Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
Bertlod Brecht
Há pessoas que conhecemos num determinado meio ambiente, perdemos-lhe o rasto, não por intenção mas pelo rumo natural da vida, e acabamos por ouvir falar delas um montão de anos depois num contexto radicalmente distinto.
Acontece com todos nós várias vezes ao longo da vida.
A última vez que me aconteceu foi há dias com a leitura dum artigo de jornal acerca de “A ministra de quem os professores não gostam”.
Já se percebeu que me refiro à actual ministra da educação.
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos era militante anarquista da revista “A Ideia” à qual igualmente pertenci, até ao seu termo. Passou igualmente pelo jornal “A Batalha”. Não lhe conheço nenhum texto escrito com carácter teórico mas ela apresentava-se fundamentalmente como uma militante que está ali para ajudar a resolver questões de ordem prática. É uma das que integrou a equipa que pesquisou a documentação anarco-sindicalista do Arquivo Histórico Social depositado na Biblioteca Nacional. Os materiais constituindo o arquivo estiveram em poder do Centro de Estudos Libertários até 1980 provenientes de dádivas de vários militantes anarquistas. Todo este acervo único veio a ser doado à Biblioteca Nacional.
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
Eram tempos em que dizia que o PS era um “partido burguês”. Já não é?
Mas faça-se a pergunta capital: o que é que leva uma anarco-sindicalista a entrar num governo, seja ele burguês ou não? A resposta da senhora ministra é esta:”O desejo de conciliar interesses, em vez de ignorar que eles existem.”
É uma resposta verdadeiramente extraordinária ou se calhar extra-ordinária. Se esta resposta é sincera só mostra que a Lurdes Rodrigues não percebeu nada de nada sobre o anarquismo: “O desejo de conciliar interesses”? A senhora que disse isto percebe minimamente o que acabou de dizer?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
O anarquismo nunca foi “o desejo de conciliar interesses” e nunca foi “ignorar que eles existem”.
Mas eu não aceito que esta resposta possa ser considerada honesta, intelectualmente falando, da mesma maneira que não aceito, por analogia, aquela resposta de ex-comunistas que justificam o facto de terem sido do partido e pelo partido durante vinte e trinta e mais anos porque não sabiam dos podres do estalinismo.
Inaceitável!
Mas continua: considera que o mais importante é identificar os interesses e depois conciliá-los, embora admita que nem sempre é fácil. Impressionante!
Resposta: Os únicos interesses que podem ser conciliáveis são os interesses comuns!
Os interesses do ministério da educação não são certamente os interesses dos professores. Não são nem nunca foram nem nunca serão! A Lurdes Rodrigues já esqueceu os tempos em que ela foi aluna e professora!
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
No entanto diz que: “Acho que se justifica o desagrado dos professores com a ministra. Também me desagradaria a mim. E desagrada-me mais ainda como ministra. Muitos professores trabalham imenso. No último ano em que ensinei, dava 23 horas de aulas por semana. Tinha 286 alunos. Se viesse um ministro dizer-me, administrativamente: “A senhora agora passa a ter mais xis horas de componente não lectiva” quando a minha componente não lectiva não tem sequer limite, eu não ficava zangada, ficava furiosa.”
Agora é que não estou a perceber: mas o objectivo não era “o desejo de conciliar interesses”? Já não é possível essa conciliação?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
Mas as declarações da agora ministra continuam especificamente sobre o anarquismo. Dirá que guarda, muito clara, a consciência de que está do lado do poder. Desculpe importa-se de repetir? O anarquismo está do lado do poder?? A Lurdes Rodrigues enquanto foi anarquista viveu totalmente enganada. Eu repito: O anarquismo está do lado do poder??
Acrescenta: isso leva-a a ter um maior cuidado, e agora atenção que esta é o máximo, “no respeito pelos pontos de vista do outro” Pois, pois é por isso que ela tem ouvido os professores, não é?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
Por isso a ministra tem sido acusada de falta de diálogo e na universidade era acusada de um certo autoritarismo que é muito difícil de parar…
Lurdes Rodrigues alguém tem que te dizer que isso não tem nada a ver com o anarquismo!
Tudo o resto que é pronunciado também não tem nada a ver com anarquismo ou com anarco-sindicalismo. O político que mais admira dos últimos 30 anos (ou seja, quando ainda era anarquista) é o Mário Soares. Pois claro, mas que resposta óbvia para quem está a fazer fretes ao partido socialista. Por isso também hoje dia 19 de Janeiro almoçou com a comitiva da campanha eleitoral no meio de mais sete ministros do governo para efusivamente apoiar o candidato que já foi presidente quando a Lurdes Rodrigues era supostamente anarquista.
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
O que eu sei é o que eu vou aqui dizer: Quando a Lurdes Rodrigues era anarquista eu também o era. Actualmente a Maria de Lurdes Rodrigues é ministra e eu sou professor e continuo a ser anarquista. Quando o governo a considerar dispensável facilmente será uma peça do puzzle descartável mas eu continuarei a ser professor e anarquista.
“Porém há os que lutam toda a vida
Acontece com todos nós várias vezes ao longo da vida.
