que uma e outra são um exclusivo do sector público).

A Correia de Campos apenas devemos reconhecer a coerência. Desde que passou pelo Banco Mundial assumiu se como coveiro do Estado Social, seja na saúde ou na segurança social. Na Comissão do Livro Branco da Reforma da Segurança Social, a que pertenci, verifiquei com espanto que os seus aliados na comissão não eram os socialistas, eram precisamente Luís Filipe Pereira (que pouco depois quis privatizar a saúde) e Bagão Félix (que desde sempre quis privatizar a segurança social). Alguém se recorda que a criação do SNS em 1979 esteve na origem do abandono por parte do CDS da coligação que sustentava o governo do partido socialista? Portanto, de duas uma, ou o PS abandonou os seus princípios ou Correia de Campos está no partido errado? A sua recente demissão parece apontar para a segunda opção, mas só a política concreta da nova ministra confirmará ou não se afinal não estamos perante a primeira opção.

Para que esta primeira opção não se confirme é necessário que a actuação do governo se paute, por obras e não por palavras, pelos seguintes princípios.

O SNS é um dos principais pilares da democracia portuguesa, e a ela se devem os enormes ganhos de desenvolvimento humano nos últimos trinta anos; qualquer retrocesso neste domínio é um ataque à democracia. O SNS é um factor decisivo da gestão territorial do país (o país não termina a 50 km da costa). O SNS é um serviço financiado por todos, ao serviço e gerido em função dos ganhos de saúde e de modo a eliminar desperdícios. Nos critérios de eficiência, inclui-se a eficiência na vida dos doentes cujo atendimento pontual é fundamental para que não se perca uma manhã num acto médico que dura 20 minutos.

É urgente modernizar o SNS no sentido de o aproximar dos cidadãos tanto na prestação dos cuidados como na gestão dos serviços (participação dos cidadãos e das associações de doentes na concretização do direito à saúde deve ser incentivada). Promover a todo o custo o regime de exclusividade e terminar com a escandalosa promiscuidade entre a medicina pública e privada para que, por exemplo, não se continuem a acumular fortunas fabulosas com base nas listas de espera ou na falta de equipamentos. Promover a estabilidade e as carreiras, apostar na inovação técnica e científica e democratizar o acesso às faculdades de Medicina. E sobretudo tornar claro o carácter complementar do sector privado antes que os grupos económicos da saúde (Grupo Mello, BES, BPN/GPS, CGD/HPP, etc.) tenham suficiente poder para serem eles próprios a definir as políticas públicas de saúde e, portanto, para bloquear quaisquer medidas que afectem as suas taxas de juro. Quando tal acontecer serão eles a dizer: “É a saúde, estúpido!”, a saúde dos seus negócios, não a dos cidadãos estúpidos.
Boaventura de Sousa Santos

http://www.infoalternativa.org/autores/bss/bss081.htm

Frio, frio, frio

Luis de Sousa, investigador do Instituto Superior Técnico, acaba de fazer um diagnóstico correctíssimo do Inverno a partir da situação do Árctico. Excelente.

Começa por referir a rápida recuperação do mar gelado, em Outubro-Novembro de 2007, que vaticinava ondas de frio como as que se vieram a verificar um pouco por toda a parte no Hemisfério Norte.

Salienta que o quase triângulo do Árctico (Pólo Norte, propriamente dito) ganhou espessura de gelo e arrefeceu.

Destaca as consequências em várias regiões. Nomeadamente, as repercussões nos consumos de energia para aquecimento das populações em França e em Espanha.

Depois do mês de Dezembro de 2007 mais frio desde o ano 2000, veio um início de Janeiro de 2008 com temperaturas duras na Grécia e Bulgária.

A Ásia central ficou coberta de neve, afectando o Turquemenistão e o Uzbequistão, o Irão, o Afeganistão e o Paquistão.

Sucederam-se apagões em cascata, devidos a cortes de energia de origem do gás natural, na Grécia e noutros pontos.

A neve em Bagdade foi um acontecimento invulgar. No mesmo dia nevou no norte da Arábia Saudita.

Este tempo agreste provocou mortes (300 no Afeganistão) e feridos não só pelo frio mas também como consequência de avalanches de neve. A Sibéria foi uma região mártir.

