quarta-feira, abril 12, 2006

O Poder já mudou de mãos

Os verdadeiros donos do mundo já não são os governos, mas sim, os dirigentes dos grupos multinacionais financeiros e industriais internacionais (FMI, Banco Mundial, OCDE, OMC, bancos centrais). Além do mais, estes dirigentes não são eleitos, apesar do impacto de suas decisões sobre a vida dos povos.
O poder destas organizações se exerce sobre uma dimensão planetária, sendo que o poder dos Estados está limitado a uma dimensão nacional.
Por outro lado, o peso e a influência das empresas multinacionais no fluxo financeiro já superou ao dos estados há muito tempo.
A dimensão multinacional, mais rica que os estados, também principais fontes de financiamento dos partido políticos de todas as tendências e na maioria dos paises, estas organizações, de fato, estão por cima das leis e do próprio poder político, por cima da democracia. Um poder sempre mais desmesurado pelo fenômeno de aceleração das fusões multinacionais.
2 O Empecilho democrático
A democracia tem deixado de ser uma realidade.
Os responsáveis pelas organizações que exercem o verdadeiro poder não são eleitos, e o público não está informado de suas decisões.
A margem de ação dos estados é cada vez mais reduzido pelos acordos econômicos internacionais sobre os quais os cidadãos não tem sido consultados, nem informados.
Todos os tratados elaborados nestes últimos cinco anos (GATT, OMC, AMI, NTM, NAFTA) possuem como objetivo final: a transferência do poder dos estados para as organizações não-eleitas, sobre o processo chamado de “globalização”.
Uma suspensão proclamada da democracia haveria provocado uma revolução. E por isso, foi decidido manter uma democracia de fachada ilusória, e de transferir o real poder para novos centros.
Os cidadãos continuam a votar, porém, seu voto tem sido esvaziado de todo conteúdo real. Eles votam por políticos que não possuem real poder.
É por que já não há nada que decidir que os programas políticos de “direita” e de “esquerda” tem chegado a parecer ou assemelhar-se em todos os países ocidentais.
Para resumir, não temos a eleição do prato, porém, temos a eleição da salada. O prato se chama “nova escravidão”, com salada de direita apimentada ou salada de esquerda agridoce.
3 O desaparecimento da informação

Desde o principio dos anos 90, a informação tem desaparecido progressivamente dos meios de comunicação destinados ao público em geral.
Igualmente como as eleições, os noticiários televisivos continuam a existir, porém, eles tem sido esvaziados de todo conteúdo.
Um noticiário de televisão contém no máximo 2 a 3 minutos de informação verdadeira. O resto está constituído de temas “tipo revistas”, reportagens anedóticas, fatos diversos e reality-shows sobre a vida cotidiana.
As analises periódicas e especializadas, assim como as emissões de informações tem sido praticamente suprimidos.
A informação tem sido reduzida desde a imprensa escrita, lida por uma minoria de pessoas.
O desaparecimento da informação é um sintoma palpável de que nosso regime político tem mudado de natureza.
4 Estratégias e objetivos para controlar o mundo

Os responsáveis do poder econômico provem, quase todos, do mesmo mundo, dos mesmos ambientes sociais. Eles se conhecem, se encontram e compartilham dos mesmos pontos de vista e dos mesmos interesses.
Eles compartilham de forma totalmente natural da mesma visão do mundo ideal para o futuro.
É por isso “natural” que eles se coloquem de acordo sobre uma estratégia sincronizando suas respectivas ações e objetivos comuns, induzindo, por vez, a situações econômicas favoráveis para a realização de seus objetivos, a saber:
Debilitamento dos governos, Desregulação, Privatização dos Serviços Públicos.
Desvinculação total do estado com a economia, incluindo os setores de educação, a investigação, e a longo prazo desvinculação com a policia e as forças armadas, destinadas a converter-se em setores lucrativos para as empresas privadas.
Precarização dos empregos e mantenimento do nível de desemprego elevado, graças as relocalizações e globalização do mercado de trabalho. Isto acrescenta a pressão econômica sobre os trabalhadores assalariados, que estão também dispostos a aceitar qualquer salário ou condições de trabalho.
Redução das ajudas sociais, para incrementar a motivação dos desempregados para aceitarem qualquer trabalho e qualquer nível salarial. Demasiadas ajudas sociais elevadas impelem ao desempregado para fazer pressão eficaz sobre o mercado de trabalho.
Impedir o aumento de reivindicações salariais nos paises do Terceiro Mundo, mantendo regimes totalitários e corruptos. Se os trabalhadores do Terceiro Mundo forem melhor remunerados, isso quebraria o principio mesmo das relocalizações e da força que elas exercem sobre o mercado de trabalho e sobre a sociedade nos paises desenvolvidos. Isto é, então, um aspecto ou chave estratégica essencial que deve ser preservada a qualquer preço. A famosa “crise asiática” de 1998 foi provocada com o objetivo de preservar e proteger esta chave.
5 Os atributos do poder