A última vez que me aconteceu foi há dias com a leitura dum artigo de jornal acerca de “A ministra de quem os professores não gostam”.
Já se percebeu que me refiro à actual ministra da educação.
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos era militante anarquista da revista “A Ideia” à qual igualmente pertenci, até ao seu termo. Passou igualmente pelo jornal “A Batalha”. Não lhe conheço nenhum texto escrito com carácter teórico mas ela apresentava-se fundamentalmente como uma militante que está ali para ajudar a resolver questões de ordem prática. É uma das que integrou a equipa que pesquisou a documentação anarco-sindicalista do Arquivo Histórico Social depositado na Biblioteca Nacional. Os materiais constituindo o arquivo estiveram em poder do Centro de Estudos Libertários até 1980 provenientes de dádivas de vários militantes anarquistas. Todo este acervo único veio a ser doado à Biblioteca Nacional.
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
Eram tempos em que dizia que o PS era um “partido burguês”. Já não é?
Mas faça-se a pergunta capital: o que é que leva uma anarco-sindicalista a entrar num governo, seja ele burguês ou não? A resposta da senhora ministra é esta:”O desejo de conciliar interesses, em vez de ignorar que eles existem.”
É uma resposta verdadeiramente extraordinária ou se calhar extra-ordinária. Se esta resposta é sincera só mostra que a Lurdes Rodrigues não percebeu nada de nada sobre o anarquismo: “O desejo de conciliar interesses”? A senhora que disse isto percebe minimamente o que acabou de dizer?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
O anarquismo nunca foi “o desejo de conciliar interesses” e nunca foi “ignorar que eles existem”.
Mas eu não aceito que esta resposta possa ser considerada honesta, intelectualmente falando, da mesma maneira que não aceito, por analogia, aquela resposta de ex-comunistas que justificam o facto de terem sido do partido e pelo partido durante vinte e trinta e mais anos porque não sabiam dos podres do estalinismo.
Inaceitável!
Mas continua: considera que o mais importante é identificar os interesses e depois conciliá-los, embora admita que nem sempre é fácil. Impressionante!
Resposta: Os únicos interesses que podem ser conciliáveis são os interesses comuns!
Os interesses do ministério da educação não são certamente os interesses dos professores. Não são nem nunca foram nem nunca serão! A Lurdes Rodrigues já esqueceu os tempos em que ela foi aluna e professora!
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
No entanto diz que: “Acho que se justifica o desagrado dos professores com a ministra. Também me desagradaria a mim. E desagrada-me mais ainda como ministra. Muitos professores trabalham imenso. No último ano em que ensinei, dava 23 horas de aulas por semana. Tinha 286 alunos. Se viesse um ministro dizer-me, administrativamente: “A senhora agora passa a ter mais xis horas de componente não lectiva” quando a minha componente não lectiva não tem sequer limite, eu não ficava zangada, ficava furiosa.”
Agora é que não estou a perceber: mas o objectivo não era “o desejo de conciliar interesses”? Já não é possível essa conciliação?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
Mas as declarações da agora ministra continuam especificamente sobre o anarquismo. Dirá que guarda, muito clara, a consciência de que está do lado do poder. Desculpe importa-se de repetir? O anarquismo está do lado do poder?? A Lurdes Rodrigues enquanto foi anarquista viveu totalmente enganada. Eu repito: O anarquismo está do lado do poder??
Acrescenta: isso leva-a a ter um maior cuidado, e agora atenção que esta é o máximo, “no respeito pelos pontos de vista do outro” Pois, pois é por isso que ela tem ouvido os professores, não é?
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
Por isso a ministra tem sido acusada de falta de diálogo e na universidade era acusada de um certo autoritarismo que é muito difícil de parar…
Lurdes Rodrigues alguém tem que te dizer que isso não tem nada a ver com o anarquismo!
Tudo o resto que é pronunciado também não tem nada a ver com anarquismo ou com anarco-sindicalismo. O político que mais admira dos últimos 30 anos (ou seja, quando ainda era anarquista) é o Mário Soares. Pois claro, mas que resposta óbvia para quem está a fazer fretes ao partido socialista. Por isso também hoje dia 19 de Janeiro almoçou com a comitiva da campanha eleitoral no meio de mais sete ministros do governo para efusivamente apoiar o candidato que já foi presidente quando a Lurdes Rodrigues era supostamente anarquista.
A Lurdes Rodrigues de há vinte e cinco anos atrás não tinha nada a ver com a Maria de Lurdes Rodrigues ministra da educação do governo eufemisticamente chamado de socialista.
Ou será que tem? Ou será que tinha?
O que eu sei é o que eu vou aqui dizer: Quando a Lurdes Rodrigues era anarquista eu também o era. Actualmente a Maria de Lurdes Rodrigues é ministra e eu sou professor e continuo a ser anarquista. Quando o governo a considerar dispensável facilmente será uma peça do puzzle descartável mas eu continuarei a ser professor e anarquista.
“Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis”
Lutarei toda a vida porque quererei ser recordado como imprescindível.
O mesmo não poderei dizer da Lurdes Rodrigues.
Lutarei toda a vida porque quererei ser recordado como imprescindível.
O mesmo não poderei dizer da Lurdes Rodrigues.