Luis de Sousa acompanha a análise com uma bela fotografia da NASA (Fig. 100).

Mas não foram apenas estes espaços aerológicos os visitados pelos anticiclones móveis polares. A América do Norte, no lado do Pacífico e na costa do Atlântico, sofreu consequências dessas visitas. No Iowa bateram-se recordes de frio.

Luis de Sousa acaba por dedicar uma parte importante da sua análise à situação na Índia e na China que é bastante inquietante. As notícias são relatadas pela Al Jazeera e pela Reuters.

O abastecimento de energia na China sofreu cortes aflitivos. É referido um défice de 70 GW (gigawatts, mil milhões de watts), potência equivalente à totalidade do Reino Unido.

Análise deveras interessante a partir da situação do Árctico, origem de todos estes acontecimentos. Este post, com é evidente, deve um grande favor a Luis de Sousa.

Se as autoridades tivessem a percepção de Luis de Sousa em Novembro de 2007 já tinham tomado medidas para defesa das populações.

Adenda: Luis de Sousa forneceu mais elementos sobre a situação na China. Uma carta sinóptica de superfície que mostra o campo das altas pressões estabelecido pelos anticiclones móveis polares e uma carta das temperaturas ao nível do solo. Como salienta o Luis, a situação é deveras preocupante.


http://mitos-climaticos.blogspot.com/2008/01/frio-frio-frio.html

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

CÍRCULO VICIOSO

Sou há muitos anos sócio do Círculo de Leitores, entre outras razões porque obtenho lá livros com melhor apresentação que no comércio a retalho. Mas nos últimos tempos é com mágoa que vejo a escassez de livros de ciência.

No último número da revista do Círculo, o 176, ao encontro uma secção intitulada "O Prazer de Conhecer" com o subtítulo "Ler para aprender, melhorar, transformar" pensei que os livros de ciência estavam de volta. Até porque a imagem mostrava uma pessoa com um ar um pouco pensativo com fórmulas como E=mc^2 no cenário. Mas enganei-me: logo a seguir vem o 1º volume de uma nova colecção intitulada "Mestres Espirituais", que é uma colecção de "livros de esperança, autoconhecimento e experiências espirituais". Esse volume, da autoria do Dalai Lama, intitula-se "O Coração da Sabedoria", estando na calha títulos como "O poder está dentro de si" e "A divina sabedoria dos mestres". Além desta série, há na secção livros como "Bento XVI. Pensamento Ético, Político e Religioso", de Dag Tessore" e, pasme-se, títulos tão interessantes como "Portugal. Terra de Mistérios" e "A alma secreta de Portugal", ambos de Paulo Alexandre Loução (estão errados logo no título, pois Portugal não é terra de mistérios nem tem uma alma secreta). Há ainda outros títulos espantosos como "Machos, há muitos, homens há poucos", "Terapia do Mexerico" e "O Prazer é meu", de autoras sortidas.

O prazer de conhecer? De ciência, não há praticamente nada. Assim vai a edição em Portugal... Não chega a compensar haver uma série "Clássicos da Política", dirigida por Diogo Pires Aurélio (o 1º volume é sobre Platão). Acho que desta vez não vou pedir nenhum livro do Círculo.
http://dererummundi.blogspot.com/

Sem comentários



http://www.rebelion.org/

E as perguntas que vão ficando sem resposta?

Já se percebeu, depois do que o nosso primeiro-ministro disse, que a política não muda só porque muda o ministro (referia-se à Saúde). Portanto, como a política é toda dele, pergunto-me o que o eng.º Sócrates quererá com a trapalhada da avaliação dos professores naquela parte em que são piores professores aqueles que passarem menos alunos? É para os alunos passarem todos, mais uma vez? E, portanto, desautorizar outra vez, e ainda mais, os professores, ou é só desorientação?
E aquela de dificultar o ensino especializado de música aos alunos que querem (e nós, para sermos um país culto, precisamos que muitos queiram!) ser músicos? É para deixar serem músicos só os filhos dos ricos e obrigarem os pobres a não terem veleidades de ter um filho a estudar um instrumento? Isto é alguma estirpe de socialismo geneticamente deformado em aberração, ou é só distracção?
E aquela do eng.º Sócrates querer que o ministro do Ambiente queira que sejam as câmaras a decidir em última instância quais são as zonas de Rede Ecológica Nacional? Com aquilo que temos vindo a ver, vai ser fartar vilanagem!
E aquela de a dr.ª Maria José Morgado – que deve mesmo ser muito boa no que faz porque é sempre chamada para os casos mais complicados e faz mexer as coisas – afirmar que se daria mais celeridade à justiça em Portugal “com informatização”? E a cara com que o eng.º Sócrates deve ter mandado o ministro da Justiça ficar depois de saber perfeitamente que anda pelo país a oferecer computadores aos putos das escolas mas não os dá aos tribunais?
E aquela de se chegar agora à conclusão de que afinal não havia ambulâncias suficientes e suficiente articulação com os bombeiros e suficientes etcs para fechar certas urgências, ao contrário do que o eng.º Sócrates mandou o ex-ministro da Saúde decidir aqui há uns mortos atrás?
E estas são só algumas, poucas, das perguntas que me vêm à cabeça assim de repente …