As organizações multinacionais privadas se dotam progressivamente de todos os atributos e poder dos estados: redes de comunicação, satélites(1), serviços de informação, base de dados pessoais, instituições judiciais (estabelecidas pela OMC e o AMI, acordos graças aos quais uma multinacional poderá demandar a um estado perante uma corte de justiça internacional especial.
A etapa seguinte e última para estas organizações será a de obter um poder militar e policial que corresponda a seu novo poderio, criando suas próprias forças armadas, posto que as forças armadas e policiais nacionais não estão adaptadas para a defesa de seus interesses no mundo.
A longo prazo, as forças armadas estão chamadas a ser ou se converter em empresas privadas, prestadoras de serviços, trabalhando mediante contratos com os estados, e igual a qualquer cliente capaz de pagar pelos seus serviços. Porém, a última etapa deste plano, são as forças armadas privadas que servirão aos interesses de grandes empresas multinacionais, e atacaram os estados que não queiram submeter-se as regras da nova ordem econômica.
No entanto, este papel é assumido pelas forças armadas dos Estados Unidos, o país melhor controlado pelas empresas multinacionais.
(1) No transcurso dos próximos cinco anos, a Microsoft lançara 288 satélites de comunicação que constituirão a rede TELEDESIC. Outras empresas multinacionais se alistam para criar redes de satélites de comunicação similares. Satélites de observação privados já se encontram em órbita. Duas sociedades comercializam imagens de alta resolução de qualquer lugar do planeta suscetíveis de interessar aos compradores.
(2) Numerosas empresas criadas nestes últimos anos (principalmente nos Estados Unidos) estão especializadas na compilação de informações sobre as pessoas, oficialmente para fins comerciais. Porém, estas bases de dados privados começam a reunir milhões de perfis individuais preciosos de consumidores distribuídos no conjunto dos países ocidentais. A informação contida nestas bases de dados pessoais é vendida a qualquer um que as deseja comprar.
6 A verdadeira realidade do dinheiro

Hoje em dia, o dinheiro é essencialmente virtual. Tem por realidade uma seqüência de 0 e 1 nos computadores dos bancos. A maioria do comércio mundial se desenvolve sem papel-moeda, e somente 10% das transações financeiras cotidianas correspondem a intercâmbios econômicos no “mundo real”.
Os mercados financeiros constituem, eles mesmos, um sistema de criação de dinheiro virtual, de lucro baseado na geração de riqueza real. Graças ao jogo dos mercados financeiros (que permitem transformar em utilidades as oscilações das taxas de cambio), os investidores mais ágeis podem ser declarados mais ricos, por uma simples circulação elétrica nos computadores. Esta criação de dinheiro sem a criação de riquezas econômicas corresponde a definição da criação artificial de dinheiro. O que a lei proíbe aos falsificadores de dinheiro, a ortodoxia econômica liberal proíbe aos estados, é possível, permitido e legal para um numero restringido de beneficiários.
Se queremos compreender o que é realmente o dinheiro e ao que serve, é suficiente intervir ao velho dito popular:: “ o tempo é dinheiro”.
O dinheiro é tempo
O dinheiro é o que permite comprar o tempo dos outros, o tempo que tem sido necessário para produzir os produtos e serviços consumidos.
O dinheiro, o tempo e os escravos - Tecnicamente, o dinheiro é uma unidade de cálculo intermediário para intercambiar tempo contra tempo, sem que o tempo de uns e de outros possam ser comparados diretamente. Porque cada conversão de dinheiro e o tempo se fazem sobre a base de uma estimativa subjetiva, que varia segundo a relação de força econômica e de informação entre o comprador e o vendedor.
Na prática, esta relação de força é sempre desfavorável ao consumidor assalariado.
Quando um individuo médio compra um produto, ele paga o tempo que foi necessário para fabricar este produto a um preço muito mais elevado que o salário cobrado que corresponde a uma fração equivalente a seu próprio tempo.
Por exemplo, se um produto é produzido em 2 horas por 20 assalariados (incluindo o tempo dos assalariados dedicados a sua comercialização e o trabalho dos equipamentos utilizados), o salário de cada assalariado por essas 2 horas deveria ser igual a 1/20 do preço do produto, quer dizer 500 $us (ou Euros) se o produto vale 10.000 $us (ou Euros). O que faz um salário horário teórico de 250 $us (ou Euros). Para a maioria dos assalariados, estamos longe dessa situação.
Quando um assalariado ocidental dá 10 horas de seu tempo, ele recebe somente o equivalente a 1 hora. Para um assalariado do Terceiro Mundo, a relação cai a 1.000 horas contra uma.
Os beneficiários do tempo roubado dos assalariados são as empresas, porém, também, os estados desde o momento em que deduzem impostos e taxas que não são utilizados no interesse geral.
Este sistema é a versão moderna da escravatura.
7 O ponto irreversível e de inflexão ecológica está a ponto de ser franqueado