Creolina – Por José Pedro Gomes
zpgomes@sapo.pt

Da Razão dos Professores e do Défice Democrático Nacional

As manifestações espontâneas de professores que decorreram no presente fim-de-semana em várias localidades do país (Porto, Leiria e Caldas da Rainha), a par daquelas outras que um pouco por todo o lado trazem para as ruas o protesto e a indignação de milhares de cidadãos confrontados com o inexplicável encerramento de serviços sociais fundamentais ou com a sua absurda deslocalização, particularmente os de assistência à doença e protecção à saúde, devem rapidamente ser interpretadas pelos órgãos de soberania nacional como um sério aviso e como um inquestionável sinal da anémica fragilidade sobre a qual se sustenta presentemente a democracia política em Portugal.
É mau -é muito mau- sinal para a democracia política e social portuguesa que, para ilustrar o alegado sucesso do rumo da actual governação, o primeiro-ministro invoque e priorize a “constituição de empresas na hora” e deixe a muitas horas de distância o atendimento a cidadãos em prolongada situação de dor e sofrimento, fechando-lhes, na hora, e quase sem aviso prévio, as urgências hospitalares.
É mau -é muito mau- sinal para a democracia representativa que os nossos governantes entendam que os sindicatos são organizações marginais relativamente aos interesses e às expectativas dos profissionais que estes representam.
É mau -é muito mau- sinal que um crescente número de portugueses queira em Portugal exercer o seu cada vez mais cerceado direito à cidadania e se renda à obrigação de cada vez mais ser consumidor em Espanha. É lamentável que muitos cidadãos portugueses assumam, já sem reservas, que se envergonham dos seus governantes e, com compreensível pudor, até já digam que de Espanha, afinal, já só vêm “bons ventos e bons casamentos(!)” porque maus são os que por cá se fazem violentamente sentir e interesseiramente urdir.
Os perigos para a democracia política portuguesa são já demasiado evidentes. Por um lado, as instituições públicas e a democracia política perdem rapidamente a confiança dos cidadãos, arredando-os do fundamental estatuto democrático de co-autores das decisões políticas fundamentais, e, por outro lado, na ausência de uma visão política de futuro credível para Portugal e perante o insucesso que os indicadores de desenvolvimento económico e social tratam de insistentemente revelar, o governo insiste em governar quase exclusivamente para marcar pontos nas estatísticas da Europa, seja através do infindável combate ao défice público seja mediante a artificial redução dos números do desemprego, do insucesso e do abandono escolares.
Para além da razão que assiste aos professores (a qual se me afigura incontestável, tal como em anteriores crónicas justifiquei), importa sublinhar que a grave crise de representação democrática que vivemos em Portugal, tem como causa primeira a emergência de uma tecnocracia política liderada pelo actual governo socialista, de cariz predominantemente europeísta e vincadamente economicista, de corrosiva natureza partidocrática, de vocação tentacular para com a partidirazação do Estado e prossecutória para com a participação dos cidadãos.
A acção governativa em matéria de educação é, deste perigoso facto, paradigmático exemplo ilustrativo. Senão veja-se:
1. O Ministério da Educação tratou, desde cedo, de desvirtuar e esvaziar de conteúdo democrático os desejáveis e legalmente protegidos processos de negociação com as estruturas representativas dos professores. Para evitar a mediação e a participação dos sindicatos dos docentes em decisões políticas essenciais para a educação, optou por constituir, na boa linha da tradição monárquica mais conservadora, um seu apêndice, o ‘Conselho de Escolas’, o qual, mais do que vocacionado para efectivamente representar junto do Ministério da Educação as escolas, os professores e as preocupações sentidas nos territórios educativos pelos seus actores imediatos e mediatos, se apresenta como um nascituro órgão a quem já se atribui a incumbência de calar a voz de alunos, de professores e de encarregados de educação, e, ao invés do discurso oficial, de às escolas levar a “voz do dono”, configurando-se, assim, como mais uma extensão tentacular deste gigantesco polvo em que se transformou o Ministério da Educação e a política centralista que o rege;