É evidente que começamos a nos enfrentar aos limites ecológicos da atividade econômica.
Um sistema econômico liberal, cujo objetivo é a busca de lucro a curto prazo por interesses particulares, não leva em conta os custos a longo prazo da degradação do meio ambiente.
Os modelos econômicos atuais são igualmente inaptos para estimar a um justo valor a “produção” da natureza, indispensável para a nossa sobrevivência: produção de oxigênio, fixação de gás carbônico pelos bosques e oceanos, regulação da temperatura, proteção contra os raios solares, reciclagem química, repartição das chuvas, produção de água potável, produção de alimentos, etc.
Se nossos modelos econômicos integrassem o custo real da destruição da natureza, da contaminação, das modificações climáticas, isto modificaria radicalmente nossa estimativa do que é “rentável” e do que não é.
A produção da natureza tem sido avaliada em 55.000 Milhões de dólares por ano por um grupo de cientistas do Institute for Ecological Economics de la Universidad de Maryland en 1997.
8 A destruição da natureza é intencional

O desaparecimento da natureza é inevitável, porque é desejado pelo novo poder econômico.
Porque?
Por 3 razões:
O desaparecimento da natureza e o aumento da contaminação vão converter aos indivíduos ainda mais dependentes do sistema econômico para a sua própria sobrevivência, e vão permitir a geração de novas formas de lucro (particularmente com o consumo crescente de medicamentos e serviços médicos...).
Além do mais, a natureza constitui uma referencia de outra ordem, a do universo. A contemplação da beleza e da perfeição desta ordem é considerada subversiva: ela encaminha o individuo a recusar a fealdade das zonas urbanizadas, e a duvidar da ordem social que deve permanecer como sua única referencia. A urbanização do meio ambiente permite alocar as populações num espaço totalmente controlado, e onde o individuo está totalmente imerso numa proteção de ordem social.
Em fim, a contemplação da natureza incita ao sonho e intensifica a vida interior dos indivíduos, desenvolvendo sua própria sensibilidade, assim como seu livre arbítrio.Eles deixam então de estar fascinados pelas mercadorias, e se desvia dos programas de televisão destinados a idiotizar e a controlar sua mente e espírito. Liberado de suas cadeias, os indivíduos começam a imaginar outra sociedade alternativa, fundada sobre outros valores que não sejam o lucro e o dinheiro.
Tudo o que pode levar os indivíduos a pensar e a sobreviver por eles mesmos é potencialmente subversivo. O perigo maior para a ordem social é a espiritualidade porque isso encaminha o individuo a comover seu sistema de valores e então, seu comportamento, em detrimento de seus valores e comportamentos precedentemente implantados pelo condicionamento social. Para a estabilidade da “nova ordem social”, tudo o que pode estimular seu despertar espiritual deve ser eliminado.
9 As alternativas de última hora

Para não serem excluídos definitivamente do jogo, os contra-poderes ao poder econômico (sindicatos, associações de consumidores, movimentos ecológicos) devem responder sobre o mesmo nível de organização, a nível mundial e não em nível nacional, unificando e sincronizando suas ações, a escala de grupos de estados influentes que possuem peso suficiente nos fluxos econômicos mundiais.
Lhes resta pouco tempo para reagir, por que todos os elementos o instrumentos de controle necessários a uma futura ditadura mundial tem sido implementados sendo totalmente operativos.
10 2000 anos de historia