2. O governo socialista aprovou e impôs unilateralmente um estatuto profissional que cumpre a estratégia de dominação preconizada por qualquer neo-maquiavel ou por qualquer conselheiro de Estado norte-americano: dividir para reinar(!). Para tanto fez dividir a carreira docente em duas categorias, através de um incoerente, injusto e absurdo concurso para professor titular. Com ele e com as injustiças por ele geradas, enquanto os professores se entretinham a contabilizar e a fazer prova dos pontos por si amealhados para efeitos de concurso, a ministra da Educação e a sua equipa, preparavam novos e mais requintados normativos para golpear a escola pública. O novo Estatuto do Aluno e o recente modelo de direcção e gestão das escolas constituem deles dois dos muitos exemplos da autocracia tecnocrática instada no governo da nação;
3. De permeio ficam muitas iniciativas unilaterais e outras tantas omissões de que este governo tem sido pródigo autor. Relembre-se que nunca a ministra da Educação teve uma palavra de apreço para com os professores e jamais ousou dar-lhes uma palavra de confiança e de motivação para o seu cada vez mais exigente desempenho profissional. Pelo contrário, para além de os obrigar a cumprir muitas dezenas de horas extraordinárias não remuneradas (dentro e fora das escolas), de lhes aumentar a ansiedade e promover o desenvolvimento de patologias associadas à mais stressante das carreira profissionais (como vários estudos fazem notar), tratou, também, de desbaratar a essência da profissionalidade docente vinculando os professores à obrigatoriedade de assegurar aulas de substituição, quer em prejuízo da natural e desejável socialização entre crianças e jovens, quer em prejuízo de apoios educativos direccionados para os alunos que deles efectivamente necessitam;
4. Como se tudo isto não bastasse, tratou a srª ministra da educação de, mais recentemente, vincular os professores à obrigação de entre si avaliarem (policiarem!) os respectivos ‘umbigos didáctico-pedagógicos’, sendo que, no atabalhoado e ignóbil modelo de avaliação instituído, como condição cimeira para a obtenção da nota ‘Excelente’, os professores não podem ter uma única falta anual e, para alcançar aquela mesma menção ou para a de ‘Muito Bom’, os professores terão de fazer transitar de ano -administrativamente, como implicitamente se pede? - todos os alunos e de implorar aos deuses (não vejo que todos os pais e muito menos os serviços sociais de protecção e apoio aos menores o façam) que nenhum dos seus alunos ouse abandonar as turmas que lecciona.
Enfim, é Portugal e decorre o ano de 2008. A democracia parece esconder-se, cada vez mais, no sebastiânico nevoeiro da política nacional. Talvez um dia, livremente, se ensine nas escolas não só o que foram os anos negros desta longa legislatura, mas, também e sobretudo, se aprenda como ela foi democraticamente desalojada do poder, para que em política se não voltem a cometer estes mesmos erros e não se repitam estes ofensivos tiques autocráticos.
http://sol.sapo.pt/blogs/kosmografias/default.aspx

Contornos de revolta (mesmo)

Quando vejo que as pessoas trocaram a visita ao hipermercado por manifestações espontâneas, sei que estamos perante uma crise social danada.
Enquanto as manifestações servem para retirar democratas dos postos de trabalho, nomeadamente às sextas, estamos descansados. Mas quando as pessoas saem de casa ou do shopping center, durante o fim-de-semana, para ir sacudir lenços brancos para a baixa da cidade, o caso muda.