No percurso destes últimos milênios, a civilização haverá passado por quatro eras sucessivas marcando quatro formas de poder político:
A era das tribos - Poder exercido segundo a força (e menos sobre a base da sabedoria e o cohecimento. Como nos grupos de animais, o poder é exercido pelo "macho dominante".
A era dos impérios e dos reinos - Poder hereditário. Nascimento da noção de estado.
A era dos estados-nações - Era aberta pela monarquia parlamentaria na Grã Bretanha em 1689, pela revolução francesa em 1789, e pela fundação dos Estados Unidos. Num estado-nação, o poder não é mais hereditário, porém, exercido por dirigentes que supostamente representam o povo, e designados mediante eleições (estado-nação democrático), ou pelo sistema de cooptação no senso de um partido único (estado-nação totalitário).
A era dos conglomerados econômicos - Era inicializada a partir de 1954, colocada em prática no percurso dos anos 70 e 80 e plenamente operacional desde os anos 90.
O poder já não é de tipo representativo ou eletivo, e não está localizado geograficamente (contrariamente as tribos, aos reinos e aos estados-nanções).
É exercido diretamente por aqueles que controlam o sistema financeiro e a produção mercancias. Os instrumentos deste poder são o controle da tecnologia, da energia, da moeda, e da informação. Como todo novo poder, este se firma sobrepondo-se ao poder precedente, condenado a desaparecer. Enfim, este novo poder é global, mundial e planetário. Não possui alternativa nem escapatória. Constitui um novo nível de organização da civilização, uma espécie de super-organismo.
Os grandes problemas ecológicos, econômicos e sociais tem se convertido em planetários, e sua resolução passa efetivamente pelo surgimento de uma forma de poder global. Assim mesmo, a unificação do mundo pela economia e o declive dos estados-nações tem sido decidido em parte por uma nobre causa: tornar impossível uma nova guerra mundial, a qual, na era atômica, significaria o fim da civilização.
Porém, a pergunta é saber a serviço de que objetivos e de que interesses este poder global deve ser, ou por quem deve ser exercido, e por quais contra-poderes deve ser controlado e equilibrado.
A mundialização (ou “globalização”) não é negativa em si mesma.
Potencialmente, pode permitir o estabelecimento de uma paz mundial duradoura e uma melhor gestão dos recursos. Porém, se segue sendo organizada para o beneficio de uma elite e se ela conserva sua orientação neo-liberal atual, ela não tardará em engendrar um novo tipo de autoritarismo, a conversão dos seres vivos em mercancias, a destruição total da natureza, e das formas inéditas de escravidão.

Para meditar...

Segundo Informe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD):
As 3 pessoas mais ricas do mundo são tão ricas como os 48 países mais pobres.
A riqueza das 84 pessoas mais ricas do mundo supera o produto interno bruto da China com seus 1,2 Milhões de habitantes.
As 225 pessoas mais ricas dispõe de uma fortuna equivalente ao ingresso anual acumulado de 47% do total de indivíduos mais pobres do planeta, quer dizer mais de 3 Milhões de pessoas.
Segundo o mesmo órgão das Nações Unidas, seria suficiente menos de 4% da riqueza acumulada destas 225 maiores fortunas mundiais (avaliado em mais de 1.000 Bilhão de dólares) para dar a toda a população do planeta aceso as necessidades básicas e aceso aos serviços elementais: saúde, educação, alimentação.
Outras:
122 empresas estão na origem de 80% de todas as emissões de dióxido de carbono.
Para sua fabricação, um Iate de luxo requer 200.000 horas de trabalho, quer dizer 96 anos de trabalho de uma pessoa (8 horas por dia, 5 dias por semana). Assim, então, com o que ganha em uns quantos dias; um milionário pode apropriar-se da vida inteira de outro ser humano humano.
Nos Estados Unidos, os 100 mais importantes chefes de empresa (Gerentes) ganham cada um uma média 1000 vezes mais que seus empregados "ordinários"
A fortuna pessoal de Bill Gates é igual a fortuna acumulada de 106 milhões de americanos mais pobres...
Em 2002, George W. Bush decidiu um aumento dos gastos militares de 40 Milhões de dólares. Somente este aumento representa exatamente aa quantidade de dinheiro necessário para resolver definitivamente o problema de fome no mundo. (segundo estimativas da ONU)
www.cuidardoser.com.br/sobre-o-poder.html

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