http://lobi.blogs.sapo.pt/

As fábricas da ideologia

Dentre as instituições que influenciam e moldam as "reformas" efectuadas através do mundo todo, o Banco Mundial contribuiu para forjar um dogma aplicado universalmente. Ele acaba de ser posto seriamente contestado num relatório de avaliação elaborado por um grupo de economistas reconhecidos [1] . Após umas pinceladas, os avaliadores passam aos assuntos sérios: "uma grande parte da investigação é medíocre" ou "tecnicamente deficiente" e o Banco errou ao fundamentar suas tomadas de posições sobre tais "não-demonstrações". Muitos investigadores do Banco "parecem pensar que ferramentas técnicas são suficientes para estabelecer um nexo de causalidade". Muito poucos estudos são conduzidos com investigadores dos países em desenvolvimento não pertencentes ao Banco. O resto impressiona.

Primeiro exemplo destas derivas: as reformas. Toda a argumentação liberal em favor dos fundos de pensão repousa num teorema desta espécie: "uma vez que em geral se espera uma taxa de rendimento financeiro superior à taxa de crescimento, as reformas pela Segurança Social têm necessidade de contribuições mais elevadas para assegurar o mesmo nível de reformas dos fundos de pensões". Conclusão: o sistema pela Segurança Social é menos eficaz. Mas este tipo de raciocínio repousa, segundo o avaliador que o cita, sobre um "erro grosseiro" que nem "um estudante do primeiro ano" cometeria: as reformas mais elevadas que os fundos de pensão poderiam almejar à partida seriam em seguida pagas pela "baixa das reformas daqueles que virão mais tarde".

Segundo exemplo: os trabalhos de David Dollar. Este economista do Banco Mundial é o co-autor de um artigo famoso estabelecendo que o crescimento é bom para os pobres (Growth is good for the poor). O comentário é severo: "Uma boa parte desta linha de investigação sofre de deficiências são graves que os seus resultados estão muito longe de poderem ser considerados como fiáveis". Se esta tese foi avançada é porque ela ia no sentido das posições do Banco ao passo que outros trabalhos, como por exemplo aqueles de Branko Milanovic, outro investigador do Banco Mundial, eram "ignorados". Com certeza: eles mostravam que "é o crescimento que, em geral, conduz à abertura comercial, e não o inverso" e que esta abertura tem efeitos "particularmente desfavoráveis sobre os baixos e médios rendimentos nos países pobres".

Trata-se de mecanismos de filtragem que são descascados por Robin Broad, uma economista que não fazia parte do painel [1] . Ela distingue seis mecanismos principais: recrutamento, desenvolvimento de carreira, selecção dos papéis, desencorajamento dos discursos discordantes, manipulação dos dados e escolha de comunicação para o exterior. Os investigadores que ela interrogou confessavam que não raro que lhes fosse pedido que fizessem uma avaliação "para provar que o programa X funciona". Esta abordagem lança as bases de uma verdadeira sociologia dos centros de investigação em economia que os estudaria enquanto aparelhos de produção, avaliando a força de ataque que representam os batalhões de investigadores pagos para ilustrar as benfeitorias do neoliberalismo.

Estas críticas bem certeiras não impedem as instituições visadas de continuar imperturbavelmente o seu "trabalho". O primeiro relatório da OCDE consagrado à Índia deplora o rigor da legislação do trabalho e sugere "ajustar o nível de protecção do emprego para aumentar o emprego". Nos países da zona euro, a OCDE recomenda "suavizar a legislação relativa à protecção do emprego" e "aumentar a flexibilidade dos salários". E é sem surpresa que o FMI felicita a União Europeia pelas "reformas" dos mercados do trabalho: Dominique Strauss-Kahn terá muito a fazer para dar uma aparência "de esquerda" às suas próximas intervenções.

A longa litania de relatórios estimulados pelo governo francês não escapa ao pouco mais ou menos e ao não importa o que; assim, a ideia da Comissão Attali, segundo a qual a liberalização da grande distribuição permitiria criar "várias centenas de milhares de empregos" tem a ver mais com o guichet do caixa do que com a análise económica. Não há dúvida que é a ideologia dominante que se fabrica nestas verdadeiras centrais de produção e não é inútil revelar o seu modo de produção.
(1) os documentos citados estão disponíveis em http://hussonet.free.fr/mondiali.htm

Michel Husson

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/